Conhecer Cabo Frio foi uma deliciosa surpresa. Estávamos em Arraial do Cabo e resolvemos fazer um bate e volta à principal cidade da região dos Lagos, no estado do Rio de Janeiro. E não me arrependi.

Cabo Frio é uma cidade de 230 mil habitantes com excelente infraestrutura. É limpa, agradável, amigável ao pedestre, tem praias de águas cristalinas e o belíssimo Canal do Itajuru. Não é à toa que ela é conhecida como a “Princesinha do Atlântico”. Além disso, tem muita história e que começa mesmo antes da sua fundação em 1615, quando tribos tupinambás já habitavam a região.

  • Cabo Frio está localizada a cerca de 160 km do Aeroporto Santos Dumont (SDU), na cidade do Rio de Janeiro, e a apenas 13 km de Arraial do Cabo. O trajeto entre a capital e o Cabo Frio leva cerca de três horas de carro e de Arraial do Cabo são apenas 15 minutos. Também é possível chegar a Cabo Frio através do aeroporto de Cabo Frio (CFB), que fica a 11 km da cidade.

Neste artigo, apresentamos um roteiro de 1 dia por Cabo Frio pelas suas principais atrações. Entretanto, você pode e deve passar muito mais tempo por lá. O percurso foi feito a pé. Confira!

Roteiro

1. Praia do Forte

Praia do Forte, Cabo Frio, Rio de Janeiro, Região dos Lagos

A Praia do Forte é a principal praia de Cabo Frio, de areia branquinha e águas cristalinas, localizada ao lado do Forte de São Mateus. É uma praia imensa com 7 km de extensão, contendo trechos de águas mais calmas e trechos com muitas ondas, que costumam ser frequentados por surfistas. Há algumas barraquinhas na praia para venda de comidas e bebidas.

Na alta temporada, finais de semana e feriados, a praia fica lotada em algumas áreas (não tanto quanto as praias de Arraial do Cabo). Entretanto, como a Praia do Forte é muito ampla, sempre haverá um espaço para os banhistas.

Se você não gosta de se banhar, pode simplesmente caminhar pela agradável calçada que margeia a praia.

Se você só quer sombra e água fresca, recomendo ficar num dos quiosques nas proximidades do Forte de São Mateus, uma área coberta por muitas árvores. Uma água de coco ali cai muito bem! Nessa área, a água do mar é um pouco mais escura, mas o contraste das cores torna a paisagem ainda mais bonita.

2. Forte São Mateus

Forte São Mateus, Cabo Frio, Rio de Janeiro, Região dos Lagos

Forte São Mateus (ou Forte de São Mateus de Cabo Frio) é uma atração que “conta” um pouco da história de Cabo Frio.

Construído entre 1617 e 1620 numa ilhota rochosa na extremidade da Praia do Forte, tinha por objetivo proteger a costa dos ataques de franceses, holandeses e ingleses que invadiam a região em razão da imensa quantidade de pau brasil que existia por ali no século XVII.

Substituiu o antigo Forte de Santo Inácio do Cabo Frio, localizado numa ilhota da Lagoa de Araruama, e considerado excessivamente vulnerável aos ataques. Serviu para a consolidação do domínio português na região e assegurou a criação dos primeiros núcleos de povoamento.

Como todas as fortalezas portuguesas, era composto por uma estrutura de alvenaria de pedra e cal, no formato de um polígono quadrangular irregular. Era composto por 7 canhões (alguns foram retirados) e de 5 cômodos: a casa de pólvora, o quartel dos soldados, a sala do comandante, a cozinha e a prisão.

Sua localização era estratégica, pois controlava o trânsito no mar e o acesso ao Canal do Itajuru, evitando que embarcações “inimigas” adentrassem o interior.  Na costa, havia 88 postos de vigia entre Cabo Frio e o Rio de Janeiro, que se comunicavam através de tiros. Os canhões do Forte São Mateus não eram capazes de abater as embarcações inimigas, mas serviam para alertar as tropas da invasão.

No século XIX, como várias epidemias assolavam Cabo Frio, o Forte São Mateus foi usado como um lazareto, ou seja, um local de isolamento de doentes com moléstias infecto-contagiosas (1889 – 1920).

Vista a partir do Forte São Mateus, Cabo_Frio, Rio de Janeiro

Como quase todos os monumentos históricos brasileiros, o Forte passou por períodos de abandono e de restauração. Foi tombado pelo Patrimônio Histórico em 1956 e, mais recentemente, começou a ser administrado pela Prefeitura de Cabo Frio. Hoje é um espaço cultural e é um dos monumentos mais visitados da cidade.

Quando visitamos o Forte de São Mateus (dez/2021), havia uma pequena sala com algumas fotos e um cartaz contando a história da Confederação dos Tamoios. Outras salas estavam em obras. Ou seja, o espaço cultural precisa melhorar! De qualquer forma, a visita vale a pena, pois a vista do forte é belíssima.

A entrada é gratuita e a atração está aberta das 8h às 18h.

3. Mirante do Forte

Vista do Mirante do Forte, Cabo Frio, Rio de Janeiro, Região dos Lagos

Ao lado do forte, encontra-se uma prainha com alguns barcos de pescadores, onde você também pode observar algumas gaivotas. À esquerda, uma leve subida te leva ao Mirante do Forte, onde você consegue ter uma incrível vista do Canal do Itajuru, suas águas azuis e as diversas embarcações que por ele passam.

  • O Canal do Itajuru é um canal de 6 km que liga a Lagoa de Araruama ao Oceano Atlântico. Era também conhecido como Canal da Lagoa de Araruama.

Em verdade, no Mirante do Forte, há vários “mirantes” para você observar a região sob diferentes ângulos. Há, inclusive, uma escadaria que o leva até o canal e é usada por alguns pescadores.

4. Bairro da Passagem

Arquitetura Colonial, Bairro da Passagem, Cabo Frio, Rio de Janeiro

Pense num lugar agradável, limpo, bem cuidado e tranquilo. Este é o bairro da Passagem em Cabo Frio, localizado às margens do Canal do Itajuru. A partir do Mirante do Forte, basta pegar a Av. Almirante Barroso e seguir adiante. Virando à direita, você tem acesso à orla.

O bairro da Passagem é o “berço” da cidade de Cabo Frio. Foi onde surgiram os primeiros núcleos populacionais da cidade a partir do século XVII. Também é considerado um dos bairros mais antigos do Brasil.

A denominação Passagem deve-se à existência no local de um porto às margens do canal de Itajuru, ponto de embarque e desembarque de mercadorias, incluindo o tráfego de escravos e do pau-brasil, abundante nas matas nativas da região” (fonte: Clique Diário).

Posteriormente, o comércio mudou-se para o (atual) centro de Cabo Frio e o bairro da Passagem ficou ocupado, principalmente, por pescadores.

Restaram muitas construções em estilo colonial, ruas de paralelepípedos e uma belíssima orla. Caminhar por essas ruas e apreciar as edificações é “obrigação” de todo visitante. Hoje em dia, você encontra muitos bares, restaurantes e pousadas no bairro. Quando voltar a Cabo Frio, definitivamente, quero me hospedar por lá!

Pier na Orla do Bairro da Passagem, Cabo Frio, Rio de Janeiro

Dentre as atrações que não podem deixar de ser visitadas, encontra-se a Capela de São Benedito, que foi construída por escravos no século XVIII em louvor a seu padroeiro, São Benedito. Após as orações, os escravos se reuniam na praça em frente à igreja para a prática da capoeira. Convém lembrar que aos negros não era permitido frequentar as mesmas igrejas dos brancos. O conjunto do Largo de São Benedito e adjacência foi tombado por sua importância arquitetônica, histórica e cultural em 2002 (saiba mais).

Entrada para o Beco do Príncipe, Cabo Frio, Rio de Janeiro
Outra atração imperdível é o Beco do Príncipe. Trata-se de um casarão construído pela família Orleans e Bragança em 1958 no bairro da Passagem. Após a construção, a família foi informada que não poderia edificar toda a área do terreno, pois parte dela consistia uma servidão de passagem utilizada pelos pescadores locais. Diante do equívoco, parte do terreno foi desapropriado e construiu-se um arco que ficou conhecido como “Beco do Príncipe”.

5. Ilha do Japonês

Travessia para a Ilha do Japonês, Bairro da Passagem, Cabo Frio, Rio de Janeiro

A Ilha do Japonês é uma ilha localizada no final do Canal do Itajuru. Seu nome provem de um homem que viveu na ilha e que tinha traços orientais, chamado Itso Kawawa, nascido em Yokohama, Japão (fonte: Fully.com.br). A ilha é envolta por praias de águas azuis e cristalinas. No local, não há restaurantes ou outras facilidades para os visitantes, mas estas você encontra bem perto, no continente.

Alguns consideram a Ilha do Japonês o lugar mais bonito de Cabo Frio. Infelizmente, não conseguimos visitar, mas você facilmente poderá incluir essa ilha em seu roteiro pela cidade.

O acesso é feito por meio de “taxi-lanchas” que partem do Bairro da Passagem (ponto de referência: Hotel Solar do Arco). A tarifa custa R$ 20 por pessoa (ida e volta). Não esqueça de combinar com o seu barqueiro o horário de retorno.

6. Seguindo para o centro

Rua Arborizada em Cabo Frio, Rio de Janeiro

A partir do Bairro da Passagem, pegamos a Av. Nossa Senhora da Assunção em direção ao centro de Cabo Frio. Neste caminho, as construções são mais modernas, mas o bairro continua bonito, limpo, agradável e arborizado.

Arte de Rua em Cabo Frio, Rio de Janeiro

Virando à direita na Rua Hildebrando Assunção, retornamos à orla do Canal de Cabo Frio. No caminho, me chamou bastante atenção as pinturas nas paredes de uma edificação.

7. Praia de São Bento

Praia de São Bento, Canal do Itajuru, Cabo Frio, Rio de Janeiro

Ao lado de uma calçada de pedras portuguesas, na Rua Mal. Floriano, encontramos a Praia de São Bento. É uma praia de água doce, com uma pequena extensão de areia, mas muito agradável e pouco movimentada. Quando visitamos, apenas uma família aproveitava aquela tranquilidade no seu guarda-sol.

8. Almoço no Boulevard São Bento

Boulevard São Bento, Várias Opções de Restaurantes, Cabo Frio, Rio de Janeiro

É hora do almoço. Continuando pelas margens do canal, encontramos um Boulevard com várias opções de restaurantes, hamburguerias, lanchonetes e sorveterias.

Vários restaurantes estão bem avaliados no Tripadvisor, dentre os quais:

  • Tia Maluca (nota 4/5)
  • Zé da Picanha (nota 4/5)
  • Brasileiríssimo (nota 5/5)
  • Majará do Canal (nota 4/5)
  • Galeto do Zé (nota 4/5)
  • Picolino (nota 4,5/5).

Gostamos bastante do Restaurante Brasileiríssimo. Não é uma “experiência gastronômica”, mas os pratos são bem servidos e a comida estava boa. O preço era razoável e fomos bem atendidos.  O melhor de tudo é a vista para o Canal.

9. Praça Porto Rocha

Praça Porto Rocha, Cabo Frio, Rio de Janeiro

A Praça Porto Rocha é a praça central de Cabo Frio. Nela há um coreto que foi revitalizado pela Prefeitura. É lá, também, que costuma ser montada uma árvore de Natal, nas festividades de final de ano. Nos arredores, há vários estabelecimentos de comércio: farmácias, supermercados, bancos, lojas de roupas etc.

10. Igreja Nossa Senhora da Assunção

Igreja Nossa Senhora da Conceição, Cabo Frio, Rio de Janeiro

O que mais chama a atenção na Praça Porto Rocha é a Igreja Matriz Nossa Senhora da Assunção, que começou a ser edificada em 1663, quando o núcleo urbano de Cabo Frio começou a se deslocar do bairro da Passagem para o centro atual (fonte: Wikipedia). Construída em estilo barroco, é uma igreja pequena, simples, mas muito bonita. Sem dúvida, vale a visita!

11. Office Café Centro

Após o almoço, que tal um cafézinho? Paramos rapidamente na Office Café Centro, a poucos metros da igreja. A cafeteria é aconchegante e tem boas opções de cafés, bolos e doces. Os preços são razoáveis. Um expresso, p. ex., custava R$ 5. Além disso, nada melhor que aproveitar um pouquinho do ar condicionado naquele calor de Cabo Frio.

Muitos elogiam as opções veganas e low carb desta cafeteria. O atendimento foi excelente.

12. Morro da Guia

Vista do Canal do Itajuru a partir do Morro do Guia, Cabo Frio

O Morro da Guia é, literal e figurativamente, o ponto alto do nosso roteiro. Além de ser um dos cartões-postais de Cabo Frio, é o lugar ideal para se ter uma visão panorâmica da cidade. Imperdível! De lá, você não consegue ver as praias de Cabo Frio, mas pode apreciar a paisagem urbana da cidade e o belo cenário do Canal do Itajuru.

Vista do Canal do Itajuru a partir do Morro do Guia, Cabo Frio

A entrada fica ao lado do MART – Museu de Arte Religiosa Tradicional (onde funcionava o antigo Convento dos Anjos), na parte baixa, bem próxima à Ponte sobre o Canal do Itajuru.

A subida do morro é moderada. Vá no seu ritmo! A caminhada é de 5 a 10 minutos. O acesso é feito por uma rua de pedras ou por uma escada lateral.

No topo, você encontra a imponente bandeira do Brasil (12 m²), um deck de madeira, vários mirantes (com vários ângulos da cidade), um jardim e a Capela Nossa Senhora da Guia.

Capela Nossa Senhora da Guia, Morro do Guia, Cabo Frio, Rio de Janeiro

A Capela Nossa Senhora da Guia foi construída em 1740, no estilo barroco, pelos frades franciscanos com o objetivo de ter um local de oração e contemplação da natureza. O local escolhido foi excelente! Em 1957, a capela foi tombada pelo Patrimônio Histórico.

Reza a lenda que a imagem de Nossa Senhora da Guia possuía um altar dedicado a ela no convento de Nossa Senhora dos Anjos, no Largo Santo Antônio. Mas quando a imagem era colocada lá, misteriosamente aparecia no dia seguinte em cima do morro, que fica atrás do antigo convento. Após várias tentativas, foi feita a “vontade” da santa e ergueu-se uma capela em cima do monte, que em 1740, passou a ser chamado de Morro da Guia” (fonte: cabofrio.rj.gov.br).

Quando visitamos o Morro da Guia, infelizmente, a capela não estava aberta, mas aproveitamos para descansar um pouquinho na sua entrada.

13. Rua dos Biquinis

Rua dos Biquinis, Cabo Frio, Rio de Janeiro

A Rua dos Biquínis é um calçadão coberto, localizado no bairro Gamboa, onde concentram-se várias lojas de biquínis. Confesso que não me lembro de ter conhecido outra rua com tantas lojas de biquínis. Os preços não são baratos, mas, numa ou noutra loja, você encontra alguma promoção. Não há lojas de roupas masculinas. De qualquer forma, acho que vale a pena dar uma passeada por lá, nem que seja só para dar uma volta e se proteger do sol.

Para chegar à Rua dos Biquínis a partir do Morro do Guia, basta atravessar a ponte sobre o Canal do Itajuru. São 5 minutos de caminhada. A rua está bem sinalizada.

E o nosso roteiro termina aqui, na Rua dos Biquinis, a partir de onde pegamos um Uber de volta ao nosso hotel em Arraial do Cabo.

Conclusão

Cabo Frio é uma cidade com excelente infraestrutura, limpa e muito agradável. O nosso roteiro permite que você conheça as principais atrações apenas caminhando pela cidade (com exceção da Ilha do Japonês).

O trajeto levou cerca de 5 horas, já considerando o almoço. Não foi considerada a visita à Ilha do Japonês. Essa é apenas uma estimativa, pois cada viajante tem seu ritmo de caminhada e também pode gastar mais tempo em cada ponto no caminho. 

Obviamente, há, ainda, outros pontos que merecem ser visitados se você tiver mais tempo, tais como, a Praia das Conchas, a Praia do Foguete, a Praia das Dunas e a Ilha dos Papagaios. Só não reclame da água fria!

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