O Museu da Porsche é um museu de automóveis localizado no distrito de Zuffenhausen, nos subúrbios de Stuttgart, na Alemanha, onde se encontra a sede da Porsche. Se você é apaixonado por carros esportivos, considere inclui-lo em seu roteiro de viagem.
Aberto em 2009, o Porsche Museum conta com uma arquitetura futurista na qual se destaca a bela fachada de vidro. A edificação é suportada por apenas 3 colunas em formato de V, fazendo com que a estrutura pareça flutuar tal como um monólito sobre o solo.
Em frente ao museu, na Porscheplatz, uma pequena rotunda localizada no complexo da Porsche em Zuffenhausen, chama atenção uma escultura com três pilares em formato de V. Cada uma das peças tem veículos Porsche 911 no topo.
História de Ferdinand Porsche e sua empresa
É impossível falar sobre a Porsche sem falar de seu fundador: Ferdinand Porsche, um engenheiro automobilístico conhecido pelos projetos inovadores, mas cujo passado nazista acaba por obscurecer a sua genialidade.
Ferdinand Porsche nasceu na Bohêmia em 1875, filho do mestre funileiro Anton Porsche. À época, a cidade onde nasceu (Maffersdorf – atualmente Vratislavice nad Nisou, na República Tcheca) pertencia ao Império Austro-Húngaro. Desde criança, Ferdinand demonstrou grande aptidão pelo trabalho mecânico. Passou a ter aulas na Escola Técnica Imperial, enquanto ajudava o seu pai na oficina à noite (fonte: Wikipedia).
Aos 18 anos, Ferdinand Porsche vai para Viena, onde assume o cargo de mecânico na empresa Vereinigten Elektrizitäts AG. Nessa empresa, desenvolveu o famoso motor elétrico de cubo de roda. Em 1899, Porsche vai para as fábricas Lohner, na época, a maior fabricante de carruagens da Áustria. Ali, ele projeta o primeiro automóvel híbrido e também o primeiro veículo com tração 4×4 do mundo. Em 1906, Porsche deixa a Lohner e vai trabalhar como projetista chefe para a Austro-Daimler em Wiener Neustadt (fonte: Porsche.com).
Em 1909, nasce seu filho “Ferry” Porsche que, futuramente, o ajudaria a fundar a empresa e assumiria a direção da companhia após 1945.
Após o final da Primeira Guerra Mundial, com o desmembramento do Império Austro-Húngaro, Porsche assumiu a nacionalidade Tchecoslovaca.
Em 1923, ele segue para Stuttgart que, à época, já era um importante centro automobilístico da Alemanha. Em 1931, fundou a Porsche, na época, uma firma de projetos e consultoria em veículos e motores. Seu escritório de engenharia ficava na Kronenstraße 24, no centro de Stuttgart, bem próximo à Estação Central de Trem. O prédio ainda está lá. Ali, ele trabalhava com 20 funcionários e com o filho Ferry. Nesse período, a Porsche passou a prestar serviço para diversas outras empresas, como a Wanderer, Zündapp e NSU. Não havia ainda veículos com a marca Porsche.
Ferdinand Porsche e o Nazismo
Em 1933, Adolf Hitler queria criar o “carro do povo” (Volkswagen), popularizando o acesso aos veículos motorizados na Alemanha. Quem recebeu essa incumbência foi Ferdinand Porsche, considerado pelos nazistas como um “grande engenheiro alemão”. Entretanto, Hitler considerava os tchecos “sub-humanos”. Em 1934, Porsche abdicou da nacionalidade Tchecoslovaca junto ao Consulado do país em Stuttgart e nacionalizou-se alemão. Porsche ingressou no partido nazista em 1937 e foi membro da SS chegando ao grau de SS-Öberführer (fonte: Wikipedia). No tocante ao carro do povo, Hitler queria um veículo básico que pudesse transportar dois adultos e três crianças a 100 km/h sem usar mais de 7 litros de combustível por 100 km. Estava idealizado o nosso fusca (na Alemanha conhecido como Käfer e, em outros países, como Beagle), que acabou sendo desenvolvido apenas em 1938, com a construção da fábrica da Volkswagen em Fallersleben (hoje Wolfsburg). É famosa a foto de Porsche ao lado de Hitler na fundação. Foi também em 1938 que a empresa Porsche mudou-se para Zuffenhausen, distrito de Stuttgart, onde permanece até os dias atuais. Durante a Segunda Guerra Mundial, Porsche ficou responsável pelo projeto e construção de tanques de guerra. Sua fábrica passou a ser bombardeada pelos aliados. Em razão disso, em em 1944, Porsche realocou a sua empresa para Gmünd, na atual Áustria.
O trabalho forçado de estrangeiros na fábrica da Porsche |
Durante a Segunda Guerra Mundial, a empresa fez uso de trabalhos forçados de estrangeiros de várias nacionalidades. Jan Karolczak, polonês, começou a trabalhar na empresa aos 21 anos e contou sua história. Sua cidade, Krotoszyn, na Polônia, foi ocupada pelos nazistas. Em Fevereiro/1942, recebeu uma ordem do serviço de emprego alemão designando-o para o trabalho. Seguiu para Stuttgart com outros 20 poloneses. Karolczak conta que dormia numa construção fria e suja e que passava os seus dias montando virabrequins. Para isso, recebia apenas 60 marcos. Os trabalhadores deviam usar em suas roupas um “P” que não significava Porsche, mas Polonês. Dessa forma, não eram admitidos em locais como cinemas ou até mesmo em abrigos antiaéreos. A propósito, durante os bombardeios aéreos aliados, os trabalhadores eram obrigados a permanecer na fábrica para, caso houvesse algum incêndio, estivessem prontos para apagá-lo. Nesse caso, eles recebiam 1,5 marco. Karolczak lembra de haver trabalhadores forçados de várias nacionalidades: holandeses, marroquinos, franceses, italianos e até mesmo mulheres russas. Fonte: Nils Klawitter, The Dark Pre-History of the World’s Favorite Sports Car. |
O Pós-Guerra
Terminada a guerra, Porsche foi para a França, onde foi preso juntamente com seus filhos, acusados de crimes de guerra. Seu filho Ferry foi libertado após 6 meses, mas Ferdinand permaneceu preso até 1948.
Nesse período, Ferry assumiu a empresa e lançou o primeiro veículo com o emblema oficial da Porsche. Foi o Porsche 356, produzido em Gmünd, na Áustria. O retorno à Zuffenhausen só se deu em 1950. Ferdinand morreu em 1951. Desde então, a empresa cresceu e passou a ser uma das principais produtoras de modelos esportivos do mundo. Atualmente, é uma sociedade anônima que integra o grupo Volkswagen. A Porsche AG possui 35 mil empregados e produz 280 mil automóveis por ano.
Exposição e Estrutura do Museu
O museu da Porsche conta com um espaço de 5.600 m2 de exposição. São basicamente dois pisos e dois mezaninos. Além da exposição, o edifício dispõe de restaurante, cafeteria, loja de souvenirs e estacionamento no subsolo.
A exposição busca contar um pouco da história da Porsche, desde o desenvolvimento dos primeiros carros até os atuais. São mais de 80 veículos expostos que incluem carros antigos, veículos de competição (especialmente, da Formula 2 e da Le Mans), tratores, SUVs e até carros de polícia. Mas, o que o visitante mais vai encontrar são veículos esportivos. Alguns deles são belíssimos! Vide, por exemplo, o Porsche 918 Spyder (foto de capa).
Para cada veículo exposto, há uma placa contendo informações técnicas como ano de fabricação, tipo de motor, velocidade e potência.
Além dos veículos, há alguns espaços de interação para os visitantes, tais como, aceleradores, botões para dar partida em veículos, dois simuladores, autorama e a alguns veículos em que é possível entrar.
Recentemente, foi instalado também um Touch Wall, que é uma tela tocável de 12 metros de comprimento onde os visitantes podem ver mais de 3.000 fotografias, desenhos, posters e anúncios relacionados à Porsche, proporcionando ao visitante fazer uma viagem no tempo.
Logo na entrada, o visitante pega uma escada rolante imensa que o permite ter uma visão panorâmica do museu. A exposição é dividida nos setores abaixo, sendo que cada um ressalta alguma característica ou qualidade da marca Porsche.
Prólogo
O setor Prólogo é dedicado a apresentar os marcos da vida de Ferdinand Porsche. São expostos veículos desenhados por Porsche, mas produzidos por outras companhias, tais como, o Fusca (Käfer), o Austro-Daimler ADR Bergmeister e o Egger-Lohner-Elektromobil – P1.
Com direção por eixo dianteiro e um motor elétrico na parte traseira de uma carruagem Lohner, o veículo elétrico “Egger-Lohner C.2” é considerado o primeiro produzido por Ferdinand Porsche. Rodou pelas ruas de Viena pela primeira vez em 26 de junho de 1898. Era conhecido internamente como “P1”.
Light
O setor Light destaca a relação entre peso e potência dos veículos.
Clever
O setor Clever busca destacar as soluções inteligentes adotadas pela Porsche e os seus desafios tecnológicos.
Fast
O setor fast destaca a rapidez dos veículos de competição da Porsche, incluindo a sua aerodinâmica e controle. Um veículo suspenso e invertido ilustra que sob uma velocidade de 320 km/h o carro pode, em teoria, decolar.
Powerful
O setor Powerful destaca os motores de alto desempenho da Porsche.
Consistent
O setor Consistent ressalta a linha consistente de veículos da Porsche, como a do 911, passando de geração a geração.
Sound Showers
O setor Sound Showers contém equipamentos de interação destinados à simulação dos sons de diferentes motores.
Tours Especiais
Além de conhecer o Museu da Porsche por conta própria, o visitante tem outras opções de tours guiados, inclusive, para as linhas de montagem da Porsche. Mas, via de regra, deverá fazer reserva com antecedência. Para maiores informações sobre os tours das linhas de montagem, entre em contato por e-mail: factorytours@porsche.de.
Abaixo, alguns tours que podem ser interessantes.
Open Museum Tour
Nesta visita guiada, você conhece a história da empresa desde 1875 até os dias atuais. A primeira pessoa a registrar-se no caixa do museu, no dia da visita, decide o idioma do passeio (dependendo da disponibilidade). Esse tour ocorre às 11hs e às 15hs. O preço do Open Museum Tour é de 5,80 Euros por pessoa, não incluído no preço o ingresso para o museu.
718/911 Factory Tour
Nesse tour, você conhece a linha de montagem do Porsche 911 e dos modelos 718 Boxster e Cayman. Dependendo da época, também é possível conhecer a montagem das versões de competição do 911. Em regra, o turista visita a linha de montagem do conjunto principal, do conjunto do motor boxer e do estofamento.
O tour parte do foyer do museu. Você pode reservar este passeio em particular ou em um grupo misto com outros visitantes. O preço do tour é de 9,70 Euros por pessoa nos tours abertos. Nos tours privados, o preço é de 146 Euros para até 15 pessoas. A idade mínima dos participantes é de 8 anos.
Taycan Factory Tour
Nesse tour, o visitante conhece a linha de montagem do Taycan, o primeiro Porsche totalmente elétrico. O percurso deste passeio, entre o museu e a oficina de pintura, é parcialmente feito de ônibus.
O tour parte do foyer do museu. Você pode reservar este passeio em particular ou em um grupo misto de visitantes. O preço do tour é de 14,60 Euros por pessoa nos tours abertos. Nos tours privados, o preço é de 219 Euros para até 15 pessoas. A idade mínima dos participantes é de 8 anos.
Porsche Drive
No Museu da Porsche, é possível alugar e usufruir de um veículo Porsche por no mínimo 3 horas. O preço do aluguel é a partir de 193 Euros e varia conforme o modelo do veículo e o período de locação. Importante mencionar que a locação só é feita para maiores de 25 anos com, no mínimo, 5 anos de licença para dirigir.
Na entrega do veículo, é necessário apresentar a Carteira Internacional de Habilitação, bem como, a Carteira Nacional de Habilitação. A reserva pode ser feita no site Porsche Drive. Não deixe de ler atentamente os termos e condições da locação. O aluguel dos veículos Porsche também pode ser feito em outras cidades e países.
Informações Úteis
Como chegar?
O Museu da Porsche está localizado no distrito de Zuffenhausen a 10 minutos de trem da Estação Central de Stuttgart. Para chegar, você pode descer na estação de S-Bahn Neuwirtshaus (Porscheplatz) por meio das linhas S6 ou S60, que fica ao lado do museu.
De metrô, a estação mais próxima é a Salzwiesenstraße (U15). Descendo nessa estação, basta fazer uma caminhada de 12 minutos (950 metros) pela Strohgäustraße até o museu.
Como estava hospedado em Zuffenhausen, fui para o museu a pé.
Horário de Funcionamento
O museu está aberto das 9 às 18 horas, de terça a domingo. A última entrada ocorre às 17h30. O museu costuma ficar aberto nos feriados, exceto no Natal e no Ano Novo.
Ingressos
A entrada custa 9,70 Euros para adultos e 4,80 Euros para estudantes, aposentados, desempregados e pessoas com necessidades especiais. Há também descontos para quem visita o museu a partir das 17hs (evening ticket).
Visita Virtual
Saiba que é possível fazer uma visita virtual ao Museu da Porsche? Clique aqui, mas não se esqueça de habilitar o Adobe Flash Player 9 no seu navegador.
Mais Informações
Para maiores informações sobre a visitação ao museu e os tours guiados (exceto os da fábrica), mande um e-mail para: info.museum@porsche.de.
Vale a pena visitar o Museu da Porsche?
Para quem é aficionado por carros, vale a pena visitar o Museu da Porsche. Entretanto, para leigos, como é o meu caso, tenho sinceras dúvidas.
Os carros são expostos, mas sem grandes explicações sobre seu projeto, fabricação e desenvolvimento. De fato, achei o museu muito pouco educativo. As placas ao lado de cada veículo continham apenas algumas informações técnicas o que torna a visitação até mesmo um pouco monótona. Confesso que aprendi muito pouco ao visitar esse museu.
Pela estrutura do museu, observa-se que ele está mais dedicado a promover a marca Porsche do que trazer algum conhecimento aos visitantes. Não há também um roteiro de visitação bem definido.
Ademais, o museu não é tão interativo quanto promete. São poucas as estações interativas e as atividades, com raras exceções, são um tanto sem graça (p. ex. ouvir um ronco de motor).
Uma crítica importante ao museu é a falta de mea-culpa em relação ao seu papel e de seu fundador durante o nazismo. Segundo Nils Klawitter, diferentemente da Volkswagen, que permitiu uma investigação sobre o trabalho forçado durante a época nazista (leia o Relatório), a Porsche preferiu manter-se em silêncio. A empresa costuma minimizar o número daqueles obrigados a trabalhos forçados. |
Quem visitou o Museu da Mercedes Benz em Stuttgart, acabou preferindo-o em relação ao Museu da Porsche.