O município de Cunha, no estado de São Paulo, está localizado na região do Alto Paraíba, entre as Serras do Mar, da Bocaina e Quebra Cangalha. Situado a 1.100 metros de altitude [a cidade mais alta do Brasil, Campos do Jordão, fica a 1.639m do nível do mar], suas colinas e montanhas possuem um clima agradável o ano todo, um verão ameno, podendo apresentar temperaturas negativas no inverno.
Sua economia é baseada na pecuária leiteira e de corte, na produção de pinhão, cogumelos Shitake e truta, além do tradicional artesanato em cerâmica.
Um passeio por Cunha garante provar uma deliciosa culinária, explorar as riquezas naturais e participar de muitos festivais religiosos e culturais.
Um roteiro de fim de semana pela cidade pode variar de acordo com os seus interesses. A seguir, você confere nossas impressões dos lugares que visitamos, bem como dicas extras para personalizar sua viagem! Divirta-se!
Sobre Cunha, leia também:
Um pouco de história…
Cunha e a Revolução Constitucionalista
Durante a Revolução Constitucionalista de 1932, Cunha tornou-se um ponto estratégico para as forças federais que buscavam atacar as posições paulistas no Vale do Paraíba.
Em julho de 1932, os arredores de Cunha foram ocupados por fuzileiros navais desembarcados em Paraty/RJ. Moradores das redondezas fugiram para as matas ou refugiaram-se em cavernas, enquanto suas casas foram saqueadas e seus bens confiscados (fonte: Lima, Luiz Octavio de. 1932: São Paulo em Chamas. São Paulo: Planeta do Brasil, 2018).
Nesse contexto, um morador da região, o agricultor Paulo Gonçalves dos Santos, conhecido como “Paulo Virgínio”, se destacaria. Havia levado sua mulher e seus cinco filhos para um esconderijo. Em 27 de julho de 1932, ao sair para buscar alimento para sua família foi capturado pelas forças federais.
Luiz Octávio de Lima conta o desfecho trágico do agricultor:
“Conhecido como Paulo ‘Virgínio’, por causa do nome de seu pai, uma figura popular na região, o caboclo de barba curta e atitude humilde havia deixado o esconderijo no meio da tarde de 27 de julho a fim de tentar conseguir algum alimento para sua família. Por volta das 16 horas, ele foi abordado por uma patrulha getulista, composta pelo Tenente Ayrton Teixeira Ribeiro, os sargentos do Exército Juvenal Bezerra Monteiro, Roque Eugênio de Oliveira e Ascendino Paiva e o fuzileiro naval Raymundo Jerônimo. Eles o interrogaram sobre a localização dos voluntários vindos de São Paulo. O rapaz disse desconhecer a informação. Mesmo sob ameaças, suportando tapas e socos, ele manteve por horas a sua afirmação.
No início da madrugada, os federais o amarraram ao tronco de uma árvore e passaram a açoitá-lo com um cinto de couro para arrancar dele uma confissão. Paulo Virgínio manteve-se irredutível. Depois de algumas horas de tormento, os invasores trouxeram uma panela com água fervente e ameaçaram queimá-lo. O trabalhador não se intimidou e o grupo cumpriu a promessa, despejando o líquido sobre suas costas.
O dia já amanhecia e, como Paulo Virgínio permanecia firme, os algozes mandaram que ele escolhesse um lugar para abrir uma cova, onde disseram, pretendiam enterrá-lo depois de submetê-lo a um pelotão de fuzilamento improvisado. Deram a ele uma pá, e, sob a mira de armas, o lavrador encontrou forças para obedecer a ordem. Terminada a terrível tarefa, viu qualquer esperança de sair vivo dissipada quando, à beira da sepultura, teve os fuzis inimigos apontados para sua direção. Conta-se que antes de receber a carga de 18 tiros, Paulo Virgínio teria dito uma frase celebrizada nas crônicas futuras sobre o episódio: ‘Morro, mas São Paulo vence'”.
Em razão dessa barbaridade, os militares foram denunciados à Justiça Militar em 1933, que os absolveu por falta de provas quanto à autoria, embora a prova colhida nos autos teria constatado a existência do delito (confira a Ação Penal 3190/1933).
Paulo Virgínio tornou-se Mártir da Revolução Constitucionalista e foi construído um monumento em sua homenagem às margens da Rodovia SP-171, que liga Guaratinguetá a Cunha, que também passou a se chamar Rodovia Paulo Virgínio.
Dia 1
Sugiro começar o dia cedo, visitando alguma das cachoeiras. Infelizmente, como estávamos com minha mãe, já idosa, priorizamos outras atividades, mas deixo aqui as 4 principais cachoeiras que você pode visitar:
- Cachoeira do Mato Limpo,
- Cachoeira do Desterro,
- Cachoeira do Pimenta e
- Canto das Cachoeiras
Ainda em Cunha, também é possível visitar a Cachoeira do Jericó, a Cachoeira Paraibuna, a Cachoeira da Barra e a Cachoeira dos Pilões. São cachoeiras mais afastadas e de acesso um pouco mais difícel. Aqui, você encontra algumas informações sobre elas.
Cachoeiras próximas a Cunha
1. Cachoeira do Mato Limpo
A Cachoeira do Mato Limpo é uma cachoeira às margens da rodovia SP-171, localizada entre o Lavandário e o Mirante da Estrada. Dizem que é impossível não vê-la, mas eu não vi! Trata-se de uma pequena queda d´água em que é possível molhar os pés ou tomar uma ducha rápida. A maioria das pessoas estaciona no recuo da estrada e faz uma parada rápida apenas para bater uma foto.
2. Cachoeira do Pimenta
A Cachoeira do Pimenta é a mais famosa da região e, por isso mesmo, fica bem cheia aos finais de semana.
Saia da Rodovia Paulo Virgínio para a Av. Lavapés (a que vai levá-lo ao centro da cidade). São cerca de 14 km do centro de Cunha, sendo 4 km de asfalto e 10 km de estrada de terra em condições razoáveis. Entretanto, são vários trechos de subida e descidas íngremes, tornando o percurso mais demorado.
Possui uma queda d´água de 70 metros e três lances de cachoeira, além de um poço bem gostoso para o banho. Uma trilha lateral leva à primeira queda e, acima dela, há uma barragem onde é captada a água que abastece a cidade de Cunha.
Não deixe de visitar o Museu da Energia que conta a história do desenvolvimento da energia elétrica em Cunha.
O local conta ainda com uma pequena infraestrutura com lanchonete e sanitários.
3. Cachoeira do Desterro
O acesso à Cachoeira do Desterro é feito pela Estrada do Monjolo, a mesma que dá acesso à Cachoeira do Pimenta, sendo que na bifurcação, você deve ficar à esquerda. São também 4 km de asfalto e 8 km de estrada de terra em condições aceitáveis, apesar das íngremes subidas e descidas. Não se intimide com a porteira fechada! A cachoeira fica numa propriedade privada mas o acesso é gratuito. Lembre-se apenas de fechar a porteira.
Uma pequena trilha de 300 metros, margeando o rio, o leva até a cachoeira com uma queda de 12 metros e um delicioso poço para banho. A cachoeira é menos frequentada que a do Pimenta, por isso, a maioria dos turistas a tem preferido.
Fique atento, pois não há nenhuma infraestrutura no local.
4. Canto das Cachoeiras
Localizado na saída km 56,5 da Rodovia Paulo Virgínio, com apenas 2,5 km de terra, o Canto das Cachoeiras é um espaço de preservação e contato com a natureza. Aberto em 2019, possui diversas trilhas, mirantes e cachoeiras em meio à Mata Atlântica. As trilhas são bem sinalizadas, as cachoeiras tem acesso fácil e tudo é muito bem cuidado. Ouvi vários elogios à simpatia dos funcionários e à qualidade da comida.
O Canto das Cachoeiras funciona todos os dias das 9h às 17h e seu bistrô serve almoço e lanches das 12h às 15h. É possível reserva um café da manhã típico de fazenda aos finais de semana. A entrada custa R$ 15,00.
Atrações da Estrada Cunha-Parati
São 5 as principais atrações da estrada Cunha – Parati, além das plantações de lavanda. As distâncias entre as atrações não são grandes, portanto, não há a necessidade de seguir uma ordem. Ademais, todas elas tem a culinária como principal atrativo.
Escolha a opção que mais o agrada e vá encaixando as outras conforme for passando por elas. Infelizmente, não havia espaço no estômago para provar todas as delicias oferecidas.
1. O Olival
O Olival é uma plantação de oliveiras e um famoso Bistrô às margens da rodovia SP-171.
Em 2013, iniciou-se o plantio de oliveiras para produção de azeites em Cunha. Ao som de música clássica, os 1.300 pés de oliveira e algumas outras frutas, são embalados diariamente!
Parte-se do pressuposto de que a música organizada pode entrar em ressonância com frequências de oscilação natural das folhas, afetando o estado energético das clorofilas e aumentando, consequentemente, a fotossíntese (fonte: O Olival).
Não sei se as plantas realmente gostam, mas, para o visitante, é uma delícia. Nossa alma é invadida por uma sensação de paz e alegria.
Infelizmente, a colheita ainda é insuficiente para a produção do azeite e, portanto, os produtos vendidos na lojinha são de produtores parceiros e apenas enriquecidos com as ervas produzidas no local.
Além de passear pelo olival, você pode visitar a horta, a plantação de shimeji e o minhocário. Você também pode agendar uma visita guiada com degustação de 1 azeite extra virgem. O tour dura aproximadamente 40 min e custa R$ 25,00. Geralmente ocorre aos finais de semana às 11h e às 16h.
Outra opção é a análise sensorial de azeites. A experiência tem duração de 1h30m, um custo de R$ 35,00 e também ocorre aos finais de semana às 16h30m. Para maiores informações, clique aqui.
Para finalizar, o local também possui um pequeno restaurante (Bistrô) com mesas ao ar livre. É necessário agendamento. Quando visitamos o Olival, o restaurante estava bem cheio e um pouco desorganizado. Ouvimos algumas pessoas reclamando da demora. Antes de agendar, sugiro ler com calma as avaliações do TripAdvisor.
2. Fazenda Aracatu
No km 56 da Rodovia Paulo Virginio, está a Fazenda Aracatu, onde você vai encontrar o verdadeiro sabor da roça. No local, é possível degustar e comprar queijos finos (feitos a partir do leite de vacas da raça Jersey), ovos, produtos a base de pinhão e muitas outras delícias feitas no forno a lenha.
Os sorvetes são uma delícia, bastante encorpados. Vale a pena experimentar!
3. Cervejaria Caminho do Ouro
Fizemos uma parada rápida apenas para conhecer a produção da Cervejaria Caminho do Ouro, entretanto, não foi possível. No final da loja, havia apenas uma parede envidraçada que nos permitia ver os enormes toneis de alumínio. Não havia nenhuma explicação.
De qualquer forma, a vista do restaurante da cervejaria é incrível. É possível fazer a degustação da régua de 4 (R$ 19,90) ou 6 cervejas (R$ 29,90) em copinhos de 180ml. Optamos por não almoçar no local, pois, segundo os comentários do TripAdvisor, a comida era apenas OK. Se você já foi lá, conte para nós as suas impressões!
4. Moara Café
O Moara Café, localizado no km 57 da Rodovia Paulo Virginio, tem um ambiente muito agradável. São várias mesinhas ao ar livre, num ambiente florido e muito bem decorado. É possível também comprar algumas delícias para levar para casa, além de apreciar e comprar o artesanato local.
Paramos nele para poder visitar o monumento a Paulo Virginio (confira a história acima), que fica bem na frente do estabelecimento. Aproveitamos para tomar um café (R$ 6,00) e descansar um pouco. Além das bebidas, são servidos sanduiches, omeletes e tortas salgadas e doces.
5. Casa do Strudel
A Casa do Strudel, localizada no Km 50,2 da Estrada Paulo Virginio, é uma ótima opção para tomar um café e apreciar um delicioso strudel. Infelizmente, não visitamos, mas, é super bem recomendada no site TripAdvisor, sendo considerada a 3ª melhor doceria de Cunha.
O destaque fica por conta do Apfelstrudel com sorvete de creme que serve 2 pessoas e do strudel de shitake, tudo isso em um ambiente intimista e acolhedor.
Visitando as plantações de lavanda: Lavandário ou Contemplário?
As lavandas eram utilizadas pelos romanos para lavar roupas ou para tomar banho devido às suas propriedades calmantes e relaxantes. Achei que, ao entrar em uma plantação, o cheiro estaria no ar. Ledo engano! Aprendi que o cheiro vem das folhas e não das flores e que, caso você queira senti-lo, deve mexer nas folhas!
Outra curiosidade é que a principal espécie de lavanda plantada em Cunha floresce o ano todo, diferente dos famosos campos de lavanda da Provença, na França. Por isso, em qualquer época do ano que você visite Cunha, poderá conhecer os campos.
São duas as plantações de lavandas que você pode conhecer em Cunha: O Lavandário e o Contemplário. Falo abaixo um pouquinho de cada um, mas adianto que eu preferi o Contemplário.
É um pouco difícil dizer o porquê, pois ambos são belíssimos! Talvez o conjunto do Contemplário, com sua imensa árvore de flores amarelas que nos recepciona da entrada, os jardins bem cuidados e as demais plantações, tenham me encantado mais. O fato de não estar tão lotado e ter um ambiente mais intimista, com algumas áreas isoladas para meditação, também ajudou.
O Lavandário
Localizado no Km 56 da Estrada Cunha-Paraty, o Lavandário é a principal atração turística de Cunha, ficando bastante lotado durante o por do sol. Se você chegar cedo, poderá estacionar dentro do complexo. Caso contrário, há um estacionamento externo e você terá que subir a pé uma generosa rampa até chegar aos campos de lavanda.
O local possui mais de 40 mil pés de lavanda, sendo que mais de 10 mil já estão florescendo. As flores são usadas para produzir óleos essenciais, saches, sais de banho e cosméticos (à venda na loja). Também são utilizadas para aromatizar o azeite e na culinária.
Experimentamos o sorvete de lavanda (R$15,00). A cor é linda, mas não gostei do sabor. Não sei explicar que gosto era aquele, mas é o mesmo gosto do cheiro. Sem sentido essa explicação, né?
É possível fazer massagens que variam de R$ 60,00 (20 min de massagem nas mãos) a R$ 220,00 (45 min de massagem no corpo) ou participar de vivências. Infelizmente, esse programa de vivência que dura 3 horas e consiste em aprender mais sobre plantar mudas de lavanda, realizar a poda e acompanhar a destilação do óleo essencial, está suspenso devido à pandemia. No futuro, lembre-se de reservar pelo site.
O Lavandário fica aberto de sexta a domingo das 10h até o por do sol. O acesso é permitido até as 16h30. O ingresso custa R$ 15,00 (idosos pagam meia e crianças menores que 12 anos não pagam).
Contemplário
O Contemplário fica localizado no Km 61,5 da Rodovia Paulo Virginio, após um curto percurso em estrada de terra.
Aparentemente os campos são menores mas, o lugar é tão bem cuidado e a energia é tão incrível que a vontade é ficar por lá apreciando a vista. As lavandas não ficam cercadas, então dá uma sensação de maior proximidade! Além disso existem vários decks de observação que são muito gostosos.
Eu fiquei apaixonada por uma arvore enorme amarela logo na entrada do local! Acho que tirei mais fotos dela que das lavandas!
No local, a lavanda e outras plantas aromáticas são destiladas e com o óleo são produzidos sabonetes, aromatizadores e velas. O de capim verde é uma delícia. Não deixe de visitar a loja/restaurante que tem uma vista incrível e preços mais em conta que o Lavandário.
O local fica aberto de segunda e de quinta a domingo das 10h às 18h. A entrada é gratuita.
Jantar no Quebra Cangalha
São várias as opções de jantar em Cunha, mas muitas exigem prévia reserva. Como não queríamos nenhum lugar muito longe, aceitamos a sugestão da nossa pousada e jantamos no restaurante Quebra Cangalha
Trata-se de um ambiente rústico, arejado, florido e bastante agradável. O restaurante não estava cheio, mas o atendimento foi um pouco demorado. Aparentemente havia apenas um cardápio de vinhos pois tivemos que esperar outra mesa utilizá-lo para podermos fazer nossa escolha.
A comida era bem feita, mas nada surpreendente. Experimentamos uma Caçarola de cogumelos orgânicos (R$ 28), bem servida e gostosa, e um risoto de parmesão com filé mignon (R$ 75), que também estava bom.
De qualquer forma, não o descreveria como um restaurante imperdível. Ao lado dele, fica o Veríssima Bistro, bem recomendado e com nota 4,5 no TripAdvisor (10° melhor restaurante em Cunha). Talvez seja uma opção.
Uma amiga que mora em Cunha recomendou o Bar Blackfin. São 47 avaliações no TripAdvisor que classificam este restaurante como excelente. Não há nenhuma reclamação! Acho que vale a pena conhecer! Infelizmente, quando estávamos em Cunha, não conseguimos vaga.
Dia 2
Pedra da Macela
Um dos principais pontos turísticos de Cunha é a trilha da Pedra da Macela. Também é o local mais distante do centro da cidade, por isso, muitas pessoas optam por ir até lá e voltar conhecendo todas as atrações.
Seguindo pela estrada real Cunha – Paraty, a saída para a atração fica na altura do km 65. Você deve seguir por aproximadamente uns 5 Km de estrada em aclive de terra e cascalho. Não achamos a estrada tão ruim, afinal, estamos acostumados com os acessos às cachoeiras de Pirenópolis.
Após estacionar o carro, prepare-se para uma caminhada de cerca de 2 km morro acima, afinal, é o ponto mais alto de Cunha, com 1.840m. O trajeto dura entre 40 e 60 min a depender do seu preparo físico. Não é uma subida extenuante, mas, lembre-se de levar água e um lanchinho para dar energia, pois não há nenhuma infraestrutura por lá.
Chegando ao topo, a recompensa é incrível. É possível avistar Paraty, Angra dos Reis e Ilha grande, se o tempo permitir. O ideal, é fazer o passeio durante o outono ou inverno, quando o menor risco de chuva, propicia maiores chances de um tempo claro, sem nuvens e um visual fantástico.
Cervejaria Wolkenburg
Caso tenha ficado com sede após a subida à Pedra da Macela, você pode fazer uma parada estratégica na Cervejaria Wokenburg, que em tradução livre significa castelo nas nuvens. Está localizada na mesma estrada que leva à Pedra da Macela.
“A nossa cerveja Wolkenburg é elaborada segundo a Lei de Pureza Alemã de 1516, que estabelece que somente são permitidos cevada maltada, lúpulo e água na sua elaboração. Não adicionamos quaisquer produtos químicos, conservantes, estabilizantes ou outros, exigindo do consumidor um cuidado especial com relação à armazenagem (em local fresco e protegido do sol) e observando sempre a data de validade” (site da cervejaria).
São produzidas 4 variedades de cerveja no local, porém, não é possível fazer degustação. Caso queira experimentar, deve comprar a garrafa, que pode ser acompanhada de petiscos tipicamente alemães como a “Wurst” (salsichão) e o chucrute.
O ambiente é extremamente agradável e, se não fosse coberto, assemelhar-se-ia muito às Biergartens alemãs, com suas compridas mesas de madeira.
Almoço no Restaurante Dona Dita
O Restaurante Dona Dita foi nosso principal achado em Cunha. Recomendado pela equipe da pousada como um restaurante simples, caseiro, com comida saborosa e preço justo. Tudo verdade!
Localizado na Praça Conego Siqueira, 46 é a verdadeira tradução da comida saborosa e bem temperada que sempre buscamos! Servido no esquema self-service (durante a pandemia os funcionários que servem a comida), o restaurante nos surpreendeu pela qualidade e frescor dos ingredientes. Sentamos numa mesa na varanda, que era bem arejada e próxima à horta que fornece vários ingredientes para o restaurante. Não lembro o preço do kg, mas o prato mais caro custou R$ 23,00.
Centro histórico
Depois do almoço você pode percorrer o centro histórico de Cunha que é bem pequenino.
1. Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição
Localizada na Praça Cônego Siqueira, a Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição foi construída em 1730 e é considerada o mais valioso patrimônio arquitetônico de Cunha. Seu interior é bastante singelo e mantém características do barroco brasileiro, apesar das reformas sofridas.
2. Mercado Municipal
Localizado na rua atrás da Igreja Matriz, o Mercado Municipal de Cunha é bastante simples e até um pouco pequeno. Foi inaugurado em 1913 utilizando os alicerces da antiga Capela Nossa Senhora da Lapa (em 1904, a singela capela, palco de muitas celebrações religiosas no passado, já se encontrava em ruinas).
Os moradores mais conservadores do local (no século XX), não admitiam que um lugar de religião houvesse se tornado um local de comercio, por isso, o Mercado Municipal, na época, não cumpriu seu papel. Chegou, também, a ser palco de outras atividades como salão de baile e depósito da prefeitura.
Em 1985, o mercado foi restaurado e recuperou sua função original. Ainda assim, achamos ele pequeno e com poucas lojas, mas é claro que aproveitamos para comprar umas lembrancinhas.
3. Igreja do Rosário e São Benedito
Localizada na rua Dr. Casimiro Rocha, a Igreja do Rosário e São Benedito é bastante simples. Foi construída em 1793 para os escravos da região. Entretanto, possui um mirante ao lado com uma vista incrível.
Infelizmente, não pudemos visitar seu interior pois fica aberta apenas em dias festivos.
Parque do Rio Lavapés
Após um breve passeio pelo centro, você pode descer a pé até o Parque Lavapés e sentar-se em um dos bancos para descansar da descida da ladeira.
Localizado às margens do rio de mesmo nome, possui um projeto arquitetônico com bastante verde e algumas pontes, que são bastante agradáveis. Em frente ao parque está a Casa do Artesão que falo um pouco mais abaixo.
Cerâmicas
Em 1970, começaram a se instalar na região ceramistas japoneses que, trouxeram com eles, a técnica milenar chinesa (aprimorada pelos japoneses) de queima da cerâmica em fornos a lenha, que atingem temperaturas altíssimas, chamados Noborigama.
A argila, extraída na região, é moldada, pré-queimada, esmaltada e pintada. Em seguida, é submetida a uma queima lenta nos fornos Noborigama que podem atingir até 1.400ºC. Esse processo pode levar mais de 24 horas e, o tamanho das toras de eucalipto reflorestado utilizado, são fundamentais para o resultado final. Após 3 dias de resfriamento, os fornos são abertos e as peças estão prontas para nosso deleite.
Uma das atrações turísticas da cidade é a abertura desses fornos no Atelier de Cerâmica Suenaga & Jardineiro.
Infelizmente, por causa da pandemia, essas aberturas não estavam ocorrendo, mas, quem já participou diz que é fantástico. Além da empolgação com as peças finais, cujo resultado de cores/esmaltação varia a cada fornada, você pode conhecer mais sobre essa técnica tradicional, didática e apaixonadamente explicada pelo Sr. Jardineiro.
O Atelier mantém as peças expostas durante todo o ano aos pés dos fornos, o que é bastante interessante quando percebemos essa integração entre o processo e resultado final. Além de lindas, as peças são resistentes e podem ser usadas em lava louças e fornos.
Existem outros ateliers em Cunha que utilizam forno elétrico e a gás, que, por conta da criatividade dos artistas, também produz peças lindas.
Na Casa do Artesão, localizada na Rua José Arantes Filho, 27, é possível ver a exposição (e comprar) dos produtos de diversos artistas locais. Lá, além de peças em cerâmica, você encontrará artesanato em madeira, joias e alimentos (se for entre abril e maio, encontrará muitos produtos a base de pinhão). Caso seu tempo esteja corrido, não deixe de visitá-la, entretanto, se puder, reserve um tempo para entrar nos diversos ateliers e se encantar com as peças.
Aqui, você encontra uma lista de ateliers!
Queijaria Mantiqueira 151
Após sairmos do Atelier Suenaga & Jardineiro, paramos na Queijaria Mantiqueira 151. É uma portinha bem pequena, numa estradinha de terra. Apesar de simples, possui uma vista incrível e um atendimento impecável feito pelos proprietários. Os queijos são maravilhosos e com preço justo. Levamos para casa nozinhos de mussarela, parmesão, provolone fresquinho, além de doces. Não deixe de conhecer!
Café no Tudo da Roça
Retornando para São Paulo, fizemos uma parada para conhecer o Tudo da Roça. Localizado no Km 24 da Rodovia Paulo Virginio, o estabelecimento possui biscoitos, bolos, geleias e compotas produzidas por eles, além de lanches e cafés. Possui um agradabilíssimo espaço aberto, com uma vista encantadora.
Aproveitamos para comer um lanche natural de peito de peru (R$ 18,50) e um pão com linguiça artesanal (R$ 24,50). Entretanto, achamos o serviço bastante demorado e o sabor apenas satisfatório. Não sei se recomendaria a parada!
Nessa mesma estrada, no Km 44,5, está localizado o Café Capril. Ele nos havia sido recomendado, porém, não havia mais espaço no estômago para comer mais nada. Talvez seja uma alternativa ao Tudo na Roça. Quem o visitou afirma que o lugar é encantador, principalmente para quem tem crianças, que podem observar as cabras e seus filhotes. Tudo isso além de possuir uma vista espetacular.
Tudo lá é produzido com leite de cabra, sendo possível encontrar doce de leite, vários tipos de queijos (inclusive os curados), pão de queijo e um cafezinho com gosto de fazenda. Se passar por lá, me conta o que achou!
E assim chegou ao fim um delicioso fim de semana nessa cidade próxima a São Paulo!
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Somos paulistas e sempre ouvimos falar de Cunha, mas nunca realmente paramos por lá para conhecer. E que arrependimento! Amei o post e as dicas, até já compartilhei o link com a família porque achei sua dica de roteiro incrível! Hahahaha quando voltar para o Brasil, não vou perder a oportunidade!
Realmente precisamos aprender a ser turistas próximo de casa! Morei mais de 30 anos em SP e também só fui conhecer Cunha morando em Brasilia… mas nao vou cometer o mesmo erro… estou tentando desbravar todo o cerrado enquanto moro por aqui! 🙂
Após ler o seu roteiro por Cunha me lembrei que eu passei duas vezes em frente à Casa do Strudel e pensei que tinha que parar lá depois. Acabei esquecendo e agora leio que tinha até de shitake. Terei que voltar novamente!
Sobre a cervejaria Caminho do Ouro coemos o quibe com pinhão e pedi uma régua pequena (6 x 60 ml) das cervejas ali produzidas e também não achei tudo isso.
No Olival pedimos o menu degustação e tava bem gostoso, apesar de terem exagerado na pimenta do risoto de gorgonzola com pera que a gente não sentia gosto de mais nada.
E você tinha que ter ido ao Bethlehem. Fomos nas nossas duas visitas e não nos arrependemos.
Poxa, haviamos lido sua dica do Bethlehem, mas não tivemos dias suficientes para comer em tantos lugarzinhos charmosos. Da proxima vez, vamos reservar com antecedência. Ficou faltando conhecer as plantações de shitake… vc foi em alguma?
Amo Cunha e sempre que possível visito essa linda cidade pitoresca. E pelo seu relato Ainda tem muita coisa pra fazer! A próxima vez vou me basear pelo seu roteiro. Parabéns pelo post! Obrigada por compartilhar 🥰🥰🥰🥰