Com 1.800 metros de extensão e 33 metros de largura, a avenida liga a Praça Mauá, na zona portuária, e onde atualmente situa-se o Museu do Amanhã, à futura Avenida Beira-Mar, na região da Glória, onde hoje fica o Monumento aos Pracinhas, ao lado do Aeroporto Santos Dumont (SDU).
Ou seja, a avenida tem “água dos dois lados”: de um lado, a região portuária, e, do outro, a Marina da Glória. Numa das extremidades da via, está a Praça Floriano (Cinelândia). Para a abertura da avenida, muitas casas coloniais foram demolidas e milhares de pessoas foram desalojadas. Era o chamado “Bota-Abaixo”.
Esses desalojados se mudaram principalmente para os morros da região, dando impulso ao processo de favelização do Rio de Janeiro. A elite urbana, por sua vez, já havia se mudado do centro.
Segundo Beatriz Kushnir e Sandra Horta, “cerca de 600 prédios foram demolidos em curto prazo, provocando o despejo de centenas de famílias. A construção de vilas operárias mostrou-se insuficiente para atender à demanda dos desabrigados. Por sua vez, as indenizações não corresponderam às expectativas dos moradores desalojados, e o Centro, então valorizado, já não podia ser o endereço da população de baixa renda. Preocupados em se manterem próximos aos seus lugares de trabalho, diminuindo as despesas com transporte, os ‘sem-teto’ daquele tempo ergueram moradias nas encostas dos morros próximos. Porém, nem todos estavam atentos aos problemas suscitados pelas obras.”
Ou seja, estava aqui o embrião das favelas cariocas!
Apesar disso, a Avenida Central tornou-se um espetáculo de beleza e um símbolo da modernidade no Brasil, com suas lojas chiques e o desfile de automóveis, meio de transporte que chegava ao país.
Nas suas calçadas, havia mosaicos de pedras portuguesas e suas construções seguiam o estilo Art Nouveau, com fachadas aprovadas por uma comissão de arquitetos. O seu canteiro central foi arborizado. Foi também a primeira avenida no país a receber iluminação elétrica. Sua inauguração deu-se em 15 de novembro de 1905, após 20 meses de obras, com a presença do Presidente Rodrigues Alves.
Com a morte do Barão do Rio Branco, em 1912, a Avenida Central passou a se chamar Avenida Rio Branco, nome que permanece até hoje. A partir da década de 1940, entretanto, a avenida sofreu um imenso processo de descaracterização arquitetônica, perdendo muito do seu charme. Passou-se a privilegiar o estilo modernista em detrimento do Art Nouveau.
Vários prédios foram demolidos e/ou substituídos. É nessa época que se inicia a construção de espigões quadrados horrorosos. Um destes é o Edifício Marques de Herval, construído em 1952 onde estava situado o belíssimo Palace Hotel, na esquina da Avenida Rio Branco com a Almirante Barroso.