Conhecer o Taj Mahal, na Índia, é o sonho de muita gente. E não é para menos. O lugar é gigantesco, incrível, belíssimo e repleto de história. Localizado na cidade de Agra, a 212 km de Nova Deli, é um dos principais day trips que você pode fazer a partir da capital indiana.
Mas, visitar qualquer destino na Índia não é para fracos. É um país com muitas desigualdades, com uma pobreza agressiva, um trânsito caótico e um barulho desconcertante. A cada vez que voltava de lá, tinha a certeza de que seria a última. Porém, passados alguns dias, já estava planejando a próxima visita. É impossível não reconhecer a alegria da população, a beleza do país, sua cultura, história e deliciosa culinária.
Hoje, entretanto, quero falar do seu principal atrativo: o Taj Mahal.
Taj Mahal: um pouco de história
Taj Mahal é um suntuoso mausoléu considerado Patrimônio Mundial pela Unesco e uma das 7 maravilhas do mundo moderno. Foi construído pelo Imperador Shah Jahan para sua amada esposa Mumtaz Mahal que significa “a joia do palácio”.
Mumtaz Mahal casou-se com o imperador aos 19 anos e logo se tornou sua esposa preferida, além de principal conselheira. Juntos tiveram 14 filhos, porém, durante o parto do último bebê, ela faleceu aos 39 anos (1631). Em seu leito de morte, fez 3 pedidos a Shah Jahan: que não se casasse novamente; que se dedicasse à criação dos filhos; e que construísse um monumento que representasse o amor entre eles.
Em razão da morte de sua esposa, Shah Jahan decretou luto por 2 anos no seu império, proibindo músicas e outras comemorações. Em 1632, iniciou a construção da grande prova de amor: um mausoléu gigantesco e fabuloso, para honrar a memória da amada esposa. Era o Taj Mahal.
Essa belíssima história de amor também tem seu lado triste. Durante os 22 anos que duraram a construção do complexo, mais de 20 mil pessoas trabalharam na construção. Diz a lenda que os construtores eram cegados e tinham as mãos cortadas ao final para que não edificassem nada parecido.
Pouco tempo após o fim da construção do Taj Mahal, a saúde de Shan Jahan deteriorou-se e a luta pela sucessão do trono intensificou-se. Em 1658, foi deposto por seu filho Aurangzeb que o prendeu no Forte de Agra. Conta-se que Shan Jahan passou o resto dos seus dias apreciando o Taj Mahal a partir de uma pequena janela da sua cela. Em 1666, ano de sua morte, foi sepultado ao lado da amada.
Todo o complexo do Taj Mahal é simétrico. A localização do túmulo de Shan Jahan é exceção. Esse não era o seu desejo. Sua ideia original era a construção de um Taj Mahal negro (feito de ônix preto) para sua sepultura, do outro lado do Rio Yamuna. Entretanto, o projeto não saiu do papel e, por isso, seu corpo foi sepultado ao lado da esposa, de maneira assimétrica.
Um pouco sobre o complexo do Taj Mahal
O complexo do Taj Mahal abrange uma área de 17 mil m2 e é composto por 3 edifícios principais: o mausoléu e 2 edifícios idênticos (um de cada lado), 4 minaretes e gigantescos jardins que pretendiam recriar o Paraíso.
- Curiosidade: os minaretes de 41 metros foram construídos com uma leve inclinação para fora (2,5°) de forma a não atingirem o palácio, caso houvesse algum terremoto.
Os 2 edifícios ao lado do mausoléu são uma mesquita (à direita – voltada para Meca) e uma “casa de hóspedes” à esquerda. Segundo o que nos contaram, a mesquita foi construída para que os trabalhadores, na sua maioria muçulmanos, não precisassem andar 2,5 km para rezarem 5 vezes ao dia, o que atrasaria os trabalhos. Já a casa de hóspedes foi construída para manter a famosa simetria.
Para chegar até o complexo, você segue por um caminho de aproximadamente 1km desde o estacionamento até o Portão Leste, que dá acesso a um Pátio (Jilaukhana).
Nesse pátio, à sua frente está a Entrada Real (Great Gate), com uma belíssima construção em pedra vermelha (Darwaza), ricamente decorada. A visão da porta central, que funciona como uma moldura para o mausoléu ao fundo, com certeza irá encantá-lo.
Já dentro do complexo, o simétrico jardim, composto de árvores, canteiros de flores e caminhos elevados é um convite para a contemplação. Bem no centro, o famoso espelho d’água que rende as melhores fotos da visita. É simplesmente encantador conseguir captar a imagem do Taj Mahal refletido nesse espelho d água.
O complexo ainda possuiu outras construções que não chamam tanto a atenção do turista, como, por exemplo, os túmulos em memória às 2 outras esposas de Shan Jahan e o túmulo que acreditam ser da principal dama de companhia de Mumtaz Mahal.
Um pouco da arquitetura do Taj Mahal
Taj Mahal é uma fusão perfeita da arquitetura indiana e persa. O mausoléu foi construído com placas de mármore branco e decorado com diversas pedras preciosas e semipreciosas como a Lápis-lazúli do Afeganistão, as jades da China e ametistas da Pérsia, que foram delicadamente incrustadas no mármore.
O trabalho é tão perfeito que o deixará intrigado. São flores e plantas coloridas, figuras geométricas e escritos do Alcorão, que decoram as paredes do local.
Tenho certeza de que você não deixará de notar a cúpula principal do mausoléu. Bastante comum na arquitetura islâmica, além de grandiosa e imponente, ela é toda decorada com fios de ouro e flores de Lotus esculpidas. Seu pináculo era originalmente feito de ouro, mas após pilhagem, foi substituído por um de bronze.
- Curiosidade: as paredes do Taj Mahal parecem mudar de cor durante o dia. Dependendo da iluminação podem adquirir um coloração rosada ou dourada.
Um pouco sobre o interior do Mausoléu
O interior do mausoléu é ricamente decorado. Preste atenção nas paredes! No salão central, estão os dois cenotáfios. São bem simples como exige a tradição muçulmana. Entretanto, os restos mortais não estão lá, mas sim no subsolo do palácio, que não é aberto ao público. Não é permitido tirar fotos!
- Curiosidade: os responsáveis pela segurança têm sempre em mãos uma lanterna para iluminar uma pedra que está presente em todos os lugares e parece vermelha. Quando iluminada, é, na verdade, transparente.
Como visitar o Taj Mahal?
Você pode fazer um day trip até Agra. Saindo de Nova Deli, o trajeto de 210 km pode ser feito de carro (3 horas) ou de trem. Nós optamos pelo trem de alta velocidade e foi bem confortável.
Algumas pessoas optam por pernoitar em Agra. Não acho que valha a pena, pois a cidade não tem muitos outros atrativos. A grande vantagem é poder visitar o templo ao nascer do sol (quando está bem mais vazio) ou no pôr do sol, o que rende fotos lindíssimas.
O complexo está aberto a visitação todos os dias, exceto às sextas-feiras. A visitação inicia-se 30 minutos antes do nascer do sol e encerra-se 30 minutos antes do pôr do sol.
Os ingressos podem ser comprados na bilheteria ou por meio dos sites oficiais (Payumoney & Asiagracircle). Caso venha de excursão, fique atento e confirme antes se o seu ticket já não está incluído no pacote.
O valor do ingresso para turistas é de 1.300 rupias (aproximadamente R$ 100,00). Existem outras tarifas para locais e crianças abaixo de 15 anos não pagam.
Não é permitida a entrada com alimentos ou com drones. Lembre-se de se vestir de forma respeitosa!
Outros pontos turísticos em Agra e nos arredores
Além do Taj Mahal, Agra e seus arredores oferecem outros pontos turísticos aos visitantes. Durante nosso tour, visitamos apenas os 2 primeiros.
Forte Agra ou Forte Vermelho
Trata-se de uma cidade-palácio murada, construída às margens do Rio Yamuna entre 1565 e 1573 pelo Imperado Akbar. O Forte, todo construído de pedra vermelha e mármore branco, ocupa uma vasta área. Contém 3 mesquitas (sendo uma delas para as mulheres do Harém do Imperador), dois palácios com belíssimas paredes com diversos detalhes entalhados e um espaço para audiência pública entre outras atrações.
Foi no Forte Vermelho que Shah Jahan ficou aprisionado e passou seus últimos dias apreciando o Taj Mahal ao longe.
Itmad-ud-Daulah
Carinhosamente apelidado de Mini Taj, foi encomendado pela Imperatriz Noor Jahan em memória a seu pai Mirza Ghiyas Beg. É a primeira construção no estilo Mongol antes do Taj Mahal. Também construído em mármore branco e com um jardim anexo, possui vários detalhes que serviram de inspiração para o Taj Mahal.
Seu portão de entrada também é belíssimo. Construído em pedra vermelha e decorado com flores e motivos geométricos resultantes de incrustações de mármore branco, merece uma visita. O mausoléu é ricamente adornado! Ao chegar perto você ficará encantado com a delicadeza dos detalhes.
Sikandara
Localizado a 7 km da cidade de Agra, é o mausoléu do Imperador Akbar, o grande.
Fatehpur Sikri
Localizada a 40 km de Agra, foi construída no final do século XV pelo imperador Akbar para ser um local de apoio para a capital do Império Mongol. Foi misteriosamente abandonada após 14 anos. Não se sabe se isso foi devido à falta de água no local ou a questões geopolíticas. A cidade continua muito bem preservada após os quase 500 anos de existência.
O ponto alto da visita é a tumba do Sheik Salin, na Mesquita Jama Masjid, aonde muitos fiéis vão em busca de milagres. Diz a lenda que Sheik Salin teve uma visão do nascimento do filho tão sonhado do Imperador e a mesquita foi construída em sua homenagem. Para tentar a sorte, amarre uma fitinha em uma tela, cubra a tumba com um belo tecido e jogue pétalas de rosa por cima. Tudo vendido pelos vendedores ambulantes no local. Fiquei triste de não ter visitado. Fica para a próxima!
Como foi nossa experiência em Agra?
Contratamos um day trip partindo de Nova Delhi. A operadora era a empresa Travel Creators of India. O tour incluía o pick-up no hotel e um guia nos acompanhando até o nosso vagão do trem (ele só foi embora quando entramos no trem). Tanto na ida, quanto na volta.
O trem era o Gatimaan Express, o trem mais rápido da Índia, que chega a 160 km/h. Partimos às 8h10min e chegamos em Agra às 9h50min da manhã. O café da manhã, na ida, e o jantar, na volta, estavam incluídos no preço.
Ao chegarmos em Agra, nosso motorista e o guia já nos aguardavam na plataforma da estação. Fizemos a visita ao Taj Mahal bem cedinho. Em seguida, visitamos o Forte Agra e o Itmad-Ud-Daulah. Todas as entradas já estavam incluídas, o que fez com que evitássemos a fila para comprar, mas não para entrar nas atrações.
Almoçamos no The MasterChef Restaurant, um restaurante multi-cozinha (indiana, italiana, chinesa, continental) bem agradável em Agra. O restaurante é todo decorado na cor azul. A comida é boa e o preço razoável. O atendimento é excelente.
Em seguida, passamos pela loja de artesanato King Craft Palace, onde pudemos observar, em diversos objetos, a técnica usada no Taj Mahal para incrustar pedras no mármore. São pratos, copos, porta-copos, budas, taças de vinho, caixas, dentre outros, todos feitos de mármore e decorados. São diferentes desenhos. Cada um mais bonito que o outro. Os preços, entretanto, são bem caros e cotados em dólares americanos. Foi só uma olhadinha mesmo!
Após a visita à loja às 15hs, já estávamos prontos para retornar a Nova Deli. Entretanto, nosso trem só partia no início da noite. Deu tempo para fazer uma pausa para o café antes de retornar à estação.
Chegamos em Nova Deli em torno das 19h30 e nosso motorista estava lá na plataforma nos esperando para levar para o hotel. Excelente atendimento!
Pagamos, na ocasião, 120 dólares americanos por pessoa, mas acho que valeu a pena. Visitar Agra como um day trip foi cansativo, mas, como falei, não acredito que valha a pena dormir por lá. Também achei importante ter um guia, não apenas pelas informações fornecidas mas por tornar mais tranquilo todo o passeio pois, como já disse, o clima caótico da Índia pode ser um pouco extenuante.
#FicaaDica
Durante o passeio, você vai gastar muito tempo tentando tirar a foto perfeita do Mausoléu refletido no espelho d’água. Por isso, sugiro que seja a primeira coisa a ser feita, principalmente, se conseguir chegar cedinho ao complexo, assim, evita aquela multidão na sua tão sonhada foto.
Passeie tranquilamente pelos jardins, apreciando toda a atmosfera local. Não tenha pressa. Depois de ver essa perfeição arquitetônica, os outros pontos turísticos não são tão interessantes, exceto o Forte de Agra, de onde você vai mais uma vez tentar tirar foto do Taj Mahal.
- Curiosidade: Fui abordada diversas vezes durante nossa viagem pela India por crianças, mulheres e até homens, que pediam para tirar uma foto comigo. Muitos até pediam autorização para o meu esposo, mas não deixavam ele aparecer… acho que as diferenças étnicas e até de vestimenta, chamavam a atenção dos indianos!Essa foi uma dessas fotos especiais!
Conhecer o Taj Mahal é indescritível. Sim, ele é lindo, imponente e emocionante. É com certeza um destino incrível.
Blogagem Coletiva
Este post faz parte de uma blogagem coletiva do grupo Viagens por Escrito com o tema Lugares incríveis! Não deixe de conferir outros lugares incríveis postados por nossas amigas.
- Experiência Barbara: Itens essenciais numa viagem para o incrível Japão
- Prefiro Mochilar: Quanto custa viajar para Capadócia na Turquia
Ai que delícia de relato, Luciana. Tenho muita vontade de conhecer não só o Taj Mahal, como também outros pontos da Índia, mas ainda não criei coragem principalmente pelos relatos de mal estar devido à comida. E como eu sou daquelas que ama experimentar comida local (e sou louca por comida indiana), já sei que fará parte do meu roteiro!!! Você chegou a ter esse tipo de problema?
Obrigada Bárbara! Os relatos de mal estar devido à comida são bem frequentes mesmo! Não tivemos problemas pois, como na India a comida não é cara, acabávamos optando por restaurantes indicados. Mas, entendo seu lado, muita gente gosta de comer a comida de rua, raíz mesmo… eu sou mais medrosa rsrsr. De qualquer forma, é um país fantástico! Vamos voltar para visitar o que não tivemos tempo pois, pra mim, a India tenho que fazer em pequenas pílulas… não aguento passar 20 dias direto por la!!
Eu sou louca pra conhecer a India, já rabisquei alguns roteiros até…está super na minha lista…uma viagem independente seria muito caótica? Fico imaginando todos os pontos turísticos muito cheios mesmo…mas vivo assistindo filme indiano e acho essa viagem o máximo! Obrigada pelas dicas!
Oi Dani, tem muita gente mochilando por la! Já ouvi sobre pessoas que até se arriscaram a dirigir naquele transito maluco! Numa outra oportunidade, visitamos um estudio de Bollywood… foi muito divertido! Acho que deve ir sim… e se você gosta de viagens totalmente independentes, se joga!:)