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Covid-19: brasileiros vão poder viajar ao exterior em 2021?

2020 foi o ano da pandemia da Covid-19. Foi o ano de isolamento social e de poucas viagens. Os países fecharam as suas fronteiras e o turismo internacional ficou severamente restringido.

A pandemia ainda não acabou, mas, com o início da vacinação, 2021 tornou-se um ano de esperança. Nesse contexto, muitos viajantes brasileiros devem estar se perguntando se, neste ano, poderão retomar as viagens internacionais.

Neste artigo, falo sobre os cenários e perspectivas do turismo internacional, sobre os requisitos de entrada dos diferentes países, e respondo à pergunta: vai ser possível viajar para o exterior em 2021? Confira!

Países abertos à visitação de brasileiros

Neste momento, são poucos os países abertos à visitação dos turistas brasileiros. Os requisitos variam de país para país e, mesmo assim, as regras podem mudar de uma hora para outra. A lista a seguir é meramente exemplificativa.

1. México

O México é um dos únicos países que não adotou restrições para o ingresso de visitantes e para o regresso de mexicanos provenientes de outros países. Para ingresso, é necessário preencher um formulário Cuestionario de indentificacion de factores de riesgo en viajeros (Questionário de identificação de fatores de risco em passageiros) e apresentá-lo à imigração no momento da chegada. O formulário está disponível em afac.hostingerapp.com.

2. Chile

Passageiros estrangeiros  têm permissão para entrar no Chile por meio do Aeroporto de Santiago (SCL), mas devem:

  • Preencher uma Declaración Jurada Para Viajeros até 48 horas antes da partida em http://www.c19.cl.
  • Ter um certificado médico com comprovação de teste negativo de PCR para SARS-CoV-2 e coronavírus (COVID-19) feito por um laboratório aprovado no máximo 72 horas antes do embarque.
  • Ter comprovante de seguro de viagem internacional de pelo menos USD 30.000 que cubra todos os tratamentos relacionados à COVID-19 durante sua estada.
  • Durante os primeiros 14 dias desde a a entrada no país, deverá ser preenchido um formulário de acompanhamento (seguimento) que deve ser enviado por e-mail diariamente.

Há várias exigências para estrangeiros não residentes viajarem pelo país, tais como, o prazo de 24 horas para chegar ao seu destino chileno, onde serão cumpridas as medidas sanitárias.

3. Peru

Para ingressar no Peru, é necessário laudo de teste de RT – PCR negativo para COVID-19, emitido no máximo 72 horas antes do embarque ou um resultado de teste de antígeno ou certificado de alta médica epidemiológico. Crianças menores de 12 anos precisarão apenas de um certificado de boa saúde.

Também é necessário preencher uma Declaración Jurada de Salud y Autorización de Geolocalización dentro de 72 horas do embarque.

Passageiros que chegarem ao Peru também precisam ficar em quarentena durante 14 dias em suas casas ou em outro local aprovado pelo governo. Segundo informação da Embaixada do Peru, o período de quarentena independe do prazo que você pretende ficar no país. Em razão disso, eles recomendam que toda viagem não essencial seja postergada.

4. Colômbia

Para ingresso na Colômbia, os viajantes deverão atender aos seguintes requisitos:

  • O formulário de imigração, para ingressar e sair da Colômbia, deve ser preenchido antecipadamente pelo passageiro através do site Check Mig. Esta informação é individual, incluindo menor de idade.
  • Todos os passageiros serão rastreados por sua seguradora ou pelo Ministério da Saúde do local onde ficarão por 14 dias após a chegada na Colômbia.
  • Preencher as informações solicitadas no aplicativo CoronApp – Colombia, antes e durante os 14 dias após o voo. Caso viaje com menores ou com pessoas que não tenham o aplicativo, o mesmo poderá ser preenchido em um único dispositivo. Revise a Guia de utilização  do CoronApp.
  • Apresentar no aeroporto de origem o resultado do teste RT-PCR negativo, emitido até 96 horas antes da partida do voo.

Passageiros com sintomas associados ao COVID-19 não poderão embarcar.

5. Turquia

Desde 29 de dezembro de 2020, todos os passageiros com 6 anos ou mais deverão apresentar um resultado negativo do teste de PCR de SARS-COV-2 realizado nas últimas 72 horas antes de sua entrada na Turquia. Este requisito é aplicável também para passageiros em trânsito. Há requisitos especiais (quarentena) para quem esteve, nos últimos 10 dias, no Reino Unido,  na Dinamarca, e na África do Sul.

União Europeia, Estados Unidos e outros

Importante mencionar que os países da União Europeia, o Reino Unido, o Canadá e os Estados Unidos estão fechados aos turistas brasileiros.

Não cabe aqui detalhar os requisitos, mas, via de regra, apenas cidadãos, residentes permanentes e familiares tem o ingresso permitido nesses países, ainda assim, mediante comprovação de teste RT-PCR negativo para o vírus Sars-Cov2 nas 72 horas antes do embarque, declaração de saúde e, em alguns casos, quarentena de 10 a 14 dias.

A segunda onda da pandemia

Vivemos, atualmente, uma segunda onda da pandemia da Covid-19, com vários indicativos de que será mais severa que a primeira.

Segundo o portal G1, em 16/1/2021:

“O país registrou 1.059 mortes pela Covid-19 nas últimas 24 horas, chegando ao total de 209.350 óbitos desde o começo da pandemia. Com isso, a média móvel de mortes no Brasil nos últimos 7 dias foi de 956. A variação foi de +37% em comparação à média de 14 dias atrás, indicando tendência de crescimento nos óbitos pela doença.”

A curva de casos ativos (número de pessoas infectadas no momento) evidencia uma clara tendência de alta, conforme revela o gráfico a seguir.

Casos Ativos da Covid-19 no Brasil
Casos Ativos da Covid-19 no Brasil ao longo do tempo (fonte: Worldometers)

Resultado: o país tem 10% das mortes no mundo apesar de ter apenas 2,7% da população mundial.

Isso tudo não é por acaso. O negacionismo do Governo Central aliado ao incentivo à utilização de medicamentos (kit-covid) sem eficácia na prevenção e tratamento da Covid-19 certamente contribuíram para esse resultado.  Isso tudo sem falar na parcela da população que não adota as medidas de isolamento social, evitando aglomerações,  e de utilização de máscaras.

Quanto mais o vírus circula, mais ele está sujeito às mutações, dizem os especialistas. E surgiram variantes no Reino Unido, na África do Sul e, mais recentemente, em Manaus, que parecem ser muito mais contagiosas.

O recente caos na saúde pública em Manaus é o prenúncio do que pode vir a acontecer em outras cidades brasileiras, tal como ocorreu na primeira onda da epidemia.  A imprensa internacional tem repercutido o que acontece no Brasil e países como o Reino Unido e a Itália já proibiram até mesmo voos oriundos do país.

A crise não atinge só o Brasil. Os Estados Unidos e vários países europeus tem batido recordes de novos casos e mortes, o que tem levado muitos governos a adotarem o lockdown e outras medidas de combate à pandemia.

Quanto à vacinação, ela já começou em vários países, mas leva algum tempo para produzir seus efeitos. Por outro lado, o Brasil sequer começou a vacinar sua população.

O gráfico a seguir mostra o número de doses de vacina aplicadas por país e por 100 pessoas. Israel é o país mais adiantado (pelo menos, 25% da população recebeu, pelo menos, uma dose da vacina).

Doses de Vacina contra a Covid-19 aplicadas por país e pela população (fonte: Our World in Data, 17/1/2021)
Doses de Vacina contra a Covid-19 aplicadas por país e pela população (fonte: Our World in Data, 17/1/2021)

Nesse cenário, não cabe sequer cogitar em viajar para o exterior e, se for viajar pelo Brasil, é necessário tomar muito cuidado para não ser contaminado ou ser um agente de contaminação.

Perspectivas para o turismo internacional

A retomada do turismo internacional ainda é uma incógnita. Isso tem  preocupado, principalmente, a indústria do turismo, em especial, as empresas aéreas.

Segundo o brasileiro Luis Felipe de Oliveira, diretor-geral da Airports Council International, entidade que representa os aeroportos mundo afora, o tráfego aéreo internacional deverá alcançar de 50 a 60% do tráfego anterior, durante o verão no hemisfério norte. Nada obstante, salientou que a indústria  não vai conseguir aguentar até que as vacinas sejam totalmente administradas globalmente (fonte: CNN).

Um dos problemas apontados é a ausência de uma atuação global coordenada para a retomada da indústria. Cada país estabelece suas próprias exigências e diretrizes, observando apenas a sua própria situação econômica e sanitária. Ainda não foi estabelecido um padrão global, inclusive, quanto à documentação exigida para as viagens. Por outro lado, a exigência de quarentenas acabaria por inviabilizar o próprio trânsito de pessoas (fonte: CNN).

Havendo abertura das fronteiras ao turismo, o que se pode dizer, com certeza,  é que serão exigidos dos viajantes internacionais testes RT-PCR negativos para Covid-19. Esses testes poderão ser exigidos no embarque e/ou na chegada ao país de destino.

À medida que a população global começa a ser vacinada, é provável que muitos países passem a exigir também um certificado internacional de vacinação. Nesse ponto, os brasileiros estão em desvantagem, pois a vacinação aqui está muito atrasada e nós, viajantes, provavelmente não estamos dentro dos grupos prioritários para receber o imunizante.

Muitos países estão adotando a estratégia de Travel Bubbles (Bolhas de Viagem), permitindo a circulação de turistas apenas entre países onde a pandemia estará controlada. É o caso, por exemplo, da Nova Zelândia e da Austrália, que deve ser lançada no início deste ano.

Não estamos participando de nenhuma dessas bolhas, mas é provável que, estando a pandemia sob controle, as fronteiras dos países vizinhos sejam abertas aos brasileiros no segundo semestre de 2021. Países que sejam dependentes economicamente do turismo de brasileiros estão propensos a flexibilizar os requisitos de ingresso, mas sempre exigindo testagem dos viajantes.

Conclusão

Brasileiros poderão e já podem viajar para o exterior em 2021. Entretanto, muitos países estarão com as suas fronteiras fechadas para passageiros a turismo provenientes do Brasil durante todo o ano. Mesmo que em teoria seja possível fazer uma viagem internacional a turismo, entendo que não é prudente fazê-lo, pelo menos, no primeiro semestre.

Neste momento, vivemos uma segunda onda da pandemia, que tem sido mais severa que a primeira. A maior parte dos países tem adotado medidas restritivas para ingresso de turistas e uma série de exigências, tais como, declaração de saúde, exame RT-PCR negativo. Em alguns países, os viajantes estão sendo submetidos a uma quarentena, medida que inviabiliza a sua viagem. O fechamento das atrações também é outra coisa que pode atrapalhar os seus planos. Isso tudo sem falar na possibilidade de ser contaminado com o vírus.

Essas exigências podem ser alteradas a qualquer momento. Por outro lado, como a imagem do Brasil foi severamente afetada pela condução da pandemia, é bem provável que os brasileiros (ou estrangeiros que venham do Brasil) passem por  um escrutínio muito mais rigoroso das autoridades sanitárias locais. Ademais, pelo cronograma de vacinação, a maioria de nós viajantes não terá recebido a vacina, o que poderia, em tese, conferir um “passaporte de imunidade”.

No segundo semestre de 2021, é provável que haja uma flexibilização nos requisitos de ingresso nos países vizinhos da América do Sul, principalmente, naqueles que dependem do turismo de brasileiros.

Minha dica, portanto, é essa: Se você quer viajar para o exterior, deixe para o segundo semestre e procure viajar para os países vizinhos. Mas, ainda não é hora de se planejar. Cuide-se! Use máscara! Evite aglomerações! Procure locais ventilados!

Emerson Cesar

Apaixonado por viagens e por fotografia. Começou a descobrir o mundo há 10 anos e já visitou 71 países. Gosta de caminhar a esmo pelas cidades mundo afora, observando as pessoas, as comidas, as construções e a arquitetura. É formado em Engenharia e Direito.

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