Gdansk foi a cidade que mais me encantou em nossa recente viagem à Polônia. Neste post, descubra o que fazer em Gdansk, conferindo as suas principais atrações turísticas. No final do post, você encontrará informações úteis para visitar a pérola do mar Báltico.
A Polônia, localizada no leste europeu, com aproximadamente 38 milhões de habitantes, tornou-se um dos meus destinos preferidos. O país tem muita história, além de uma culinária regional deliciosa e preços em conta. Não tinha como não se tornar uma dica preciosa para quem gosta de viajar.
Gdansk: um pouco de história…
Apesar de a Polônia ainda ser pouco visitada pelos turistas brasileiros, Cracóvia e Varsóvia são cidades em que sempre pensamos quando vamos montar um roteiro por esse país. Porém, venho sugerir, ou até mesmo implorar, para que não deixe Gdansk fora dos seus planos de viagem pela Polônia.
- Curiosidade 1: Gdansk é o nome polonês da cidade. Já os alemães, ainda hoje, a conhecem por Danzig.
Gdansk é uma cidade portuária, localizada na costa Báltica, na região da Pomerânia. Foi nessa charmosa cidade polonesa que, no dia 1 de Setembro de 1939, teve início a 2a Guerra Mundial. Embora tenha sido considerada uma cidade livre no período entreguerras (nos termos do Tratado de Versailles), do ponto de vista político e econômico, ainda continuava sobre influência alemã.
- Curiosidade 2: No período entreguerras, Gdansk ficava junto a uma faixa de terra (estabelecida pelo Tratado de Versailles) conhecida como “Corredor Polonês” que dava à Polônia o acesso ao mar Báltico. O corredor polonês dividia o território principal da Alemanha de sua província, a Prússia Oriental.
Oficialmente, uma das razões para o inicio da 2a Guerra Mundial foi a intenção alemã de anexar Gdansk ao Terceiro Reich. A cidade foi ocupada pela Alemanha até 1945, quando, com o final da Guerra e a derrota alemã, foi reincorporada ao território polonês, agora sob a influência da antiga União Soviética.
Nos anos 80, foi em Gdansk que surgiu o sindicato Solidariedade (em polonês Solidarność), que deu origem a um amplo movimento cívico que contribuiu para a queda do regime socialista em 1989. Seu líder, Lech Wałęsa, recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1983 e foi o primeiro presidente da Polônia eleito pelo voto popular (1990-1995).
O que fazer em Gdansk?
1. Caminho Real
O Caminho Real (Royal Way), como o próprio nome diz, era o trajeto usado pelos antigos Reis da Polônia para entrar na cidade (quando chegavam de Varsóvia) durante as suas visitas periódicas. Corresponde, atualmente, à Rua Dluga, também conhecida como Long Street.
Nessa famosa rua de pedestres, você encontrará inúmeros cafés, shoppings e restaurantes, além de artistas de rua. As fachadas foram meticulosamente reconstruídas e você pode apreciar a bela arquitetura e o colorido das construções.
São poucas as cidades que conseguem reunir tantos edifícios históricos e belíssimas construções como as que você vai conhecer ao percorrer o Caminho Real. Veja abaixo os principais pontos históricos da Rua Dluga.
Golden Gate
O Golden Gate marca o final da Rua Dluga. Juntamente com a Torre da Prisão, faz parte das antigas fortificações da cidade. Construído em 1614 (no lugar de um portal gótico do século XIII), possui em cada um dos seus lados, figuras que representam as virtudes do cidadão.
Na face voltada para a Torre da prisão temos: paz, liberdade, saúde e glória. Na face voltada para a Rua Dluga temos: concórdia, justiça, devoção e prudência. O pórtico foi amplamente destruído durante a 2a. Guerra Mundial e reconstruído em 1957.
Em 1990 foi restaurada uma frase escrita em alemão “Prosperem os que te amam! Haja paz dentro das tuas muralhas e segurança em teus palácios”.
Town Hall
Descendo a rua Dlunga, a partir do Golden Gate, à sua esquerda você verá a fachada da prefeitura (na foto está à direita). Possui uma torre bem alta e pode ser confundida com uma igreja. Hoje, é ocupada pelo Museu de Gdansk. Você pode subir na torre e ter uma vista espetacular da Long Market e da Igreja St. Mary’s. Vale a pena reparar no moderno carrilhão com 37 sinos que fica no local. No topo da torre verde, há uma figura do Rei Sigismundo.
Artu’s Court
Seguindo um pouco mais em frente, a Rua Dluga se alarga e você pode apreciar a primeira construção à sua esquerda: o Artu´s Court que é um local histórico onde a elite local costumava encontrar-se. Foi também reconstruído após a Segunda Guerra Mundial e hoje é um local para festas.
Fontana de Netuno
Em frente à Artu’s Court está a estátua de bronze de Netuno, símbolo da cidade e construída em 1633. Conta-se que, durante a Segunda Guerra Mundial, a estátua foi desmontada e escondida, retornando ao seu lugar original apenas em 1954.
Termômetro
Pouco depois da Fontana de Netuno, à direita, você encontrará um termômetro antigo, mostrando a temperatura nas escalas Celsius e Fahrenheit. Trata-se de uma homenagem a Daniel Gabriel Fahrenheit, criador da primeira escala universal e nascido na cidade.
Green Gate
Seguindo em direção ao Rio Motlawa você encontrará o Green Gate. Não espere encontrar um construção verde; seu nome estava relacionado ao nome da ponte que fica à sua frente.
Construído no século XVI, serviu como residência dos Reis da Polônia, embora nenhum rei nunca tenha se hospedado por lá!
Muitos músicos e artistas reúnem-se nessa região também. Hoje é um dos prédios do Museu Nacional e serve de palco para exposições temporárias.
2. Margens do Rio Motlawa – Roda Gigante
Passear pela orla do Rio Motlawa é uma agradável experiência, principalmente nos meses de verão. Nessa época, o rio também é utilizado para algumas atividades aquáticas, como pedalinho e caiaque. O contraste entre as duas margens também é muito interessante.
De um lado, as construções com suas fachadas antigas restauradas, do outro, a arquitetura antiga, mas com materiais modernos como o vidro. Além disso, nessa margem, quase próximo ao Museu da Segunda Guerra Mundial, você pode aproveitar para dar um passeio na moderna roda gigante.
3. The Crane – Guindaste
Gdansk era o segundo porto mais importante da Polônia. O guindaste tem a capacidade de levantar 2 toneladas a uma altura de 27 metros. Era usado principalmente para içar barris de vinho e cerveja ou lastros de pedras e mastros. Hoje faz parte do complexo do Museu Marítimo Nacional.
4. Mariacka Street
Um pouco antes de chegar ao guindaste, vire à esquerda para entrar na Mariacka Street. É uma das ruas mais bonitas de Gdansk e nela você encontrará o principal comércio de âmbar.
Muitas joias e objetos, feitos dessa resina natural, estão disponíveis para compra ou apenas para você conhecer a atividade dos artesãos locais (lembro que achei caro para souvenir).
Interessante notar que as lojas dessa rua mantiveram sua arquitetura original e, em muitas delas, os degraus da entrada são originais. Isso, aliado ao calçamento de pedra e a visão da torre da igreja ao final, é encantador.
5. St. Mary’s Church – Igreja de Santa Maria
A Igreja de Santa Maria teve sua construção iniciada em 1342 e demorou 150 anos para ser finalizada. É uma das maiores igrejas do mundo construída com tijolos. Em seu interior cabem aproximadamente 25 mil pessoas e possui, além de vitrais muito bonitos, o maior relógio astronômico de madeira no mundo. Construído em 1464 e com 14 metros de altura, além de mostrar a hora e data, o relógio também mostra as fases lunares, o calendário dos santos e a posição da lua e do sol em relação aos signos do zodíaco.
Você pode subir na torre da igreja, mas saiba que são aproximadamente 400 degraus, sendo um dos trechos bastante estreito.
6. Prédio dos correios
Próximo à Orla do Rio Matlawa, quase na altura da Roda Gigante, está o prédio dos correios, onde os seus trabalhadores travaram uma batalha de 15 horas com os nazistas antes de se renderem.
- A captura dos correios de Gdansk, em 1/9/1939, foi um dos primeiros atos da Segunda Guerra Mundial. Todos, exceto quatro dos defensores, que escaparam do prédio durante a rendição, foram condenados à morte por uma corte marcial alemã como combatentes ilegais em 5 de outubro de 1939 e executados (fonte: wikipedia).
Em 1979, foi construído um Monumento aos Defensores dos Correios de Gdansk, em frente ao prédio.
7. The Great Armoury – Arsenal
Trata-se de mais uma das maravilhosas construções de Gdansk. No século XVII funcionava como um depósito de armas e munições. Hoje, por lá, podem ser vistas exibições de arte dos estudantes de Belas Artes.
8. Museu do Âmbar/ Torre da Prisão e Câmara de Tortura
Em frente ao Golden Gate, você verá duas torres góticas, originalmente construídas como parte das fortificações da cidade no final do século XIV. Posteriormente, a menor das construções foi transformada em câmara de tortura e a outra em uma torre de prisão que no passado era utilizada como masmorra.
Hoje, restaurada após importante destruição durante a Segundo Guerra, abriga o Museu da Tortura e o Museu de Âmbar, onde você pode encontrar a famosa pedra em seu estado natural, aprender sobre métodos de extração e ver a sua utilização em belíssimas joias.
9. Teatro Gdansk Shakespeare
Essa magnifica construção foi erguida onde, no passado, estava localizado um teatro do Século XVII conhecido como Escola de Esgrima. Possui um teto retrátil, de forma que as apresentações podem ser realizadas a céu aberto. No mês de agosto, ocorre o Festival de Shakespeare que atrai visitantes de todo o mundo.
10. Museu da Segunda Guerra Mundial
Em Gdansk, um Museu dedicado à Segunda Guerra Mundial foi aberto ao público em 2017. Está localizada a 200 metros do prédio do correio, local histórico da cidade. Possui uma belíssima arquitetura com um formato de prisma triangular oblíquo com uma altura de 40,5 metros. O museu é dividido em 3 zonas no subsolo que representam o passado, o presente e o futuro.
São 18 salas que contam desde o nascimento e expansão dos regimes totalitários até o período pós-guerra. Num das salas, o que me mais impressionou foi o realístico cenário de final de guerra.
O museu é simplesmente fantástico. Ficamos umas 4 horas lá dentro e não conseguimos ver tudo com a calma que queríamos pois já estava na hora de fechar. Escreveremos um post sobre esse museu. É visita obrigatória para qualquer pessoa, e, se você gosta de história, reserve um dia para ele.
11. Solidarity Square – Praça da Solidariedade
Como falei anteriormente, foi em Gdansk que se originou o Solidariedade, sindicato que deu origem a um grande movimento cívico que acabou por derrubar o regime socialista.
É nesta praça que se encontra o monumento em homenagem aos trabalhadores dos estaleiros que foram assassinados pelas tropas do exército e pela polícia em 1970. São três cruzes de 42 metros de altura com âncoras, elevando-se sobre a praça.
Ainda nessa região é possível encontrar o Centro de Solidariedade Europeu, espaço aberto em 2014 que abriga um museu que conta a historia de como o Sindicato Solidariedade começou e como o movimento influenciou a queda do comunismo e o nascimento de uma Polônia livre em 1989. Infelizmente não conseguimos visitar, mas, quem foi, recomenda passar de 2 a 3 horas no local para realizar a visita com tranquilidade e aproveitar as informações fornecidas pelo áudio guia.
Também lá perto, em 2010 foi aberto ao público a BHP hall, local de eventos e exibições. Foi nesse pequeno prédio de tijolos vermelhos que uma delegação de trabalhadores negociou com as autoridades comunistas em 31 de Agosto de 1980, formalizando o nascimento do Sindicato Solidariedade.
Vale ressaltar que essa região vem se modernizando e vários bares e cafés estão se instalando por lá.
Informações úteis
Como chegar a Gdansk?
É possível chegar a Gdansk de avião, de trem ou de ônibus.
O aeroporto Lech Wałęsa (GDN), que serve Gdansk, é amplo, moderno e confortável. Há voos diretos que ligam Gdansk às principais cidades europeias, tais como, Frankfurt, Milão, Barcelona, Paris, Londres, Viena, Zurique, Estocolmo e Zurique. Na Polônia, há voos para Gdansk partindo de Cracóvia, Varsóvia e de Wroclaw.
O aeroporto fica a 12 km do centro da cidade ou 30 minutos de carro. É possível chegar ao centro da cidade através de trem (por meio da Rede Ferroviária da Pomerânia (PKM)), de ônibus, taxi ou ainda, de Uber.
Caso prefira vir a Gdansk de trem, você pode utilizar a Rede Ferroviária Polonesa (PKP). A estação principal (Gdańsk Główny) fica a 10 minutos de caminhada do centro da cidade. O trem, cuja viagem desde Varsóvia durou 3 horas, era moderno e confortável. O ticket para 2a. Classe custou 77 zloty (moeda da Polônia). É possível adquirir seu ticket pela internet (Intercity).
Ao lado da estação de trem, encontra-se a rodoviária de Gdansk. Há opções de ônibus a partir de vários destinos europeus. Consulte os horários e preços das passagens no site do FlixBus ou da Euroticket.
Como se locomover-se em Gdansk?
Fizemos tudo a pé. As atrações mais distante do centro turístico são o Museu da Segunda Guerra Mundial e a Praça Solidariedade, ainda assim é uma caminhada tranquila de no máximo uns 20 minutos.
Caso prefira, existem também taxi e Uber na cidade. Não chegamos a utilizar esses serviços, mas os preços do transporte por aplicativo não são caros.
Quando visitar Gdansk?
Acredito que possa ser visitada em qualquer época do ano. Como em todas as cidades europeias, durante o verão, você encontrará mais turistas, entretanto, todos os bares e restaurantes estarão abertos.
No inverno, os dias serão mais curtos, gelados e com muito vento. As temperaturas variam entre – 3°C e 23°C. Você pode encontrar alguns restaurantes fechados ou com horário de atendimento diminuído.
Quantos dias ficar em Gdansk?
O centro histórico de Gdansk é pequeno e pode ser percorrido com bastante calma num único dia. Eu reservaria mais um dia para visitar o Museu da 2a Guerra Mundial, ou seja, em 2 dias, é possível conhecer tudo com calma. Mas, pensando bem, me apaixonei pelas ruelas e pela energia da cidade, melhor ficar uns 3 dias!
Caso seu roteiro permita, pode incluir mais 2 dias: um para visitar Sopot e outro para visitar Gdynia. É possível também visitar Gdynia e o centro de Gdansk no mesmo dia caso não tenha muito tempo na cidade.
Resumindo
Gdansk, essa cidade portuária da Polônia, me encantou mais do que eu imaginaria! Sua história, suas construções e seu ambiente acolhedor tornam essa cidade um lugar imperdível. Não deixe de reservar pelo menos 2 ou 3 dias para visitá-la.