Se você vai à Tailândia, não deixe de conhecer Chiang Rai, um verdadeiro tesouro no extremo norte do país! Aqui, arte, cultura e natureza se fundem em cenários de tirar o fôlego, marcados pela impressionante arquitetura de seus templos. Lar do maravilhoso Templo Branco (Wat Rong Khun), uma obra-prima que parece saída de um sonho, a cidade oferece uma atmosfera tranquila, ideal para quem deseja escapar das multidões de Bangkok e Chiang Mai.
Fundada em 1262, pelo Rei Mangrai (daí o nome: “Chiang” = Cidade e “Rai” de Mangrai), Chiang Rai foi a primeira capital do Reino Lanna, um poderoso império do norte da Tailândia. Durante séculos, a cidade desempenhou um papel estratégico nas rotas comerciais da região, influenciada por culturas tailandesa, birmanesa e laosiana.
A propósito, Chiang Rai é a porta de entrada para o famoso “Triângulo Dourado” (Golden Triangle), a tríplice fronteira entre Laos, Myanmar e Tailândia. Esta região, conhecida no passado pelo comércio do ópio, hoje atrai viajantes em busca de vistas panorâmicas do Rio Mekong, passeios de barco, templos e outras belezas naturais.
Para conhecer suas atrações de Chiang Rai, você pode hospedar-se na cidade, ou ainda, fazer um bate e volta a partir de Chiang Mai, um destino tradicional, também ao norte da Tailândia.
Como estávamos com tempo limitado, escolhemos a segunda opção, mas não nos arrependemos. Embarcamos em um tour de um dia com a Monkey Travel Asia e foi excelente.
Confira, a seguir, como foi a nossa experiência!
Ponto de Encontro

O tour começou cedo, às 7h da manhã. O ponto de encontro foi no Burger King, próximo às muralhas de Chiang Mai. A primeira boa surpresa foi o transporte: nada de vans apertadas! Viajamos em um ônibus espaçoso e confortável, perfeito para as 3h30 de viagem.

O Tour foi feito em espanhol e a guia falava bem a língua, pois havia morado um tem po em Málaga, na Espanha. A guia era muito simpática e nos deu muitas dicas sobre a Tailândia.
1ª. Parada: Mae Kachan Hot Spring

A primeira parada foi nas fontes termais de Mae Kachan, às margens da rodovia. Como acordamos cedo, a parada foi ideal para um descanso rápido e um café da manhã reforçado. A entrada é gratuita.
Na verdade, o local é bem simples e as corredeiras de águas quentes ficam constantemente lotadas. Não pense que você vai nadar por lá – as águas quentes são perfeitas apenas para relaxar por alguns minutos os pés, mas cuidado: a temperatura é bem alta!
Para nós, a parada valeu a pena, pois não tínhamos tido tempo de tomar café e aproveitamos a dica da nossa guia de experimentar os crepes preparados na hora. Uma delícia!
Após 15 minutos, já estávamos de volta no ônibus, prontos para seguir viagem.
2ª. Parada: Aldeia das Mulheres-Girafas

Nossa segunda parada nos levou a um dos destinos mais intrigantes e polêmicos da região: a aldeia das mulheres-girafas (Mae Kachan Hill Tribe).
As mulheres da tribo Padaung, também conhecidas como Kayan Lahwi, são um subgrupo dos Karen que se refugiaram na Tailândia, fugindo de conflitos em Myanmar, são conhecidas por seus longos pescoços adornados com anéis de latão, uma tradição secular que desperta curiosidade e debate.
A origem desse costume é cercada de hipóteses. Alguns dizem que surgiu como proteção contra-ataques de tigres, enquanto outros afirmam que o objetivo era realçar a beleza feminina. Hoje, a prática persiste como um forte símbolo cultural, passado de geração em geração, mas sua história vai além da estética, estando profundamente ligada à luta pela sobrevivência e à preservação da identidade dessa comunidade.
A tribo Karen tem uma trajetória marcada por conflitos e perseguições em Myanmar, o que levou muitos de seus membros a buscar refúgio na Tailândia. No entanto, sem cidadania tailandesa, suas opções de trabalho são limitadas. Nesse contexto, a tradição dos anéis de pescoço tornou-se tanto uma expressão cultural quanto uma forma de sustento, o que levanta um dilema ético para os visitantes.
A entrada na aldeia custa 300 baths e não está incluída no tour. Para alguns, a visita representa um incentivo à exploração turística dessas mulheres, tratadas como “atrações vivas”. Por outro lado, há quem defenda que o turismo proporciona renda a uma comunidade com poucas oportunidades, ajudando na preservação de sua cultura.
Caso opte por conhecer a aldeia, o percurso dura cerca de 30 minutos e segue um trajeto circular. O local é composto por tendas simples, onde as mulheres vendem artesanatos, posam para fotos e oferecem réplicas de seus anéis para que os visitantes experimentem. A comunicação é limitada, pois falam pouco inglês, mas a experiência desperta a curiosidade e incentiva o visitante a pesquisar mais sobre sua história e costumes.
Para uma experiência mais enriquecedora, evite parar nas primeiras tendas. Como os produtos são semelhantes em toda a aldeia, caminhar um pouco mais garante um ambiente mais tranquilo para interagir com as mulheres e contribuir diretamente para seu sustento ao adquirir os artesanatos.
Independentemente da decisão de visitar ou não, é essencial refletir sobre a complexidade dessa realidade e respeitar a dignidade da comunidade.
Wat Rong Khun: o espetacular templo branco

Enfim chegamos ao ponto alto do passeio – o espetacular Wat Rong Khun. Conhecido como Templo Branco, é uma verdadeira fusão de arte surrealista e espiritualidade. Cada elemento foi meticulosamente projetado pelo artista Chalermchai Kositpipat, desde a ponte que representa a jornada da vida até as esculturas que simbolizam as tentações do mundo moderno.
A história do templo é tão fascinante quanto sua estética. Chalermchai começou sua carreira como pintor e ganhou notoriedade ao trabalhar para o Rei da Tailândia. Durante a crise financeira asiática de 1997, decidiu criar algo que trouxesse esperança ao povo tailandês. Para manter sua visão artística intacta, financiou o projeto inteiramente com recursos próprios, recusando doações externas. Inspirado por seu mestre, optou por inovar em vez de seguir os estilos tradicionais dos templos budistas, resultando em uma obra singular e impactante.
O templo é completamente branco, com fragmentos de vidro que refletem a luz do sol, criando um efeito mágico. A ponte de entrada, adornada por mãos emergindo do “inferno”, simboliza a jornada da purificação. Segundo a tradição, cada pessoa deve atravessá-la sozinha, pois todos são responsáveis por suas próprias ações.

Entre as dezenas de mãos, uma se destaca com uma unha pintada de vermelho. Muitos dizem, em tom de brincadeira, que simboliza a presença de apenas uma mulher no inferno, mas o verdadeiro significado é que até mesmo um ato aparentemente banal pode levar à perdição.
No interior, as pinturas surpreendem pela modernidade, incluindo referências inesperadas a personagens como Hello Kitty e figuras históricas como Bin L@den. Infelizmente, não é permitido fotografar o interior, mas os murais funcionam como uma crítica sutil às tentações e desafios do mundo contemporâneo.
Para evitar multidões e tirar fotos mais tranquilamente, recomenda-se visitar o lado leste do templo, que é menos movimentado. Porém, fique atento ao tempo! A experiência no templo é intensa e rápida, e tivemos apenas um momento para um lanche antes de seguir para o próximo destino.
Wat Rong Suea Ten: a magia do templo azul

Após um rápido lanche, seguimos para o Wat Rong Suea Tem. Conhecido como Templo Azul de Chiang Rai é uma verdadeira joia da arquitetura contemporânea tailandesa. Inaugurado em 2016, após duas décadas de planejamento e construção, ele combina arte moderna com espiritualidade budista, encantando visitantes com sua estética impressionante e atmosfera única.
Projetado pelo talentoso arquiteto Phuta Kabkaew, discípulo de Chalermchai Kositpipat (criador do famoso Templo Branco), o Templo Azul foi erguido sobre as ruínas de um templo abandonado por mais de um século. Seu nome, que significa “Casa do Tigre Dançante”, faz referência à lenda de que tigres costumavam saltar sobre o rio Mae Kok, que passa próximo ao local.
A característica mais marcante do templo é sua deslumbrante tonalidade azul safira, escolhida propositalmente por seu simbolismo no budismo: tranquilidade, infinito, pureza e cura. O exterior é adornado com detalhes dourados e esculturas mitológicas, como as imponentes serpentes nagas que guardam a entrada principal, criando um contraste visual impressionante.

Ao entrar no templo, os visitantes são imediatamente envolvidos por um espetáculo de cores e simbolismo. O interior é ricamente decorado com murais vibrantes que retratam a vida de Buda de forma moderna e expressiva. No centro do santuário, uma imponente estátua branca perolada de Buda, com 6,5 metros de altura, parece flutuar diante do fundo azul intenso, criando um efeito visual hipnotizante.
Após explorar o interior, vale a pena passear pelo entorno do templo, onde diversas lojinhas oferecem artesanatos locais e souvenirs. Uma experiência imperdível para refrescar-se do calor de Chiang Rai é provar o famoso sorvete azul vendido ali, feito com ingredientes tropicais como coco e manga — uma delícia que combina perfeitamente com o ambiente do templo.
Para os amantes da fotografia, há um ponto elevado acessível por uma escadaria atrás do templo, que proporciona uma vista panorâmica da estrutura e seus detalhes ornamentais.
Wat Huay Pla Kang: o templo chinês

E nossa parada final foi no Wat Huay Pla Kang. Conhecido como “Templo Chinês”, é, em verdade, um complexo que combina elementos da cultura tailandesa e chinesa. O destaque é a gigantesca estátua de Guanyin, a deusa da compaixão no budismo chinês.
É possível subir de elevador até o terceiro olho da estátua, de onde se tem uma vista panorâmica de Chiang Rai. Para chegar aos pés da grande estátua, há duas opções: uma escadaria imponente ou um trenzinho gratuito, ideal para quem tem dificuldade de locomoção ou prefere um trajeto mais confortável.
O complexo inclui um templo principal, em estilo chinês, e uma pagoda de nove andares, que é igualmente impressionante. Cada andar da pagoda apresenta imagens de Buda e outros ícones sagrados, proporcionando uma experiência espiritual única.
Baan Dam: o enigmático “Templo Negro”

Infelizmente, nosso tour não contemplava a visita ao Baan Dam Museum, ou Templo Negro, em Chiang Rai. De fato, não seria possível incluir mais uma atração em um tour de um dia, pois terminamos a visita ao Templo Chinês por volta das 16h e chegamos em Chiang Mai por volta das 20h.
O Baan Dam Museum é um museu que mistura arquitetura tradicional com temas sombrios e introspectivos. Com cerca de 40 construções de madeira e artefatos que evocam reflexões sobre a mortalidade e a existência, o Templo Negro oferece uma perspectiva mais contemplativa e misteriosa.
Os interiores das construções abrigam uma coleção impressionante e, para alguns, perturbadora. Entre os itens expostos estão ossos, peles de animais, móveis elaborados e esculturas que evocam reflexões filosóficas e emocionais.
A disposição dos objetos e a atmosfera sombria do local criam uma experiência que muitos consideram fascinante, enquanto outros podem achar desconfortável.
Em resumo
O tour por Chiang Rai foi uma experiência inesquecível, com templos incríveis e muita cultura. O transporte confortável, o guia experiente e a oportunidade de conhecer lugares únicos como a aldeia das mulheres-girafas tornaram o passeio ainda mais especial. O único ponto negativo foi o curto tempo para o almoço.
Se você está planejando uma viagem para a Tailândia, não deixe de incluir Chiang Rai no seu roteiro. Tenho certeza de que você vai se encantar com a beleza e a magia dessa cidade!
Se você tiver tempo de sobra, se hospede em Chiang Rai e tenha uma experiência muito mais intensa. Há voos diretos de Bangkok para o Aeroporto de Chiang Rai (CEI). Caso contrário, opte pelo day trip a partir de Chiang Mai, que oferece a possibilidade de conhecer os principais templos de Chiang Rai. Neste caso, recomendamos a empresa Monkey Travel Asia, pela excelência dos seus serviços.