O Canal do Jari é um canal fluvial que liga o Rio Tapajós ao Rio Amazonas, nas proximidades de Santarém e do vilarejo de Alter do Chão. Juntamente com a Flona do Tapajós, é visita obrigatória para quem vai a um destes destinos do Pará.
Trata-se de um paraíso ecológico de beleza indescritível. Um interessante ecossistema situado entre as águas barrentas do Rio Amazonas e as águas esverdeadas do Rio Tapajós. Na época de seca, o canal tem entre 50 e 100 metros de largura com aprox. 17 km de extensão (estimativa baseada nos mapas).
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Em toda a sua extensão, o canal é acompanhado de belíssimos campos onde se encontram várias casas de palafitas dos ribeirinhos. Em alguns pontos, também é possível encontrar florestas e lagoas. Diversos animais parecem conviver de forma tranquila por lá, inclusive, jacarés, aves, macacos, bichos-preguiça e iguanas. Além disso, os moradores trouxeram seu gado, seus cavalos e seus animais de estimação para conviver naquele ecossistema. Não é incomum ver cachorros mergulhando nas águas do canal.
Segundo o nosso barqueiro, durante a época de cheia, os campos ficam alagados e muitos moradores tem que se deslocar para terra firme, levando consigo os seus animais. Imagine a mobilização! Os moradores mais corajosos ficam por lá, mas só podem sair de casa de barco.
É possível fazer um passeio de um dia inteiro (day trip) para o Canal do Jari a partir de Alter do Chão. Neste artigo, contamos como foi a nossa experiência. Confira!
Itinerário
1. Embarque
O passeio começa às 8h30 com o embarque no Centro de Atendimento ao Turista (CAT), uma estrutura de madeira às margens do Rio Tapajós, em Alter do Chão. Durante o chamado “verão amazônico”, os passeios de barco só podem partir de lá.
2. Entrada no Canal do Jari
Após 40 minutos de navegação, chegamos à entrada do Canal do Jari. Como estávamos na proa da embarcação, fomos os primeiros do grupo a nos encantar com a paisagem natural. Um conjunto de bastões de madeira indicavam o caminho para a entrada do canal.
As águas do canal são muito tranquilas. Em verdade, todo aquele ambiente transmitia muita tranquilidade. Se o nosso barco desligasse o motor, o silêncio seria quase total. Só ouviríamos o leve balançar das águas.
Logo de início, observamos alguns animais nas margens, os campos com gramas baixinhas, algumas casas de ribeirinhos com seus piers rudimentares e embarcações de madeira.
3. Trilha do Preguiças
Após 10 minutos navegando pelo Canal do Jari, fizemos nossa primeira parada.
Subimos no 1° andar de uma casa de palafitas, onde havia uma lojinha de artesanato e uma pequena exposição com mandíbulas de um jacaré, a carcaça de uma tartaruga e a pele de uma cobra imensa.
Lá começou nosso passeio guiado pela chamada Trilha das Preguiças, um percurso de 30 minutos pela Floresta em torno do Canal do Jari, onde habitam o macaco da mão amarela, a coruja jacurutu, aves (como o pica-pau da cabeça vermelha), bichos-preguiças, além de árvores centenárias.
Dentre as árvores, destaca-se a Castanheira, que produz a chamada Castanha Sapucaia. As castanhas ficam em cumbucas duras (chamadas de ouriços pelos locais). Os levados macacos conseguem quebrar essas cumbucas e comer as castanhas.
Infelizmente, não foi possível observar tudo o que a localidade tinha a oferecer. As preguiças e os outros animais ficavam escondidos nas árvores e fica difícil observá-los à distância.
Também é possível visitar a trilha das preguiças durante a época de cheia, mas, nesse período, a trilha se transforma em um igarapé e o percurso é feito de canoa (veja aqui).
- Igarapé é um curso de um rio ou um canal dentro das matas.
O passeio pela Trilha das Preguiças custa R$ 20,00 e é pago à parte.
4. Troca de Embarcação
Como estávamos na época da seca, não foi possível prosseguir no canal com a nossa lancha. A partir de um determinado ponto, o canal torna-se muito raso. Foi necessário trocar para uma embarcação menor e mais lenta. O barqueiro cobrou o valor de R$ 10 por pessoa.
5. Vitórias-Régias
Nossa segunda parada foi na casa da Dona Dulce para conhecer a sua plantação de Vitórias-Régias e fazer uma degustação de produtos feitos dessa planta.
Na frente da casa, há uma lagoa com o “jardim das vitórias-régias”. Circulamos a lagoa por uma ponte improvisada para chegar até a casa. No caminho, apreciar o espetáculo das Vitórias-Régias é indescritível. Foi o que mais me encantou em minha visita.
A degustação é feita no 1° piso da casa e custa R$ 25,00. Enquanto a D. Dulce preparava os pratos, alguns turistas aproveitavam para tirar fotos junto às Vitórias-Régias.
Experimentamos tempurá, picles in natura, picles no tucupi, quiche e vinagrete. Havia também sobremesa: brownie, paçoca, e geleia (todos utilizando a Vitória-Régia como ingrediente principal). Alguns pratos estavam gostosos, outros nem tanto. A dona Dulce procura aproveitar todas as partes da planta em suas receitas. Mas, notei que muita coisa era fritura. Acho que vale experimentar os pratos, mas apenas uma vez.
A Dona Dulce é uma ex-marinheira mercante que se mudou em 2014 para às margens do Canal do Jari com seu marido, que é natural da região. Para enfeitar a sua casa, resolveu plantar as vitórias-régias, mas a sua casa logo tornou-se uma atração turística e dona Dulce passou também a estudar a planta e utilizá-la para experiências gastronômicas (fonte: G1). Às quintas-feiras, a Dona Dulce costuma ir a Alter do Chão para preparar seus pratos no restaurante Mãe Natureza Restôbar.
- Leia sobre os 7 melhores restaurantes de Alter do Chão
6. Ponta das Pedras
Saímos do Canal do Jari e cruzamos o Rio Tapajós para almoçar em Ponta de Pedras.
Ponta de Pedras é uma comunidade balneária localizada a 25 km de distância de Alter do Chão. É um lugar para quem quer tranquilidade, ficando isolado da cidade, mas em contato direto com a praia.
O nome Ponta de Pedras vem, muito provavelmente, das formações rochosas que ficam na praia numa ponta de areia no Rio Tapajós. A Comunidade conta com um mercadinho (Mini Box Preço Baixo), com Restaurantes e Quiosques de Praia. A partir desta comunidade, também é possível fazer todos os passeios de barco disponíveis em Alter do Chão.
Almoçamos no Restaurante Panela de Barro. O restaurante fica um pouco afastado da área dos guarda-sóis. É uma opção para quem se hospeda na Pousada Ponta de Pedras ou durante os passeios de barco, como foi o nosso caso.
A vista é deslumbrante. O restaurante é amplo, bem arejado, com mesas de madeira e um redário ao lado.
Logo na chegada, você escolhe o peixe que deseja comer dentro de um isopor. Você pode optar por apenas uma metade de um tambaqui (R$ 100,00). Se escolher pirarucu, tem que ser inteiro (R$ 200,00) .
O peixe é assado na grelha, temperado apenas com sal e acompanhado por farofa, feijão tropeiro e vinagrete. É uma culinária ribeirinha. Comida simples, mas, muito bem feita, saborosa e farta.
Depois do almoço, caminhamos por aquele cenário maravilhoso para chegar aos guarda-sóis e tomar um banho de praia. Dava para ficar o dia inteiro ali.
7. Ponta do Cururu
No final da tarde, seguimos em direção a Alter do Chão e fizemos uma parada para apreciar o por do sol na Ponta do Cururu. Várias embarcações com turistas param por ali.
A paisagem é magnífica. Entramos na água e, de vez em quando, um boto faz um mergulho à nossa frente. Mas, é tudo muito rápido.
Além dos pontos mencionados, o passeio do Canal do Jari também costuma incluir o Lago Tapari e o Lago Preto, mas, essas atrações não podiam ser visitadas na época que fizemos esse tour.
Quanto custa o passeio do Canal do Jari?
Ao fazer o passeio de um dia para o Canal do Jari, você vai gastar, no total, R$ 255,00, por pessoa. Os itens de gasto estão discriminados na tabela a seguir.
Item de Gasto | Valor (R$) |
Translado de Barco | 130,00 |
Trilha das Preguiças | 20,00 |
Troca de Barco | 10,00 |
Degustação de Vitória-Régia | 25,00 |
Almoço | 50,00 |
Total | R$ 255,00 |
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Contratando o passeio do Canal do Jari
Para fazer o passeio ao Canal do Jari, você deve contratar um barqueiro em Alter do Chão. Minha recomendação é perguntar na própria pousada, evitando contratar o passeio com os barqueiros na rua, que podem acabar cobrando muito mais caro.
No nosso caso, quem arranjou tudo foi o Eduardo, dono da Pousada Sombra do Cajueiro, onde ficamos hospedados.
Participamos de um grupo com o irmão do Reinaldo, dono do Hostel Pousada do Tapajós. O Reinaldo também costuma fazer o passeio, mas tudo depende da disponibilidade.
Outro barqueiro que indicamos é o Deco (93) 99132-6160. O barco do Deco é amplo e confortável.
O valor do passeio costuma girar em torno de R$ 130,00, mas não custa pedir um desconto, especialmente, se você estiver viajando com outras pessoas.
Conclusão
Se você estiver visitando Santarém ou Alter do Chão, não deixe de fazer o passeio de um dia para o Canal do Jari. Sem dúvida, será uma oportunidade de apreciar um ecossistema peculiar da Amazônia, degustar os produtos de Vitórias-Régias e, ainda, terminar o dia nas águas deliciosas do Rio Tapajós.