
Com o avanço do Coronavírus (COVID-19) pela Europa e pelos Estados Unidos, a pergunta que muita gente está se fazendo é se deve ou não desistir da iminente viagem ao exterior. É uma dúvida cruel e eu mesmo estou vivendo esse dilema.
Se desistir, você perde dinheiro, as férias agendadas e a oportunidade de conhecer o tão sonhado destino. Se não desistir, sujeita-se a diversos riscos desnecessários, mesmo em países em que número de casos confirmados da doença ainda é pequeno.
Mas, a decisão é sua!
Neste artigo, explico os riscos a que você está sujeito ao viajar num cenário de pandemia. Além disso, passo algumas dicas indispensáveis se, mesmo diante desse cenário, você decidir viajar.
O risco óbvio de viajar para o exterior, nesse momento, é ser infectado. Os principais sintomas da infecção por Coronavírus são febre, tosse, falta de ar e dor no corpo (muito parecido com uma gripe). Entretanto, podem haver casos mais graves, com sintomas respiratórios importantes que levarão a uma internação em uma unidade de tratamento intensivo por tempo indeterminado. Sem falar é claro no risco de óbito, principalmente nas pessoas do grupo de risco.
Se você for infectado e não tiver nenhum sintoma, ainda assim, você pode transmitir o vírus para parentes, familiares ou outras pessoas do seu convívio.
Mas, não é sobre esse risco que eu quero falar aqui. Há vários outros que o viajante estará sujeito nesse cenário, relacionadas a medidas governamentais ou a providências adotadas pelas empresas privadas.
1. Seguro-Saúde não cobre epidemias ou pandemias
A maior parte dos seguros-saúde não cobre o tratamento de saúde em casos de epidemias ou pandemias. A única exceção que eu tomei conhecimento é o AssistCard, mesmo assim, com algumas restrições. Portanto, se você adoecer no exterior, provavelmente, terá que se virar por conta própria arcando com os gastos hospitalares.
- Nos Estados Unidos, por exemplo, apenas o teste do Coronavírus custa 1.600 dólares americanos em Seattle para quem não tem seguro-saúde. A informação é de Michael Hobbes, reporter do HuffPost, que visitou ontem o UW Medical Center. Imagine, então, quanto deve custar a internação!
Se isso tudo não bastasse, havendo uma explosão de casos, os sistemas de saúde, público ou privado, podem não dar conta da demanda.
2. Restrições à entrada e circulação de pessoas
Outro grande risco a que estão sujeitos os viajantes são as restrições à entrada e saída do país e à circulação de pessoas, inclusive, submetendo os visitantes a uma quarentena obrigatória. Vários países estão adotando medidas restrititvas:
- A Índia proibiu a entrada de visitantes estrangeiros e cancelou todos os vistos já emitidos.
- Portugal acabou de decidir que navios transatlânticos podem atracar na cidade, mas os passageiros não poderão desembarcar, exceto, os nacionais portugueses.
- A Argentina suspendeu os voos de áreas afetadas pelo Coronavírus por 30 dias e estabeleceu vários casos em que o visitante é colocado em isolamento por 14 dias.
Observe que essas restrições podem ser tomadas de uma hora para outra, de forma arbitrária ou não, ainda que o país não tenha um grande número de casos confirmados de infecção pelo Coronavírus.
Imagine, por exemplo, você tirar férias de duas semanas e ter que ficar em isolamento por esse período de 14 dias logo na chegada! Melhor ficar em casa!
3. Fechamento de estabelecimentos e cancelamento de eventos
Outra possível medida adotada pelos governos para combater a disseminação do Coronavírus é o fechamento de estabelecimentos e de atrações coletivas como museus, teatros, cinemas, estádios, restaurantes, shoppings centers e até praias.
Quando você viaja, quer descobrir novos lugares e ter novas experiências. Nesse cenário, é bem provável que suas expectativas sejam frustradas e a própria razão de ser da viagem deixe de existir.
4. Cancelamento de Voos
Outro risco é o cancelamento de voos. Neste caso, o pior cenário seria o cancelamento do voo de volta, se a epidemia se agravar no local de destino. Cancelando o voo de ida, o transtorno seria menor.
- A Lufthansa, por exemplo, cancelou 23 mil voos até 24 de abril em função da pandemia (leia aqui). A Latam e a Azul reduziram em até 30% os voos internacionais por causa do Coronavírus (leia aqui).
É verdade que a companhia aérea tem a obrigação de reacomodar os passageiros. Mas, nem sempre aquele voo que você deseja estará disponível, afinal, são pelo menos 200 pessoas na mesma situação que a sua. Assim, é bem provável que o voo oferecido seja aquele com várias conexões.
A única certeza é que você gastará um bom tempo ligando para o Call Center da companhia aérea.
5. Real Desvalorizado
Em 2020, o real (BRL) foi a moeda que mais se desvalorizou em relação ao dólar chegando a atingir o patamar de R$ 5, com o agravamento da crise. Portanto, qualquer que seja o seu destino, mesmo países emergentes, você terá que gastar mais para viajar.
É bem provável que, em algumas semanas, o dólar americano volte aos patamares de R$ 4,50. Assim, adiar a sua viagem ao exterior também será uma medida saudável do ponto de vista financeiro.
E se mesmo assim eu quiser viajar? O que fazer?
Como eu falei, a decisão é sua! Antes de decidir, o importante é que você avalie bem os riscos envolvidos. Se decidir viajar, tente mitigar esses riscos ao máximo. Seguem algumas sugestões a respeito:
- Verifique com a sua companhia aérea a situação dos seus voos.
- Verifique com a Embaixada ou o Consulado do país de destino quais são as restrições que estão sendo impostas a estrangeiros no país e as medidas de contingência, restrição de circulação no país, em especial, na região (ou regiões) onde pretende ficar.
- Verifique a cobertura do seu Seguro-Saúde para as internações decorrentes do Coronavírus, bem como, para gastos acessórios como prolongamento de estadia, alteração de voos de retorno etc.
- Verifique se as atrações que pretende visitar estão em funcionamento.
- Evite aglomerações.
- Evite cumprimentar, abraçar e beijar as pessoas.
- Se informe sobre os meios de prevenção do Coronavírus. O G1 tem uma série de vídeos sobre o assunto (assista aqui).
- Lave bem as mãos constantemente e não as leve ao rosto, especialmente, aos olhos, nariz e boca.
- Leve álcool gel. As máscaras só devem ser usadas por quem tem sintomas, para evitar a contaminação de terceiros. Elas não protegem quem as está utilizando de ser contaminado.
Resumindo…
Espero que você se informe sobre os riscos de viajar nesse cenário de disseminação do Coronavírus e que tome a melhor decisão refletida sobre a sua viagem ao exterior. Tenho certeza que, em poucos meses e com as medidas adotadas pelos diversos países, o número de casos deve diminuir, e as pessoas poderão voltar a fazer as suas viagens de forma tranquila.