Quem viveu o apagão aéreo de 2006 e quem já viajou para o exterior sabe que há muito a ser melhorado nos aeroportos brasileiros. Mesmo com a desestatização, que exige dos concessionários o pagamento de elevadas outorgas ao governo, os aeroportos do Brasil deixam muito a desejar em relação aos seus congêneres internacionais.

Não sou um especialista em infraestrutura aeronáutica, mas sou um bom observador e já viajei para 72 países, conhecendo mais de 100 terminais mundo afora. Não há como não fazer comparações!

Nesse artigo, faço um benchmarking entre os aeroportos brasileiros e os estrangeiros, levantando os pontos que poderiam ser melhorados para o conforto e a segurança dos passageiros. Outros aspectos, tais como, a segurança das operações aeroportuárias, não foram considerados. Deixo claro que estou considerando, exclusivamente, o ponto de vista do usuário do transporte aéreo.

Nos pontos levantados, há medidas de responsabilidade dos governos, dos operadores aeroportuários e também dos próprios passageiros. Confira!

1. Acesso Ferroviário

Os principais aeroportos do mundo, especialmente os da Europa e da Ásia, oferecem aos passageiros a opção de ir ou voltar por transporte ferroviário. Esse acesso pode ser feito por uma linha dedicada (do aeroporto até o centro da cidade sem conexões ou paradas) ou pelas linhas de transporte público comum (metrô ou trem de subúrbio).

Maglev, Xangai, China
Maglev: trem de levitação magnética que liga o aeroporto de Xangai (PVG) à cidade e pode chegar a 430 km/h

Cito aqui alguns exemplos:

  • Tóquio, Japão (NRT) – Narita Express
  • Joanesburgo, África do Sul (JNB) – Gautrain
  • Bangkok, Tailândia (BKK) – Airport Rail Link
  • Xangai, China (PVG) – Maglev (trem de levitação magnética)
  • Kuala Lumpur, Malásia (KUL) – Klia Express
  • Moscou, Rússia (todos os aeroportos) – Aeroexpress
  • Londres (LHR) – Heathrow Express
  • Paris (CDG) – linha RER 2
  • Toronto (YYZ) – Union Pearson Express
  • Cidade do México (MEX) – Linha 5 do metrô
  • Washington DC, EUA (DCA) – Linhas Blue e Yellow do metrô.
  • Lisboa, Portugal (LIS) – Linha Vermelha.

Esse acesso ferroviário é uma opção sustentável e confere previsibilidade nos tempos de deslocamento até o aeroporto. Além disso, ir de trem até o aeroporto costuma ser bem mais confortável que ir de taxi, de uber ou de ônibus. A propósito, nas linhas dedicadas, o passageiro pode, até mesmo, fazer o check-in e despacho das bagagens na própria estação de partida, sem se preocupar em carregá-las durante o transporte.

Infelizmente, no Brasil, o passageiro pode passar até 2 horas no trânsito para chegar ao aeroporto, especialmente nas grandes cidades. Isso pode acontecer, por exemplo, com quem vai da Zona Sul de São Paulo até o Aeroporto de Guarulhos (GRU) ou com quem vai da Barra da Tijuca até o Aeroporto do Galeão (GIG) numa sexta-feira ao entardecer.

A possibilidade de enchentes ou engarrafamentos exigem que o viajante cauteloso vá para o aeroporto com muito tempo de antecedência. Afinal, quem numa ouviu uma estória de alguém que perdeu o voo em função do trânsito?

É verdade que, nem sempre, a opção ferroviária é a mais rápida, especialmente, quando há muitas conexões a serem feitas, mas costuma ser a opção mais em conta, mais segura e previsível para os passageiros.

No Brasil, o acesso por trilhos está disponível nos seguintes aeroportos: Guarulhos (GRU), Santos Dumont (SDU), Recife (REC), Porto Alegre (POA) e Salvador (SSA). Entretanto, nenhuma das estações está localizada dentro dos terminais. A estação de metrô de Salvador, por exemplo, está a 1 km do terminal. A de Guarulhos, a 1,3 km do principal terminal, que é o Terminal 2.

A construção de um acesso ferroviário é de responsabilidade dos Governos e não da operadora aeroportuária, mas certamente, ela poderia ajudar a viabilizar uma solução mais adequada aos passageiros. Nesse sentido, o caso do Aeroporto de Guarulhos é emblemático.

A ligação ferroviária até o Aeroporto de Guarulhos

O Governo do Estado de São Paulo afirma que não foi possível fazer chegar a ligação férrea (linha 13 – Jade da CPTM) até os Terminais 2 e 3, porque a concessionária GRU Airport afirmou que já haveria, na área, uma proposta de construção de um shopping center (que também não foi construído).

“A GRU-Airport é uma concessão federal, e ela não nos proporcionou que o trem chegasse até próximo aos terminais 2 e 3”, afirmou Clodoaldo Pelissioni, Secretário de Transportes Metropolitanos, à época da inauguração da linha. Fonte: Diário do Transporte (31/3/2018).

Para saber mais sobre o tema, leia também:
Trem para Cumbica: verdades e mitos (Folha de São Paulo, 3/2/2020)

A propósito, há, pelo menos, 10 anos (antes mesmo da construção do Terminal 3), me recordo de ter visto placas num local ao lado do Terminal 2 com uma área reservada para a ligação ferroviária.

A linha 13 da CPTM acabou ligando apenas o Terminal 1, que é o terminal com o menor movimento de passageiros do aeroporto e que, atualmente, encontra-se, fechado em razão da pandemia do Coronavírus.

Mesmo nessa configuração, a concessionária teria se comprometido a construir um “People Mover”, ou seja, uma espécie de monotrilho ligando os terminais, mas isso só ficou no papel. Atualmente, ônibus fazem o translado entre os terminais e quem deles já se utilizou sabe o desconforto que eles acarretam aos passageiros.

2. Veículos estacionados nas áreas de embarque e desembarque

Não tem nada mais irritante que, ao chegar ou sair de um aeroporto, não encontrar lugar  porque há veículos estacionados indevidamente. Isso ocorre nos principais aeroportos brasileiros e há omissão ou leniência dos órgãos de fiscalização de trânsito. Além de multa, os veículos deveriam ser guinchados do local (art. 181, XVIII, do Código de Trânsito Brasileiro).

Veículos estacionados na área de embarque, Aeroporto de Brasília
Veículos estacionados na área de embarque, Aeroporto de Brasília

Em Brasília, por exemplo, é muito comum que os motoristas tenham que parar em fila dupla ou tripla na chegada ao aeroporto, porque há carros estacionados ao longo de toda área de embarque/desembarque, nas duas pistas. Também é muito comum veículos estacionados indevidamente nas áreas destinadas a portadores de necessidades especiais.

Além de prejudicar os demais passageiros, acarretando riscos de atropelamento, o estacionamento irregular prejudica a fluidez no tráfego.

Para resolver esse problema, deveria haver uma presença ostensiva de policiais ou agentes de trânsito no local aplicando, se for o caso, as penalidades cabíveis aos infratores.

Uma outra solução, que está presente em muitos aeroportos estrangeiros, seria estabelecer um controle de entrada de veículos na área de embarque/desembarque. Caso o veículo ultrapassasse um período de tolerância (por exemplo, 10 minutos), deveria pagar uma taxa de estacionamento.

3.  Restrição de Acesso à Área de Check-In

Nenhum aeroporto civil brasileiro tem restrições de acesso de pessoas à área de check-in. Em determinados aeroportos mundo afora, entretanto, só tem acesso ao hall de check-in aqueles que apresentem passagem aérea ou aos próprios funcionários do aeroporto. É o caso, por exemplo, do aeroporto de Lima, no Peru, onde há um “Controle de Pré-embarque” na porta do Terminal.

Área Restrita para Passageiros no Aeroporto de Cuzco, Peru
Área Restrita para Passageiros no Aeroporto de Cuzco, Peru

Em outros aeroportos, há, inclusive, um pre-screening em que as bagagens são inspecionadas em um Raio X. Vide, por exemplo, o aeroporto de Istambul, na Turquia, e o de Pudong (PVG) em Xangai, na China.

Essa restrição de acesso é extremamente importante para a segurança e conforto dos passageiros e funcionários. Afinal, só faz sentido deixar entrar no hall quem tenha alguma razão legítima para fazê-lo. Terminal não é parque público ou shopping center para as pessoas ficarem passeando sem propósito!

Medidas como esta evitariam situações indesejáveis ocorridas no Aeroporto Internacional de Guarulhos, muitas das quais eu mesmo já presenciei:

  • pedintes [fonte: Passageiros se queixam do aumento de pedintes e ambulantes em Cumbica/Estadão]
  • torcidas de times de futebol [fonte: ‘Tsunami’ corintiano toma saguão, cria caos e transforma aeroporto em estádio/UOL]
  • furtos [fonte: Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, registrou mais de 500 furtos no ano passado/G1]
  • pessoas oferecendo ilegalmente serviços de transporte e câmbio e outros ambulantes em geral.

A restrição de acesso e o “pre-screening” poderiam, ainda, evitar ou mitigar os efeitos de atos de terrorismo. Não podemos dizer que desse mal não vamos sofrer! Temos que nos preparar para todos os cenários!

  • Até pouco tempo atrás, o acesso à área de check-in do aeroporto de Brasília era tão inseguro que um carro poderia sair da pista e ingressar tranquilamente no hall. Atualmente, foram instaladas algumas barreiras, mas, ainda assim, não torna segura a área de check-in.

A propósito, Mathew Finn (diretor da empresa de consultoria em segurança de aviação Augmentiq) assim afirmou: “Parece-me estranho que apenas metade do aeroporto seja seguro. Certamente todo o aeroporto deve estar seguro, a partir do momento em que você chega ao estacionamento” (fonte: Reuters).

4. Áreas de Circulação

Tanto na área pública, quanto na área segura de alguns aeroportos brasileiros observamos que os espaços de circulação são estreitos, considerando a multidão de pessoas que por lá transita. Lojas, quiosques e mesas ocupam áreas de circulação tornando a experiência dos passageiros muito ruim, fazendo com que uns trombem com outros pelo caminho.

  • Obviamente, existem algumas exceções, tais como, os aeroportos de Curitiba e de Vitória.
Aeroporto de Curitiba (CWB)
Aeroporto de Curitiba: uma exceção nos aeroportos brasileiros

Nesse aspecto, alguns aeroportos concedidos parecem ser piores que os administrados pela Infraero. Aparentemente, as elevadas outorgas exigidas pelo Governo Federal fazem com que as operadoras aeroportuárias explorem ao máximo cada espaço disponível.

O caso do aeroporto de Brasília é emblemático. O antigo terminal estava saturado. Após a desestatização, o terminal foi ampliado com a construção dos modernos piers norte e sul, dando acesso às novas pontes de embarque.

Ocorre que, até chegar à porta de embarque, você passa por corredores que ficam estreitos em razão das praças de alimentação e outras lojas, que poderiam ficar nos mezaninos sem atrapalhar os usuários. Não bastasse o espaço estreito, alguns passageiros ainda ficam parados no meio do caminho. E pensar que os piers acabaram de ser construídos!

Mesas da Praça de Alimentação, Terminal do Aeroporto de Brasília
Aeroporto de Brasília: mesas da praça de alimentação atrapalham a circulação de passageiros

Mas, não é só isso! Até pouco tempo atrás, havia um quiosque de uma editora cujos funcionários ficavam abordando os passageiros no caminho da porta de embarque. Eles ficavam na sua frente para te abordar. Além de atrapalhar o fluxo de passageiros, a editora recebeu várias reclamações de violações ao direito do consumidor, chegando a ser fechada pelo Procon/DF.

  • Segundo o Procon/DF, somente no primeiro semestre de 2019, 146 consumidores registraram queixas no Procon em relação à editora no aeroporto JK. Os problemas relatados se referem às dificuldades de cancelamento do contrato, não cumprimento à oferta, publicidade enganosa e método agressivo de abordagem (fonte: Procon/DF).

5. Layout da área de check-in

Continuando no tema da circulação de passageiros, acho interessante mencionar o layout das áreas de check-in dos aeroportos mais modernos da Ásia.

Aeroporto Internacional de São Paulo (GRU)
Terminal 2 do Aeroporto de Guarulhos: corredor é paralelo aos balcões de check-in.

Em muitos aeroportos brasileiros, como é o caso de Guarulhos, os corredores de passagem estão juntos e paralelos aos balcões de check-in. Nos horários de maior movimento (e este é um dos aeroportos mais movimentados do país), os usuários que estão só de passagem, indo ou voltando, “trombam” com aqueles que estão nas filas para despachar as suas bagagens.

Nos terminais mais modernos, entretanto, os balcões de check-in são perpendiculares aos corredores de circulação, evitando esse tipo de “conflito”. Esse tipo de layout não existe somente no check-in, mas também na área de desembarque, no tocante as esteiras de bagagem.

Aeroporto de Bangkok (BKK), Tailândia
Layout do Aeroporto de Bangkok (BKK)

É importante reconhecer que o Terminal 3 do aeroporto de Guarulhos, destinado a voos internacionais, já adota esta configuração.

6. Esteiras Rolantes

Ainda sobre o tema circulação nos terminais, algo que merece atenção nos aeroportos brasileiros é a largura das esteiras rolantes. As esteiras são essenciais para quem circula pelos terminais e precisa chegar rápido aos portões de embarque.

Esteiras Rolantes no Aeroporto de Brasília (BSB)
Esteiras Rolantes: você consegue passar?

Para quem está com tempo sobrando e quer ficar parado na esteira, uma regra de etiqueta básica é ficar na direita, permitindo que os mais apressados ultrapassem pela esquerda. A mesma regra vale para as escadas rolantes dos transportes públicos mundo afora.

Ocorre que, em diversos aeroportos brasileiros, algumas pessoas acabam se aglomerando nas esteiras ou colocam as suas malas de forma a impedir a passagem. Além disso, algumas das esteiras são muito estreitas que, mesmo com a boa vontade das pessoas, fica difícil passar.

7. Salas de Embarque

Também é muito comum encontrar nos aeroportos brasileiros salas de embarque apertadas, onde passageiros se amontoam sem nenhum conforto. O exemplo mais clássico é o das salas para embarque remoto no terminal 2. Numa sala que caberia, no máximo, dois portões de embarque, foram colocados quatro (portões 205-208 e 243-246). É superlotação na certa!

Sala de Embarque, Aeroporto de Foz do Iguaçu (fevereiro-2018)
Sala de Embarque, Aeroporto de Foz do Iguaçu (fevereiro/2018)

Quando estive em Foz do Iguaçu, o 2° destino turístico mais importante do país, fiquei abismado com tantas pessoas aglomeradas nas salas de embarque. Não sei dizer se com a reforma recente o problema foi resolvido.

8.  Ônibus urbano x ônibus específicos

Num aeroporto, os ônibus são usados para transportar passageiros entre os terminais e as aeronaves em posições remotas.

Nos aeroportos brasileiros, os veículos utilizados para esse transporte são ônibus urbanos (city buses), ou seja, os mesmos usados no transporte de pessoas dentro das cidades. Na minha opinião, são extremamente desconfortáveis para os passageiros, especialmente, quando estão lotados. Particularmente, eu acho melhor quando tenho que ir à pé de/para o terminal do que quando tenho que pegar esses ônibus.

O que mais incomoda nos ônibus urbanos é o pouco espaço para circulação, dificultando a acomodação das pessoas e das bagagens de mão. Há muitos assentos, o que é desnecessário, pois o trajeto é relativamente curto e, por conseguinte, o tempo que as pessoas ficam de pé.

Além disso, são geralmente mais elevados que a pista e tem degraus que dificultam o embarque de pessoas idosas ou com dificuldades de locomoção.

Por outro lado, em diversos aeroportos estrangeiros, encontramos ônibus projetados exclusivamente para o transporte aeroportuário. É o caso dos projetados pela empresa alemã Cobus Industries GmbH que estão presentes em vários terminais europeus, em especial, os da linha Cobus 3000. Mas, na China, também encontrei ônibus com as mesmas características produzidos por empresas locais.

ônibus Cobus no Aeroporto de Addis Abeba (ADD) na Etiópia
ônibus Cobus 3000 no Aeroporto de Addis Abeba na Etiópia

Em primeiro lugar, os ônibus são projetados para operar em baixas velocidades (até 30 km/h). Afinal, no aeroporto, essa é a velocidade máxima permitida para esses veículos.

Além disso, possuem portas em ambos os lados, o que pode facilitar o posicionamento do veículo. São mais baixos (ou melhor, abaixam a suspensão) e não possuem degraus nas portas, o que facilita o embarque.

Ônibus no Aeroporto de Lisboa, Portugal
Ônibus no Aeroporto de Lisboa: amplo espaço para circulação e acomodação.

Mas, o que é mais importante: possuem poucos assentos e uma ampla área de circulação dentro do veículo, permitindo que os passageiros se acomodem facilmente. Apenas aqueles que efetivamente necessitam podem ficar sentados no curto trajeto de/para a aeronave.

Todas essas características favorecem um rápido embarque e desembarque de passageiros, bem como tornam o veículo mais acessível aos passageiros com dificuldade de locomoção.

  • Interessante observar que alguns desses ônibus possuem coberturas nas rodas, ou seja, as rodas são escondidas. Por exemplo, no aeroporto de Salzburg, na Áustria. Isso ocorre não somente por razões estéticas, mas protege as rodas de detritos (Foreign object Damage – FOD).

9. Carrinhos de bagagens

Carrinhos de Bagagem no Aeroporto de Brasília (BSB)
Desembarque do aeroporto de Brasília: carrinhos também atrapalham a circulação em horários de grande movimento.

Outra coisa que me irrita bastante é ver carrinhos de bagagem deixados em qualquer lugar nas áreas de embarque ou desembarque. Quantas vezes não vi passageiros à frente na fila de check-in ou nas áreas de desembarque largarem o carrinho por lá, sem se preocupar se ia atrapalhar os demais usuários!

Para esse problema, os europeus já tinham uma solução simples, utilizada também nos supermercados. Basta cobrar pelo uso do carrinho ou exigir uma caução pelo uso. No primeiro caso, só usa o carrinho quem efetivamente precisa dele.

  • Na situação atual, você que não usa carrinho também está custeando o salário do funcionário do aeroporto responsável pela coleta dos mesmos.

Quanto à caução, o usuário deve inserir uma moeda (geralmente de 2 Euros) para liberar o carrinho e só a recebe de volta quando devolvê-lo num local apropriado. Ou seja, o carrinho não vai ficar atrapalhando ninguém!

10. Esteiras de Bagagem

É preciso reconhecer que, com as concessões aeroportuárias e outros investimentos governamentais, houve melhoria na área de coleta de bagagens de alguns terminais. O espaço foi revitalizado e esteiras novas foram instaladas em muitos aeroportos.

Mas, em muitos outros, as esteiras ainda são antigas e os espaços são pequenos para tantos passageiros, causando aglomerações. Veja, por exemplo, o caso do aeroporto de Aracaju (AJU) ou João Pessoa (JPA).

Mesmo nos modernizados, há coisas que dão nos nervos de qualquer viajante. No aeroporto de Brasília, por exemplo, o choque causado pela queda das bagagens impressiona e, quase que inevitavelmente, acarreta algum tipo de dano à mala do passageiro. O vídeo a seguir ilustra bem o que estou falando. Bastaria a instalação de uma superfície que absorvesse o impacto para que o problema fosse resolvido.

 

Além disso, o comportamento dos passageiros fica muito longe da civilidade. Quantas vezes não vemos passageiros desrespeitando as linhas amarelas, colocando os pés sobre as esteiras ou bloqueando os caminhos com os seus carrinhos?

Esteiras de Bagagem no Aeroporto de Helsinque (HEL)
Esteiras de Bagagem no Aeroporto de Helsinque: aguarde a sua vez para pegar a mala!

No Japão, por exemplo, as pessoas só avançam a linha amarela quando avistam a sua bagagem. Observei o mesmo tipo de comportamento em Helsinque, na Finlândia.

11. Limpeza dos Terminais

Outro comportamento não-civilizado dos passageiros pode ser observado no Terminal 2 do aeroporto de Guarulhos (GRU).

Em dias de grande movimento, a sujeira que fica junto aos assentos da sala de embarque é impressionante! São copos, garrafas d’água, papéis de pão, plásticos, dentre outras coisas que deveriam estar no lixo. Reparei isso recentemente, pois procurava uma tomada para carregar meu notebook.

A limpeza dos banheiros também deixa a desejar. A propósito, um passageiro, em 16/1/2020, postou o seguinte relato no site Reclame Aqui:

“Prezados, nos dias 6 e 15/jan/2020 eu utilizei o terminal 2 do aeroporto de Guarulhos (mais especificamente as alas C e D, embarque e desembarque), e achei simplesmente inaceitáveis as condições de higiene e conservação dos banheiros. Todos os banheiros masculinos onde eu entrei estavam com um cheiro muito forte, muitas vezes faltando sabonete e com muitos mictórios interditados. O que mais me chamou a atenção foi o banheiro masculino no desembarque da ala D do terminal 2 (área pública do aeroporto) no dia 15/jan por volta das 24h. O chão estava totalmente urinado, cheiro muito forte e com apenas 2 dos 6 ou 7 mictórios funcionando. Os demais estavam interditados ou até mesmo removidos. (…) “.

Conclusão

Este artigo teve por objetivo fazer uma comparação entre os aeroportos brasileiros e os estrangeiros sob o ponto de vista do usuário. A despeito de reconhecer os investimentos desde a crise do apagão aéreo, ainda há muito a ser aperfeiçoado. Sugerimos, então, 11 melhorias a serem consideradas por governos, operadores e usuários.

Como é possível perceber, a maioria das melhorias propostas estão relacionadas à circulação nos terminais. Nesse ponto, a principal responsabilidade é da operadora aeroportuária. Sei que isso envolve investimentos, que, num cenário de crise, podem ser inviáveis, mas tenho que deixar aqui as minhas sugestões pensando no futuro.

Por outro lado, os passageiros também podem colaborar com o conforto dos demais usuários. Basta seguir algumas regras de educação básica.

E você, o que acha que pode ser melhorado nos aeroportos brasileiros?