Minha primeira impressão de Alter do Chão não poderia ter sido melhor. No primeiro passeio, fui conhecer as deliciosas praias de rio localizadas no Rio Arapiuns, um afluente do Rio Tapajós.
As águas mornas e cristalinas das praias de rio fazem com que você queira passar o dia inteiro por lá. Além disso, os bancos de areia que formam as praias criam um cenário indescritível no meio da Floresta Amazônica. Não é à toa que Alter do Chão é chamado de Caribe Amazônico e já foi considerado pelo jornal britânico The Guardian como o melhor destino de praia do Brasil.
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No passeio do Rio Arapiuns, além de se banhar nas praias, você também conhecerá as comunidades ribeirinhas e a sua atividade de exploração sustentável na floresta. Confira, a seguir, como foi a nossa experiência! As fotos descrevem melhor que os nossos relatos.
Itinerário
1. Embarque
O passeio começa às 8h30 com o embarque no Centro de Atendimento ao Turista (CAT), uma estrutura de madeira às margens do Rio Tapajós, em Alter do Chão. Durante o chamado “verão amazônico”, os passeios de barco só podem partir de lá.
2. Comunidade do Urucureá
Após 50 minutos de barco, chegamos a uma pequena baía na Comunidade do Urucureá, que fica a 15 km do centro de Santarém. Desembarcamos numa praia em frente à casa de uma família. O cenário era espetacular, mas nossa visita seria rápida, apenas para conhecer um pouco do artesanato local.
Num barracão, havia uma exposição de diversos produtos feitos da palha do tucumã: cestos, sousplats, fruteiras, porta-copos, bolsas e outros objetos produzidos pela comunidade.
Não chegamos a adentrar na comunidade. Ficamos apenas no entorno da residência. Numa parte alta, estava sendo construído um restaurante de madeira. Alguns macaquinhos nas árvores entretinham os visitantes. Nem preciso falar da destreza e habilidade dos animais para “roubar” as bananas oferecidas.
A Comunidade do Ucurureá integra o projeto de assentamento extrativista Lago Grande, sendo o artesanato e o turismo as suas principais atividades econômicas. Cerca de 40 mulheres do povoado integram o Tucumarte, um grupo que reúne artistas que trabalham com a palha do tucumã. A arte de trançar a palha é uma tradição passada de mãe para filha.
A colheita da palha é feita de forma sustentável. A palha, usada nas cestarias, costuma ser retirada na própria casa da moradora ou de áreas de manejo definidas pela própria comunidade.
Após a colheita, é feita a retirada dos espinhos e a palha é colocada para secar ao sol. Antigamente, utilizavam-se corantes artificiais para dar cor às palhas. Atualmente, os pigmentos vem da própria floresta. A natureza oferece todas as cores necessárias para enfeitar as cestas. Por exemplo, a semente de Urucum fornece a cor vermelha (fonte: TV Cultura – Reporter ECO).
3. Ponta do Toronó
Da Comunidade do Urucureá seguimos para a Ponta do Toronó, uma faixa de areia sinuosa que adentra o Rio Arapiuns formando vários pontos para banho. O local é bem rústico e não tem infraestrutura. Para saber a localização, clique aqui.
A água é quente, transparente e deliciosa. Ficamos apenas 30 min nesse paraíso, mas, por mim, ficaria o dia inteiro lá. Alguns visitantes contrataram tours particulares, montaram o seu guarda-sol, e puderam ficar lá por muito mais tempo.
4. Ponta Grande
Da Ponta do Toronó, seguimos pelo Rio Arapiuns até a Ponta Grande. Localizada na margem direita do rio, a Ponta Grande também é uma faixa de areia branca com piscinas naturais, tornando possível banhar-se em vários pontos e nos dois lados. Confira também a foto em destaque!
Sinceramente, não vi muita diferença entre a Ponta do Toronó e a Ponta Grande, mas, ainda assim, prefiro a primeira.
Na Ponta Grande, também não havia infraestrutura, o que tornava o contato com a natureza mais genuíno. Havia apenas um barracão coberto por palhas, onde algumas pessoas do nosso grupo tentavam proteger-se contra o sol intenso.
Já era quase hora do almoço e o nosso barqueiro nos ofereceu tangerinas e fatias de um delicioso abacaxi.
5. Comunidade do Coroca
Na hora do almoço, seguimos para a Comunidade do Coroca, que abriga aproximadamente 24 famílias, num total de 75 pessoas.
Localizada na margem esquerda do Rio Arapiuns, é uma das mais desenvolvidas da região, exercendo diversas atividades econômicas: turismo, artesanato, apicultura, criação de tartarugas e produção de alimentos. A Comunidade do Coroca também faz parte do Programa de Assentamento Agroextrativista Gleba Lago Grande.
Quando lá chegamos, o almoço já estava pronto. A comida era caseira e deliciosa. São vários pratos servidos à mesa do grupo, tais como, peixe assado, vinagrete, feijão, arroz e farofa. Para beber, havia suco de cupuaçu. O almoço custou R$ 35,00 por pessoa (outras bebidas cobradas à parte).
Depois do almoço, fizemos a Trilha do Coroca, uma caminhada tranquila de 4 km pela floresta. Visitamos o Apiário, que foi estruturado em 2006, e é usado pela comunidade para a produção de mel. A abelha criada é a Jandaira, que produz entre 300 e 400 ml de mel por caixa, 2 vezes ao ano.
Em seguida, visitamos o Lago da Comunidade, onde é feita a criação de tartarugas. O projeto começou no ano 2000, quando foram trazidas 3500 tartarugas para o local. Entretanto, numa enchente, ocorrida em 2008, a grande maioria acabou “fugindo”, sendo que hoje são apenas umas 500.
Pegamos uma balsa (sem motor e puxada por uma corda) para chegar ao centro do lago.
O guia da comunidade jogou alguma ração e elas se amontoaram ao redor da balsa. Impressionante o tamanho das tartarugas! Conhecemos também os filhotes de tartarugas, que ficam em tanques, próximos ao restaurante.
Ao final da trilha, que tal dar uma passada na lojinha de produtos da comunidade? Havia cremes de frutas, trufas, sequilhos de tapioca, doces e vários tipos de mel. Havia também vários artigos feitos com palha de tucumã, tal como na Comunidade do Urucureá.
6. Ponta do Icuxi
Da Comunidade do Coroca, começamos a voltar para Alter do Chão. Já eram 16hs quando desembarcamos na Ponta do Icuxi, ainda no Rio Arapiuns. Também é uma faixa de areia no rio formando uma praia. Entretanto, nosso guia recomendou que ficássemos apenas num dos lados da areia, para evitar as arraias.
As arraias são o maior risco aos banhistas. Se você, inadvertidamente, pisar numa delas, poderá levar uma ferroada. O veneno de ferrão de arraia pode provocar dor, inchaço e necrose local.
“Com quase 10 centímetros de comprimento, o ferrão da arraia fluvial é uma estrutura óssea em forma de faca serrilhada, recoberto por um tecido glandular que se rompe na ferroada e libera o veneno no organismo da vítima.” (fonte: Como um punhal – Revista Pesquisa/Fapesp).
As arraias costumam ficar em águas bem calmas e barrentas. Também podem ficar próximas a barcos de grande porte.
Evite frequentar essas águas barrentas. É recomendado que, ao entrar na água, você caminhe arrastando os pés pelo chão. Ao perceber o movimento na areia, as arraias irão se afastar. Siga a orientação do seu barqueiro!
7. Ponta do Cururu
Já saindo do Rio Arapiuns, nossa última parada foi na Ponta do Cururu, um tradicional ponto onde os barcos se reúnem para apreciar o por do sol. A paisagem é magnífica. Entramos na água e, de vez em quando, um boto mergulhava à nossa frente. Mas, é tudo muito rápido. Difícil fazer o registro.
A Ponta do Cururu fica no Rio Tapajós, bem próxima ao vilarejo de Alter do Chão. Estivemos por lá também em nossa visita ao Canal do Jari.
Retornamos para Alter do Chão por volta das 18hs, muito satisfeitos com o nosso primeiro passeio nesse incrível destino turístico.
Quanto custa o passeio do Rio Arapiuns?
O custo total do passeio para o Rio Arapiuns é de R$ 210,00, por pessoa. Os itens de gastos estão discriminados na tabela a seguir.
Item de Gasto | Valor (R$) |
Translado de Barco | 150,00 |
Trilha do Coroca | 25,00 |
Almoço | 35,00 |
Total | R$ 210,00 |
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Contratando o passeio do Rio Arapiuns
Para fazer o passeio ao Rio Arapiuns, você deve contratar um barqueiro em Alter do Chão. A recomendação é que você pergunte na sua própria pousada. Evite contratar os barqueiros na rua, pois eles podem acabar cobrando bem mais caro.
No nosso caso, quem arranjou tudo foi o Eduardo, dono da Pousada Sombra do Cajueiro, onde ficamos hospedados.
Participamos do grupo do Reinaldo, dono do Hostel Pousada do Tapajós (93) 99210-2166.
O Reinaldo é um barqueiro honesto e responsável. Trouxe consigo o Ivan, um simpático e divertido colombiano que, nas suas andanças pelo mundo, estava passando um tempo em Alter do Chão e atuava como seu assistente. Só a companhia do Ivan já valeu o passeio!