Nadar com tubarões-baleia é uma das principais atividades turísticas da Ilha de Cebu, nas Filipinas. Oslob, um município no sudeste da ilha, é o mais famoso ponto de observação desses gigantes em todo país.
- Além de Oslob, você também pode nadar com os tubarões-baleia em Donsol, na província de Sorsogon.
Estivemos por lá em dezembro de 2017, quando conhecemos e nos encantamos com as diversas atrações de Cebu. Nosso passeio foi organizado pela agência Highland Adventures. Para saber mais sobre novas aventuras em Cebu, clique aqui.
O que são Tubarões-Baleia?
O tubarão-baleia é o maior peixe vivo do planeta, podendo chegar a 12 metros de comprimento. O nome do animal está relacionado ao seu tamanho, comparável ao de uma baleia. Os que conhecemos em Oslob, entretanto, tinham em torno de 4 metros de comprimento. São belos animais de cor cinza repletos de pontos brancos.
Os tubarões-baleia são animais que se alimentam de plâncton (organismos estacionários no mar), que podem incluir ovos de peixes, caravelas, larvas de caranguejos, pequenas lulas e até pequenos peixes.
São conhecidos como animais filtradores. O animal abre boca e nada para frente, empurrando a água e a comida para dentro da boca. Posteriormente, a água é expulsa pelas brânquias e o alimento fica retido. São 5 brânquias de cada lado. Um tubarão-baleia jovem se alimenta de 21 kg de plâncton por dia.
Mesmo podendo mergulhar até 1.500 metros de profundidade, os tubarões-baleia preferem ficar na superfície. Parecem submergir para respirar, mas, de fato, estão se alimentando.
Os tubarões-baleia não se juntam espontaneamente em Oslob. Os pescadores locais começaram a alimentar os tubarões-baleia, atraindo os animais, o que movimentou a economia local, mas provocou alterações nos padrões alimentares dos tubarões.
Regras para nadar com tubarões-baleia
Os tubarões-baleia não são perigosos para os seres humanos, mas é importante seguir algumas regras para nadar junto com eles. Em Oslob, você acabará vendo algumas pessoas descumprindo essas regras. Entretanto, o seu descumprimento pode levar à multa de 2.500 pesos filipinos ou até 4 a 6 meses de prisão. Ou seja, melhor não arriscar!
A primeira regra é não tocar no tubarão-baleia. São animais selvagens e que podem, eventualmente, reagir de forma violenta.
A segunda é não utilizar flash nas suas fotos. Os animais são sensíveis à luz.
A terceira é usar os coletes salva-vidas. Mesmo sabendo nadar, nossos barqueiros não nos deixaram retirar os coletes, o que atrapalhava um pouco a experiência.
A quarta é manter uma distância mínima de 4 metros do tubarão-baleia. Caso o animal venha em sua direção, você só precisa dar passagem. Não precisa entrar em pânico.
- No meu caso, fui surpreendido com o tubarão-baleia passando por debaixo de mim em várias oportunidades. Não vou negar, mas dá um friozinho na barriga ver aquele gigante passando por debaixo de você.
A quinta regra é não usar protetor solar ou cremes, pois contém produtos químicos que podem afetar o animal.
Nossa experiência
Chegamos cedo em Oslob. Nem havíamos tomado o café da manhã. As atividades costumam ocorrer até 11 ou 12 horas, mas desde as 6hs, o local está cheio de turistas.
Os ingressos custam 1.000 pesos filipinos para estrangeiros, mas já estavam incluídos no nosso pacote com a Highland Adventures.
O primeiro passo foi receber um briefing num centro de apoio. Logo depois, pegamos as máscaras de snorkeling e os coletes salva-vidas e seguimos para um barco a remo.
- O barco é aquele típico das Filipinas, tendo uma estrutura de madeira em volta para dar maior estabilidade à embarcação.
Chegando à área de interação, a 50 metros da costa, os turistas lá permanecem durante 30 minutos.
Fomos orientados a não deixar a área de estrutura de madeira em volta do barco.
A experiência é muito agradável. É muito bonito poder ver, nadar e apreciar os dóceis tubarões-baleia, apesar de todas as controvérsias e de todas as limitações.
Controvérsias sobre a atividade em Oslob
Há muitas controvérsias sobre nadar com os tubarões-baleia em Oslob. Apesar de movimentar a economia local, gerando benefícios para uma grande comunidade de pescadores, muitas organizações de conservação marinha condenam essa atividade por ser uma modalidade de turismo não sustentável.
Argumenta-se que a falta de diversidade na alimentação com uma espécie de camarão pode acarretar má nutrição.
Ademais, os animais passam a associar barcos e pessoas com a alimentação e se aproximam deles mesmo na ausência de comida. As hélices dos barcos podem machucar os tubarões e tocá-los remove uma camada mucosa que os protege contra doenças infecciosas.
Por fim, a concentração dos animais pode afetar os seus padrões migratórios e reprodutivos. Diminui-se a chance de reprodução (fonte: StingyNomads.com).
A National Geographic detalha melhor essas críticas:
“Quanto aos tubarões, a maioria visita por alguns dias ou semanas e depois vai embora. Mas alguns – quatro por cento do total – se tornam residentes permanentes. Cientistas se preocupam que os tubarões que recebem essa alimentação por muito tempo possam sofrer com isso, fisiológica e comportamentalmente. (…)
O camarão que eles comem é uma variedade menor de criaturas planctônicas do que eles comeriam naturalmente. Não é junk food, mas também não é exatamente uma dieta saudável. Tubarões-baleia associam os barcos à comida de graça, essa conexão pode levá-los a situações perigosas em outros lugares.
Quase metade dos tubarões-baleia estudados em Oslob têm cortes de hélices em seus corpos, que devem ter acontecido em outro lugar, já que as operações usam apenas barcos a remo.
Esses animais também têm mais chances de um dia se aproximarem de uma embarcação de pesca de tubarão. Tubarões-baleia são protegidos nacionalmente nas Filipinas desde 1998, mas a pesca ilegal persiste, e em outros lugares dentro do alcance enorme dos animais, onde talvez não sejam necessariamente protegidos.”
À época da visita, não sabia de nada disso. Sinceramente, não tenho uma posição formada sobre o assunto, mas acho importante alertá-los sobre os questionamentos gerados por essa atividade de turismo.