Em tempos de dólar alto e de crise econômica, que tal aprender a economizar nas viagens? Neste artigo, te ensinamos como gastar menos mantendo a qualidade da sua viagem.
Economizar envolve desde a escolha do destino turístico até os seus hábitos de consumo em suas viagens. Com medidas simples, você poderá viajar com conforto e gastando menos. Confira!
1. Escolhendo o seu destino turístico
Para economizar nas viagens, comece escolhendo bem o seu destino.
Sei que muita gente gostaria de viajar para Nova Iorque, Londres ou Paris, mas esses são destinos muito caros e cheios de turistas em qualquer época do ano. Você paga mais caro pela hospedagem, pela alimentação e para visitar as atrações. Além disso, encontra tudo lotado!
A boa notícia é que o mundo não se resume a essas cidades! Há muitos outros lugares interessantes para você conhecer mundo afora. Existem destinos turísticos de grande interesse histórico e cultural ou repletos de atrações naturais, onde você não paga caro, tem conforto, e ainda é extremamente bem recebido.
Dentre esses destinos BBBs (bons, bonitos e baratos), destaco os seguintes:
Argentina | Bolívia | Portugal | Tailândia |
Vietnã | Camboja | Polônia | Hungria |
Irã | Turquia | Romênia | Ucrânia |
Egito | Indonésia | Malásia | Marrocos |
- Fique atento: A lista não se esgota aí. Alguns países podem entrar ou sair dela, conforme a taxa de câmbio entre o real (BRL) e a moeda local. Além disso, é importante saber que, à medida que os turistas começam a descobrir esses destinos BBB, há uma tendência natural de aumento dos preços.
Aproveite para viajar por um país que tenha sofrido uma desvalorização cambial recente, como são os caso da Argentina e da Turquia. Nesses países, serviços como hotelaria, transportes e restaurantes ficaram muito mais baratos e os preços dos produtos locais muito mais atraentes.
2. Economizando com vistos
Relacionada à escolha do destino, estão os gastos com a obtenção de vistos.
56 países exigem vistos de turismo de brasileiros, o que impõe aos viajantes procedimentos mais ou menos complexos e as mais variadas taxas, incluindo gastos adicionais com despachantes, com a coleta da documentação exigida e com os correios.
E, depois de todo esse trabalho, o seu visto ainda pode ser negado. Afinal, a concessão de visto é uma decisão discricionária da autoridade consular!
Por outro lado, o passaporte brasileiro dá acesso a 170 destinos mundo afora sem a necessidade de visto prévio, como informa o Henley Passport Index. Pelo mesmo index, cidadãos portugueses possuem acesso a 185 destinos free-access.
Dentre esses destinos de acesso livre, estão computados:
- os países que isentam os brasileiros de visto [nenhum gasto de tempo ou dinheiro];
- aqueles em que o visto pode ser obtido na chegada [o que implica o pagamento de taxas de 15 a 50 dólares na chegada e o gasto de tempo para ficar em uma fila adicional na imigração];
- e aqueles que exigem apenas uma autorização eletrônica prévia (eTA) [o que também implica um gasto pequeno de tempo e de dinheiro].
Em razão disso e do que falamos no item anterior, por que você vai escolher visitar um país que exige enormes dispêndios para obter um visto de turismo?
Lembre-se, ainda, que esses dispêndios não garantem que você obterá o visto e, mesmo que o obtenha, o visto não é garantia de que você será admitido no país! |
Enfim, estamos aqui falando de gastos relevantes de tempo e de dinheiro.
- Por exemplo, a taxa de visto de turismo para os Estados Unidos custa 160 dólares, ou seja, 805 reais, na taxa de câmbio atual. Além disso, se você não mora na sede de um Consulado Americano e de um Centro de Atendimento aos Solicitantes de Visto (CASV), você terá ainda gastos de deslocamento e hotéis, além de perder um dia de trabalho para coletar as suas impressões digitais e realizar as entrevistas.
Portanto, se você quer economizar na sua viagem, comece escolhendo um destino BBB que não exija visto de turismo ou que, se exigir, não seja muito oneroso obtê-lo.
3. Economizando em hotéis e acomodações
Na maioria dos casos, a acomodação é responsável pela maior parcela dos gastos de viagem. Por outro lado, também é o item que mais oferece oportunidades de economizar.
Opções de Acomodação
Nas suas viagens, você pode hospedar-se em resorts, hotéis, hostels (alberques), Airbnb ou no apartamento/casa de algum amigo. Seguem algumas dicas para escolher a melhor opção.
- Hostels: Se você tem menos de 30 anos e está viajando sozinho, considere ficar em um hostel. Além de pagar menos, encontrará muitos viajantes na mesma situação que você. Ademais, alguns hostels promovem diversas atividades de integração entre os viajantes e oferecem tours e refeições a baixo custo. Na Europa, por exemplo, há hostels de excelente qualidade, bem localizados e que também contam com quartos privativos e quartos só para mulheres.
- Airbnb: O Airbnb é um tipo de acomodação recomendada para quem quer passar muitos dias na mesma cidade, pois pode ser a opção mais econômica. Entretanto, nem sempre as diárias de Airbnb são mais baratas que as dos hotéis. Já vi vários proprietários colocando as diárias dos seus aptos nas alturas e você ainda não tem algumas comodidades que o hotel oferece. Não deixe de pesquisar preços e fazer essa comparação!
- Hotéis 5 estrelas: É bom ficar em hotéis com boa estrutura, como piscinas, academias ou saunas. Mas, a primeira pergunta que se deve fazer é se você efetivamente vai usar essa estrutura. Se não, estará pagando mais caro à toa. Se você vai caminhar o dia inteiro pela cidade e vai chegar só à noite para dormir, um hotel de 3 estrelas está ótimo.
- Resorts: Já escrevemos um post discutindo se vale a pena ficar em resorts all inclusive no exterior. Confira!
Café da Manhã
Em alguns hotéis, especialmente na Europa, há uma grande diferença de tarifas entre a hospedagem com café da manhã e sem café da manhã. Nós sabemos que, em geral, os buffets de café da manhã são fartos e que comemos além da conta, ou seja, muito mais do que estamos acostumados.
Nesse cenário, não deixe de pesquisar as tarifas com ou sem café da manhã. Se a diferença for relevante, opte pela tarifa mais barata. E basta procurar uma padaria ou cafeteria ao lado do hotel.
Localização
Quanto à localização, procure hotéis ou outras acomodações no centro da cidade ou nas proximidades dos principais pontos de interesse. Com isso, você consegue economizar com transporte e ainda tem a comodidade de entrar e sair do seu hotel a hora que quiser.
Frigobar
Jamais compre bebidas e comidas disponibilizadas pelo hotel no Frigobar. Os preços são bem mais caros que o usual e alguns hotéis ainda cobram taxa de serviço ou conveniência. Procure supermercados ou lojas de conveniência nos arredores.
Não deixe de confirmar se as garrafas d’água, chás e cafés deixados na bancada do seu quarto são gratuitos ou não.
Quarto Individual
Se você estiver viajando sozinho, verifique se o hotel oferece quartos individuais. Estes, quando existentes, costumam ser mais baratos que os quartos duplos.
4. Economizar em passagens aéreas
As passagens aéreas representam uma parcela importante dos gastos de viagem. Nas minhas trips, por exemplo, giram em torno de 20 a 40% do total dos gastos, dependendo do destino e da extensão da viagem. Comprar passagens aéreas baratas, portanto, é uma importante providência para economizar nas viagens.
Nesse blog, você encontra vários artigos com técnicas para gastar menos com o transporte aéreo. Dentre as técnicas indicadas, destaco:
- a utilização de metabuscadores;
- a compra de passagens com pontos ou milhas aéreas;
- a utilização de ferramentas avançadas de pesquisa; e
- a pesquisa das melhores datas para viajar.
Em nossa seção Passagens Aéreas, você encontra esses posts e muito mais!
5. Economizando com tours, atrações e transporte
Planeje seu roteiro diário
A primeira dica é planejar o seu roteiro diário. Opte por visitar e conhecer atrações próximas umas às outras, evitando deslocamentos desnecessários, sem deixar de conferir os horários de abertura. O Google Maps é uma ferramenta muito útil para esse trabalho. Escrevemos um post específico a respeito, leia aqui.
Free Walking Tours
Na maioria das cidades mundo afora, há grupos de pessoas que oferecem estes passeios a pé, passando pelos principais pontos de interesse. Em alguns, você nem precisa reservar antes, pode simplesmente aparecer no local e horário marcado para iniciar o tour. Os free walking tours não são, de fato, gratuitos, pois, apesar de não cobrar nenhuma taxa, os guias pedem uma gorjeta ao final do trajeto.
Leia também: |
Um free walking tour no centro histórico de Cartagena das Índias, Colômbia |
Free Walking Tour Kiev: uma visão panorâmica da capital da Ucrânia |
Uma vantagem deste tipo de tour é que os guias dão o melhor de si para tornar a sua experiência o mais interessante possível e, com isso, obter uma gorjeta mais generosa, mesmo assim, sai mais barato que contratar um tour organizado.
Contratando passeios no hotel
Pesquise antes de contratar passeios no seu hotel. Apesar de estes serem realizados com agências confiáveis, os tours costumam, via de regra, sair mais caro que os passeios contratados diretamente com os prestadores de serviço. Afinal, o hotel tem que ganhar sua comissão.
Ande a pé pela cidade
Sempre que possível, siga a pé até as atrações. É de graça! Caminhar pela cidade ajuda a melhor conhecê-la, a observar com cuidado o que tem à sua volta, permitindo identificar pontos de interesse fora dos roteiros tradicionais e a descobrir coisas que você jamais descobriria se usasse outro meio de transporte.
Transporte Público
Se não for a pé, utilize o transporte público. Com algumas exceções, utilizar o transporte público facilita o seu deslocamento pelas cidades, especialmente em localidades com trânsito muito intenso. Além disso, andar de trem, metrô, ônibus ou tram permite que você veja a vida local como ela realmente é.
Visitar atrações por conta própria
Sempre que possível, opte por conhecer as atrações por conta própria. Você pode fazê-lo no seu próprio ritmo e gastando menos.
De fato, recomendo que você contrate os day tours apenas quando for estritamente necessário, por exemplo, em caso de dificuldade de se chegar ao ponto turístico via transporte público ao ponto turístico, ou quando a “logística” não permitir visitar as várias atrações desejadas num único dia.
Visitar atrações públicas ou gratuitas
Use e abuse das atrações gratuitas! Em quase todas as cidades do globo, há locais públicos como parques, pontes, rios, avenidas, monumentos históricos, construções antigas, cidades antigas ou muralhas que são pontos de interesse turístico e podem ser visitados gratuitamente.
Por exemplo, você não paga nada para caminhar pela Avenue des Champs Élysées, pelo Rio Sena, passear pelos Jardins de Luxemburgo ou tirar uma foto externa com a Torre Eiffel em Paris.
Além disso, em determinados dias da semana, museus são gratuitos. O Museu de Arte Moderna em São Paulo é gratuito às terças-feiras. O British Museum é gratuito todos os dias.
Visitar um campo de concentração na Alemanha, um local de importância histórica, também é uma atividade gratuita, pois o Governo Federal Alemão quer que as pessoas não se esqueçam daquele terrível período da história do país.
6. Economizando com restaurantes, compras e câmbio
Queijos e Vinhos no Hotel
Imagine que, durante uma viagem, você não está com muita fome e só quer passar bons momentos com os amigos. Neste caso, você não precisa ir a nenhum restaurante. Basta se dirigir a um supermercado próximo e aproveitar esses bons momentos no hotel.
Eu mesmo já fiz isso por várias vezes. A última vez foi em Sorrento, na Itália. Compramos queijos e vinhos da melhor qualidade e montamos uma mesa na varanda do nosso quarto. Foi excelente e gastamos menos que em qualquer restaurante da cidade.
Compre somente aquilo que você precisa
Especialmente no exterior, os turistas sentem aquela vontade de comprar tudo quanto é tipo de novidade. Evite as compras por compulsão! Com o real desvalorizado, os produtos podem ficar muito caros, sendo mais conveniente comprá-los no Brasil. No exterior, a dica é comprar apenas aquilo que você vai precisar durante a viagem.
- Leia também: É hora de repensar as nossas compras no exterior!
Câmbio
Leve a moeda local, quando possível. Se for para os Estados Unidos, para o Equador ou Panamá, por exemplo, leve o dólar americano. Se for para a Europa, leve o Euro e se for para o Reino Unido, leve a Libra Esterlina.
Para outros países, opte por levar notas maiores de Euro ou de Dólar Americano (notas de 50 ou 100), pois, assim, você pode conseguir taxas mais favoráveis nas casas de câmbio.
7. Economizando com o seguro-saúde
Vários cartões de crédito oferecem aos seus clientes gratuitamente seguros-saúde para quem viaja ao exterior. A única condição é que você faça a compra das passagens aéreas com o referido cartão. Entre em contato com a sua operadora de cartão para obter mais informações.
Conclusão
De todas essas dicas para economizar nas viagens, uma diretriz chama a atenção: use racionalmente o seu dinheiro, contratando apenas aquilo que você vai efetivamente usar. Tenha sempre em mente a relação custo-benefício. Dessa forma, você minimiza os seus gastos com viagens, sem perder o conforto e o benefício que elas proporcionam.