Após quase 6 meses de confinamento, precisei viajar para São Paulo para tratar de questões familiares. Neste artigo, você confere como foi a experiência de voar na pandemia, incluindo, a emissão de passagens aéreas e os protocolos de segurança nos aeroportos e nos voos.
- Disclaimer: Só viajamos após termos contraído e nos recuperado da Covid-19 e, durante a viagem, seguimos todos os protocolos de segurança, inclusive, o uso de máscaras durante todo o tempo fora de casa.
Emissão de Passagens Aéreas
Um grande incentivo para viajar na pandemia foram as ofertas para emissão de passagens com pontos Latam Pass. Encontramos trechos muito baratos: a partir de 2.000 pontos. Fazia tempo que não via passagens com valores tão em conta.
Além disso, os clientes das categorias Platinum, Black e Black Signature do programa de fidelidade tem desconto de 10% em relação à tarifa de resgate regular.
O ponto negativo é que, desde 1° de julho de 2020, o Latam Pass passou a cobrar uma taxa de emissão para passagens aéreas emitidas com menos de 90 dias da data de voo, no caso de voos nacionais. O valor é de R$ 17,00 por trecho. No caso dos voos internacionais, a taxa é cobrada caso a emissão se dê antes de 120 dias do voo. O valor é de 9 ou 21 dólares americanos por trecho, dependendo do destino. Além desses valores, você tem que pagar as taxas aeroportuárias.
No trecho de ida, entre Brasília e Guarulhos, paguei 3.400 pontos Latam Pass. No trecho de volta, entre Guarulhos e Brasília, paguei 5.000 pontos. A compra foi realizada duas semanas antes do voo.
Importante mencionar que a Latam tem um programa de compra flexível durante o período de Pandemia. A empresa permite cancelar a reserva até 7 dias antes da data original, deixando em aberto o bilhete para remarcar em outro momento, sem a aplicação de penalidades. Saiba mais, clique aqui.
O check-in dos voos é feito online. No próprio site da Latam são passadas algumas informações básicas para os passageiros, tais como, a obrigatoriedade de usar máscaras durante todo o voo e a recomendação para evitar voar se você testou positivo para o Coronavírus nos últimos 14 dias ou se teve contato com pessoas contaminadas.
Aeroporto de Brasília
O Aeroporto de Brasília estava bem vazio. Logo na entrada, havia uma estação com álcool gel para os passageiros ao lado dos totens de check-in. Imprimimos nossos cartões de embarque e as etiquetas para as malas.
Em Brasília, a maior parte dos balcões de despacho de bagagem está automatizada. Poucos são os balcões com atendimento pessoal e, nestes, há uma barreira de acrílico separando o atendente do passageiro. Estava tudo vazio. Havia apenas uma pequena fila para o despacho com os atendentes.
Usar o balcão de despacho automatizado foi muito fácil e intuitivo. Basicamente, você tem que colocar sua mala na esteira e fazer a leitura do código de barras do cartão de embarque e da etiqueta da mala. Uma tela dá as instruções ao passageiro.
Ingressando na área de embarque, há um sensor de temperatura logo na entrada. As diversas estações de Raio-X estavam praticamente vazias. Poucas pessoas passando pelo controle de segurança.
Já na área segura, notei que muitas lojas estavam fechadas. Aparentemente, o baixo movimento não justifica a sua abertura. Tomei um café na Kopenhagen e comprei uma garrafa de água mineral para levar no voo.
Importante mencionar que, nos cafés e na praça de alimentação, as mesas estavam bem espaçadas. Nos assentos, há separação de cadeiras e, em todos lugares do aeroporto, há placas e mensagens orientando o distanciamento entre os passageiros.
Notei que praticamente todos os passageiros e funcionários circulavam pelo aeroporto usando máscaras. A aglomeração só se deu na hora do embarque.
À primeira vista, o Aeroporto de Brasília está seguindo os devidos protocolos de segurança para evitar a transmissão da Covid-19.
Voo Brasília – Guarulhos
O embarque na Latam acontece por grupos. Em primeiro lugar, entram os passageiros com prioridade legal (idosos, passageiros com crianças, etc.). Em seguida, entram os passageiros dos grupos 1, 2 até 6. Entretanto, as pessoas se aglomeram em torno do portão de embarque.
Mas, ao entrar na aeronave, havia um razoável espaçamento entre as pessoas. Além disso, em muitas fileiras à frente, o assento do meio estava vazio. A companhia afirma que, sempre que possível, deixará esse espaçamento, mas não é uma política rígida como é o caso da Delta Airlines.
Desde 11 de maio, o uso de máscaras é obrigatório nos voos da Latam. Não é permitido o embarque sem o uso de máscara. A companhia não fornece máscaras para os passageiros, por isso, é importante levar a sua. Logo no embarque, os comissários alertam sobre a regra destacando a necessidade de que a máscara deve cobrir o nariz e a boca. Além disso, alertam para proteger a boca em caso de tossir ou espirrar.
Em caso de despressurização durante o voo, é necessário tirar as máscaras da Covid-19 antes de colocar as máscaras de oxigênio.
Outra orientação é evitar movimentar-se durante o voo e, caso necessário, utilizar o toalete na parte traseira.
Não há serviço de bordo nos voos entre Brasília e São Paulo que tem duração de 1h30min. Apenas copos d’água foram servido aos passageiros que solicitaram. Nos voos mais longos, o serviço é também simplificado.
É importante mencionar que a probabilidade de contágio durante o voo é pequena. Em um voo de duas horas, apenas 1 em cada 4.300 passageiros se contamina. O ar na cabine é constantemente renovado (a cada 3 minutos) e passam por filtros HEPA que são capazes de reter vírus, bactérias, fungos, poeira, ácaros e outros contaminantes.
Além disso, a Latam afirma que vem adotando protocolos de higiene tais como: procedimentos de limpeza proativos e regulares em toda a cabine e a disponibilização de álcool gel nos seus aviões.
O desembarque é feito por filas começando pela primeira fileira, passando depois à segunda, e assim por diante. Um comissário fica responsável por autorizar o seu desembarque. Tudo foi muito organizado. Após a pandemia, gostaria que continuasse assim.
Aeroporto de Guarulhos
Durante o mês de agosto, uma das pistas do aeroporto de Congonhas (CGH) está fechada para obras. Apenas a pista auxiliar do aeroporto está em funcionamento, mas nela apenas aeronaves menores como as da Azul, Azul Connect e da Voepass podem operar (saiba mais, clique aqui). Em razão disso, a Latam e a Gol passaram a operar apena em Guarulhos.
O Aeroporto de Guarulhos também está vazio. O Terminal 1 está fechado. Algumas das Asas do Terminal 2 também não estão operando e todos os embarques internacionais estão acontecendo pelo Terminal 3.
O aeroporto estava bem sinalizado com sinais e alertas para utilização de máscara e manutenção do distanciamento entre as pessoas. As mesas dos cafés e restaurantes estavam distantes umas das outras e todos os funcionários estavam utilizando máscara. Infelizmente, algumas lojas como a livraria Saraiva estavam fechadas.
Na Asa E, os totens de check-in da Latam foram retirados da entrada e colocados próximos aos despachos de bagagem. Os totens estavam dispostos em dupla, sendo que um deles estava desativado.
Percebi muita gente com dificuldade em emitir os seus cartões de embarque e as etiquetas de bagagem. Isso provocou uma enorme aglomeração na área do check-in. Não encontrei despacho automatizado, como em Brasília. E eu, que só queria imprimir o cartão de embarque, pois havia feito check-in online, me vi em um “mar de gente”.
Após o embarque, também notei um movimento acima do normal nas salas e nos estreitos corredores do Terminal 2. Presenciei muitos passageiros que não utilizavam máscaras ou a utilizavam de forma inadequada, como no queixo. Infelizmente, não vi nenhum funcionário do aeroporto exigindo dos passageiros o respeito a essa importante norma de segurança em tempos de pandemia.
A experiência de voo de Guarulhos para Brasília foi semelhante ao primeiro trecho.
É seguro viajar na pandemia?
Embora tenha havido uma grande preocupação das companhias aéreas e dos aeroportos com a transmissão da Covid-19, ainda não é hora de viajar. Só recomendo viajar se for estritamente necessário. A recomendação de não viajar também vale se você estiver viajando de carro ou de ônibus.
De fato, a pandemia não acabou e está longe de acabar, apesar de haver ligeira queda na taxa de transmissão que, pela primeira vez, é menor que 1. O número de novos casos diários gira em torno de 43 mil e o número de mortes por Covid-19 gira em torno de mil pessoas, segundo a média móvel dos últimos 7 dias (dados de 17/8/2020).
Ademais, seja na aeronave, seja nos aeroportos, é impossível não haver aglomeração de pessoas, aumentando a probabilidade de contágio.
Se isso não bastasse, há muitas pessoas não usando máscaras ou usando-as de forma inadequada, no queixo ou com o nariz para fora. Alguns tiram a máscara para falar no celular. No aeroporto de Guarulhos, isso foi muito comum.
Isso tudo sem falar nas pessoas que estão comendo ou bebendo sem máscara. Apesar de justificada essa conduta, isso não impede a transmissão do Coronavírus.
A propósito, a máscara vai fazer parte da nossa vida até que todos estejam vacinados. A máscara não só previne a transmissão como reduz a carga viral e a gravidade da doença, em caso de infecção (fonte: BBC Brasil).
Sei que todos estamos cansados com as medidas restritivas decorrentes da pandemia, mas esta só avançou no Brasil porque as medidas foram insuficientes ou mal implementadas. Viajar agora só irá agravar ou perpetuar a pandemia no Brasil. Não dá para querer acabar com a pandemia por decreto!
Lembre-se que você pode ser um vetor da Covid-19. Seja responsável! O momento é de solidariedade e responsabilidade.