Press ESC to close

9 roubadas em que me meti nas viagens [e como evitá-las]

Quem pensa que viajar é só glamour está totalmente enganado. Viajar envolve descobrir o desconhecido, o que pode fazer com que você deixe de tomar as melhores decisões antes ou durante o percurso e acabe caindo em uma cilada. Essas roubadas, ou perrengues de viagem, são ocasionados por falta de tempo ou de planejamento ou ainda por tentar fazer “economias porcas”.

Nas minhas viagens, no Brasil e no Exterior, já passei por muitas roubadas. Neste artigo, conto alguns desses perrengues de viagem e passo as dicas de como evitá-los.

1. Um bate e volta para o Cânion do Xingó

Passeio de Barco no Canion do Xingó, Rio São Francisco
Passeio de Barco no Canion do Xingó (créditos: Washington Moraes/CC BY-SA 3.0)

O Cânion do Xingó é uma belíssima atração no Rio São Francisco na divisa entre os estados de Sergipe e Alagoas. São extensos paredões formados por processos erosivos que parecem esculturas feitas à mão. Antes de 1994, a área do Cânion era seca, mas com a construção da barragem da Hidrelétrica de Xingó a área ficou alagada. O nome do Cânion tem origem no Rio Xingó, um dos braços do Velho Chico. As embarcações partem de Canindé de São Francisco/SE a 200 km de Aracaju.

A roubada foi fazer um day trip até lá. Extremamente cansativo e com pouco tempo para aproveitar a atração. O ideal é hospedar-se por lá e fazer um passeio tranquilo.

Partimos de Aracaju às 5 horas da manhã. O passeio foi feito por meio de uma das principais agências de turismo da capital sergipana. De Aracaju até Canindé de São Francisco são 3 horas e meia de van. A estrada é movimentada. O motorista corria pela rodovia e fazia ultrapassagens que davam medo. Tudo isso para chegar a tempo.

Chegamos a um restaurante, às margens do São Francisco, de onde partem as embarcações e já tivemos que reservar nosso almoço. Em seguida, navegamos 1 hora pelo Rio São Francisco até chegar aos Cânions. Tudo isso para passar apenas 30 minutos mergulhando numa área cercada no rio. Navegamos, então, de volta para o restaurante por 1 hora. Almoçamos e, em seguida, pegamos novamente a van por 3 horas e meia até Aracaju, onde chegamos quebrados em torno das 19hs. Em suma, de 14 horas de passeio, foi possível aproveitar somente 30 minutos.

Como evitar essas roubadas?

Para evitar ter caído nessa furada, bastava ter lido algumas avaliações pela Internet. Confira, por exemplo, alguns relatos no Tripadvisor:

“Bonitinho. Não compensa o cansaço! É bonito. Só. Não vale a pena ficar 8 horas ida e volta para ir até lá. Desaconselho. Não voltaria. Comida do restaurante muito ruim. Enfim, não vale a pena não!” (Gyselle Munuera, janeiro/2019)

“Dois extremos. De um lado um lugar maravilhoso, onde a natureza pulsa sem parar. De outro lado uma bagunça na organização do passeio de catamarã. Embora existam horários pré-estabelecidos para o inicio do passeio, os organizadores preferem ficar aguardando os clientes de ultima hora para auferir maiores receitas e com isso deixar mais de 150 pessoas esperando por mais de 45 minutos. Na hora do embarque, uma nova aventura, pois todos desejam entrar na frente para escolher os melhores lugares, quando um verdadeiro carnaval se inicia. Por fim, o barco navega 60 minutos até a área das piscinas, permanece por lá outros 60 minutos, quando retorna para a sua base. Em resumo dirigir 400 kms (ida e volta de Aracaju) em uma péssima estrada (com mais de 100 quebra molas) agregar custos de hospedagem & alimentação só para um banho no São Francisco a R$ 110,00 por pessoa. Me parece um Belo Mico.” (Wagner M, em fevereiro/2020)

2. Viajando de barco entre as ilhas de Galápagos

De barco entre as Ilhas Galápagos, Equador
De barco entre as Ilhas Galápagos

No final de 2018, visitamos o belíssimo arquipélago de Galápagos, no Equador. Nosso roteiro incluía uma visita à Ilha de Santa Cruz (Puerto Ayora) e à Ilha de São Cristóvão (Puerto Baquerizo Moreno). As duas ilhas dispõem de aeroportos com voos diretos para o continente. Chegamos pela primeira e retornamos pela segunda. Para se deslocar entre as ilhas, pegamos um barco que faz esse percurso em dois horários do dia: às 7hs da manhã e às 2 horas da tarde. Optamos por ir depois do almoço. O trajeto dura de 2h a 3h, dependendo das condições do mar. O preço do ticket é de 30 dólares, ou seja, não é barato.

Em verdade, o barco era uma lancha (speed boat). Os passageiros sentavam-se nas laterais. O ambiente era um pouco fechado. Estava lotado e desconfortável. Por vezes, o condutor da lancha parava para verificar algum problema no motor.

Quando em movimento, a lancha se inclinava e era quase impossível ficar de pé. Um corrimão longitudinal ficava no centro da lancha, onde também ficava um conjunto de saquinhos. Não era um mar tranquilo.

No meio do trajeto, meu pai de 76 anos teve que pegar um desses saquinhos, quase caiu.  Iria ser um acidente bem feito. Enfim, foi uma das piores viagens de barco que já fiz na minha vida.

Como evitar essa roubada?

Se você está visitando Galápagos, não há muito como evitar essa furada. Não há outras opções de barcos. Uma alternativa é ir de avião, o que sai bem mais caro. Além disso, o aeroporto que serve a Ilha de Santa Cruz (GPS) fica longe de Puerto Ayora. É também necessário cruzar um canal para chegar à Ilha de Baltra, onde fica o aeródromo.

O que a gente podia ter feito era viajar cedo ou não ter comido bastante antes de viajar.

3. Um city-tour “patrocinado” em Bangkok

Royal Grand Palace - Bangkok
Royal Grand Palace – Bangkok

Na primeira vez que visitamos a Tailândia, em 2011, tamanha era a ansiedade para conhecer o destino, que contratamos, no próprio aeroporto de Bangkok, um city-tour para o dia seguinte. O tour passava pelas principais atrações de Bangkok, tais como, o Wat Pho e o Royal Grand Palace.

Mas, durante o passeio, ficamos sabendo que era um tour “patrocinado”. Ninguém nos havia dito isso no momento da contratação. E, de fato, o preço estava relativamente barato.

Mas, o que significa fazer um “tour patrocinado”? No “tour patrocinado”, além dos pontos turísticos, deveríamos também visitar lojas que supostamente estavam “patrocinando” o nosso passeio. No nosso caso, era uma loja de artesanato, uma loja de joias e uma agência de viagens. Tudo isso em uma única tarde!

O fato é que, entre uma atração e outra, tínhamos que parar nessas lojas, onde o vendedor tentava “nos empurrar” seus produtos de tudo quanto é jeito. Em cada uma delas, eu demonstrava meu desinteresse logo de cara, mas, ainda assim, acabávamos gastando muito tempo nesses locais.  Por outro lado, o “guia” , que pouco ajudou, só queria saber o que iriamos fazer nos dias seguintes em Bangkok para nos oferecer seus serviços. Muito desagradável!

Em síntese, tivemos pouco tempo para aproveitar as atrações e o guia não nos explicou nada sobre os pontos turísticos, só encheu o saco.

Como evitar essas roubadas?

A dica básica é ler as avaliações do tour antes de contratar. Outra é jamais aceitar ofertas de tours. No nosso caso, fomos abordados por uma pessoa no aeroporto que nos levou até o balcão de turismo. Resumindo, não dá para escolher tours no escuro. Seu tempo em viagem é precioso.

  • Para contratar os tours, recomendo usar o GetyourGuide e ler as avaliações dos passeios antes de fechar.

4. Num parque de elefantes em Chiang Mai

Mae Taeng Elephant Park, Chiang Mai, Tailândia
Elefante acorrentado no Mae Taeng Elephant Park em Chiang Mai, Tailândia

Ainda na minha primeira viagem à Tailândia, visitei o Mae Taeng Elephant Park um Parque de Elefantes nas proximidades de Chiang Mai, um importante destino turístico no noroeste da Tailândia. Fui de excursão com empresa Somporn Tours and Trekking. A visita a um parque de elefantes é um dos principais passeios turísticos oferecidos pelas agências em Chiang Mai.

Logo na entrada, pude perceber esse elefante, ainda não adulto, acorrentado pelas pernas, mal podendo se movimentar, mesmo estando num cercado bem mais amplo.

Caiu a ficha! Estava entrando num verdadeiro campo de concentração de elefantes!

Dentre as atividades do parque para entreter os turistas, estava subir e andar de elefante pela floresta e observar o show de elefantes, que dançam, pintam uma tela, e jogam futebol, além de interagir com os turistas.

Dá para perceber que isso tudo não é natural. Os elefantes não são animais domésticos. Para domesticá-los e fazê-los acatar as ordem dos humanos, os elefantes são submetidos ao isolamento e punições corporais, um processo chamado Phajaan ou “quebra do espírito”.

Além de ver o pequeno elefante acorrentado, a experiência mais difícil foi subir e andar de elefante pela floresta, o que foi desconfortável sob vários aspectos.

Não é como andar a cavalo! A cadeira balança para um lado e para outro e você tem que ficar se equilibrando para não cair. As pisadas do elefante não são suaves, são como pancadas no chão e incomodam bastante quem está sentado lá em cima. O pior trecho é aquele em que o elefante sobe um caminho às margens do Rio. De vez em quando, o domador bate com uma espécie de picareta na cabeça do elefante. Terrível! Só queria que aquilo acabasse logo!

Como evitar essas roubadas?

Você deve ficar com o pé atrás em relação à qualquer atividade turística que envolva animais para não fomentar esse turismo irresponsável.

A única saída é a informação. Leia as avaliações do passeio, não somente as de pessoas  que acharam o passeio excelente, mas também aquelas de pessoas que não gostaram. Confira, por exemplo, um relato feito pelo perfil Resort74912 no Tripadvisor (nov/2018):

“Maematan Elephant Camp Chang Mai Mais um parque, na Tailândia, onde os elefantes são explorados. Dá para imaginar o que esses animais sofreram para serem domesticados e fazerem o que fazem. Horrível! Pura exploração! Turismo inconsciente!”

Procure ler artigos nos jornais para saber se não há exploração animal naquele destino. Você também pode consultar sites de ONGs de defesa dos direitos dos animais.

No caso da Tailândia, existem santuários ou centros de resgates de elefantes, onde você pode ter contato com os animais sem que haja exploração. Para saber mais, leia: O que saber antes de visitar um Parque de Elefantes na Tailândia?

5. Cachoeira do Sucupira, Uberlândia

Cachoeira do Sucupira, Uberlândia
Cachoeira do Sucupira, Uberlândia

Em 2019, visitei Uberlândia, no Triângulo Mineiro, onde estuda minha filha. Passei um final de semana por lá. Logo que cheguei, almoçamos e procurei o que fazer na cidade.  Apesar de ter mais de 500 mil habitantes, indústrias e aeroporto, Uberlândia não oferece muitos atrativos turísticos.

No primeiro dia, visitamos o Parque do Sabiá, um parque público no centro da cidade. O parque é agradável para passar uma tarde e fazer uma caminhada. No segundo dia, visitamos a Cachoeira do Sucupira, no Rio Uberabinha.

A cachoeira, localizada a 17 km do centro de Uberlândia, fica ao lado de uma estação de tratamento de água. As águas são cristalinas, limpas e o ambiente é muito bonito. A queda d’água tem 15 metros e o paredão tem em torno de 20 metros.

Pegamos um Uber e seguimos para lá. Até chegar à estação, tudo tranquilo. A partir daí, a via que dá acesso à cachoeira é terrível. Nenhuma sinalização. Nenhuma infraestrutura. Consegui chegar até a parte mais alta da cachoeira, ou seja, antes do paredão.

Não conseguimos chegar até a parte mais baixa. O acesso é ainda pior. O receio era o carro atolar na descida. Alguns poucos ciclistas se aventuravam pelo caminho. Enfim, acabamos desistindo do passeio e perdendo uma boa parte da nossa manhã.

Como evitar essas roubadas?

A Cachoeira do Sucupira é simplesmente uma evidência do descaso com o turismo no Brasil. Falta infraestrutura e segurança. Veja alguns relatos no Tripadvisor:

Aventuras entre irmãs Lugar lindo e precisando ser valorizado e respeitado. Tem trilhas , cachoeiras, um refúgio da rotina maçante da cidade grande. Porém um lugar esquecido pelas autoridades, tinha lixos em vários lugares. Se bem cuidado é um lugar de relaxamento e referência de Uberlândia” (Juliana D, janeiro/2020).

“A cachoeira está abandonada, zero segurança, quebraram os vidros de 5 carros inclusive o meu, levaram as rodas a bateria tudo que puderam levar levaram, virou lazer e trabalho dos bandidos, a uns 18 anos atraz eu acampava ali com amigos, é sempre frequentei o lugar mais o cenário que presenciei os carros todos quebrados e o pessoal todo apavorado não volto nunca mais, a polícia não tá nem aí, pede pra ir na delegacia fazer o boletim descaso total” (Pedro Henrique S, outubro/2018).

“Lindo e Perigoso O lugar realmente é lindo, porém abandonado e difícil acesso. O carro fica longe e depois temos que ir caminhando por uma trilha. Frequentado por usuários de drogas. Quebraram o vidro do nosso carro e roubaram o som. Apesar de lindo, não recomendo pra ir, principalmente com crianças”  (Robirene N, setembro/2018).

Lendo esses relatos, ninguém se sente estimulado a visitá-la por conta própria. Mas, também não há muito o que se fazer em Uberlândia, que pode ser um retrato de como as cidades do interior do Brasil são desinteressantes, ainda que tenham sua importância econômica.  Além do Parque do Sabiá, a cidade dispõe de algumas igrejas, um ou outro museu que fica fechado ao final de semana.

6. Cachoeiras Loquinhas, Alto Paraíso de Goiás

Poço na Cachoeira Loquinhas, Alto Paraíso de Goiás
Poço na Cachoeira Loquinhas, Alto Paraíso de Goiás

A Cachoeira Loquinhas é um complexo de poços, trilhas e cachoeiras localizado numa fazenda de ecoturismo em Alto Paraíso de Goiás, na Chapada dos Veadeiros. Bem avaliada por diversos blogs de viagem e pelo Tripadvisor, sobretudo pela coloração das suas águas, nos fez querer conhecê-la no feriado de proclamação da república em novembro/2019. A vantagem da cachoeira é que ela é muito próxima ao centro de Alto Paraíso de Goiás.

O problema é que, quando fomos, muitos poços estavam secos e não havia cachoeiras. Alguns “poços” eram tão rasos que nem dava para mergulhar, ou seja, meras pedras cobertas por um filete de água.

A infraestrutura também deixa um pouco a desejar. As escadas que dão acesso aos poços tinham degraus pequenos, o que exigia cuidado dos visitantes. Para você entrar no poço, algumas vezes, você tinha que pisar em pedras escorregadias.

Mas, o pior de tudo é que o ingresso custava R$ 35,00, mais caro que o Vale da Lua, por exemplo. Paga-se caro e aproveita-se muito pouco.

Como evitar essa roubada?

Muito difícil não cair nessa furada. Lendo as avaliações do Tripadvisor e os blogs de viagem, não teria nenhuma pista a respeito, pois estes só costumam falar bem dessa atração.  Poucos os reviews refletem, de fato, a minha experiência naquele lugar:

“Caro e decepcionante. Fomos esperando uma cachoeira bonita mas a trilha tem uma corredeira com algumas paradas em alguns pontos. Ao final tem uma “cachoeira” que quase não tem queda d’água e é ruim de tomar banho. Poucas áreas de sol. Não vale os 35 reais da entrada.” (Julio Mendes, junho/2019).

7. São Petersburgo: do Aeroporto até o hotel de van

São Petersburgo - Arredores da Estação Moskovskiye Vorota
São Petersburgo – Arredores da Estação Moskovskiye Vorota

Desde 2007/2008, passei a utilizar o transporte público sempre que possível, tanto no dia-a-dia no Brasil (à época morava em São Paulo), quanto nas minhas viagens.

Assim, quando visitei São Petersburgo, na Rússia, procurei uma opção de transporte público do aeroporto até o meu hotel. Em Moscou, por exemplo, existem os trens Aeroexpress que ligam os aeroportos DME, SVO e VKO até uma importante estação da linha circular da capital russa.

Ocorre que, em São Petersburgo, só havia a opção de taxi e de van, segundo o site do aeroporto. Não havia Uber em 2012. Seguindo a filosofia de usar transporte público, optei pela van. Verifiquei onde deveria desembarcar, no caso, nas proximidades de uma estação de metrô que ficava ao lado do meu hotel.

Após descer no aeroporto, sai para procurar a van. A sinalização era muito ruim. Achei, mas infelizmente, a van estava lotada, quase que não havia lugar para ficar. Lá fora caia uma nevasca. Ninguém falava inglês, os balcões de informação do aeroporto estavam fechados, e não tínhamos ideia de quando iria ter outra opção de transporte.

Nesse contexto, decidimos pegar a van mesmo assim. Ficamos na parte de trás junto às malas. Mas, não havia bancos, ficamos sentados nas malas com as pernas em cima de outras malas. Imagine a cena!

A sorte foi que, ao longo do trajeto, foram vagando lugares e pudemos nos sentar de verdade. Mas, como eu iria avisar para o motorista onde devíamos desembarcar?

Sentei-me ao lado de um senhor e disse-lhe o nome da estação “Moskovskiye Vorota”. Ele indicou que não era ali. Começamos a conversar e eu falei algumas poucas frases em russo que sabia. Ele perguntou de onde eu era, falei que era brasileiro. Ele, então, disse que gostaria de visitar o Rio de Janeiro. Próximo ao meu ponto, me fez o grande favor de avisar o motorista.

Nesse ponto, os russos são fantásticos, especialmente, essas pessoas mais simples que você encontra pelo caminho.

Desembarcamos da van. Minha calça estava suja pelo fato de ficar com as pernas sobre as malas. Ao final, paguei o motorista. Ele falou o preço e eu não entendi. Dei um dinheiro e ele devolveu o troco. Até hoje não sei quanto foi a corrida, mas, pelo menos, estava feliz de estar chegando ao meu hotel.

Como evitar essas roubadas?

A melhor opção para não cair nesse tipo de furada é planejar os deslocamentos com antecedência e, obviamente, não fazer economia “porca”.

Num país onde há barreira linguística, como é o caso da Rússia, valia a pena pedir para o hotel providenciar um transporte. Ainda que mais caro, o transporte é mais confiável e te deixará na porta do hotel, sem stress. Às vezes, você pode até incluir o transporte na sua conta da acomodação.

Nos deslocamentos de ida e volta para o aeroporto, na ausência de metrô, trem ou outro meio de transporte de boa qualidade, vale a pena pagar um pouco mais, pois você estará carregando suas malas. Mas, com isso, não estou dizendo que você não deve pegar transporte público. Pelo contrário, recomendo bastante, mas não nessas condições.

Nos aeroportos, só pego taxi se houver balcões oficiais no aeroporto, especialmente, se você puder deixar pré-paga a corrida. Esses taxis oficiais são mais confiáveis.

De fato, mesmo em aeroportos, é importante tomar cuidado com os taxis. Há muitos estelionatários esperando por uma vítima, no caso, o turista que acabou de desembarcar.

8. Um Hotel em Harbin, China

International Snow Sculpure Art Expo, Harbin, China
International Snow Sculpure Art Expo, Harbin, China

Harbin, na China, é conhecida como a cidade do gelo, onde, durante o inverno, acontecem festivais do gelo e da neve. Localizada na Manchúria, região famosa por ter sido invadida pelos japoneses em 1931, Harbin foi um dos destinos turísticos chineses que mais me surpreendeu. Imagine visitar um parque de exposições inteiro, com prédios de quase 50 metros de altura, construídos com blocos de gelos, nos quais você pode subir e escorregar, sem ser cenário de um filme de Walt Disney?

  • Para saber como foi a nossa viagem a Harbin, clique aqui.

Entretanto, nossa escolha de hotel em Harbin foi péssima. Trata-se do Harbin Beibei Holiday Hotel Central, que fica bem próximo à Central Street, o ponto de encontro dos turistas e locais durante a noite.

Harbin Beibei Holiday Hotel Central, China
Harbin Beibei Holiday Hotel Central: uma furada na China

Apesar de muito bem localizado, ninguém falava inglês na recepção. Ainda bem que o guia que nós contratamos nos ajudou bastante na comunicação. Os atendentes também não eram muito simpáticos. Deu para perceber mesmo sem saber falar mandarim.

Além disso, os quartos eram minúsculos e as nossas malas mal cabiam na acomodação. O banheiro também era bem apertado, com pé direito baixo, e o chuveiro sem box acabava deixando tudo molhado após o banho. Mas, o pior era o aquecedor que não esquentava o quarto. Em Harbin, no inverno, faz -20°C a -30°C. Por fim, tive dúvidas sobre a limpeza do hotel e resolvi nem tomar café da manhã por lá.

Como evitar essa roubada?

A principal dica para evitar essa furada é ler as avaliações do hotel no Booking.com ou em outros sites como o Tripadvisor. O turista Lim, por exemplo, fez os seguintes comentário sobre a acomodação no Booking.com (fevereiro/2019):

Péssimo custo-benefício. Gostou · O único ponto positivo é a localização. Isso é tudo . Existem muitos outros hotéis que também estão a uma curta caminhada da rua central de pedestres. Não gostou · Localização sábia mais ou menos. O único ponto positivo é perto da rua de pedestres central. Muito difícil conseguir um táxi para chegar à entrada do hotel. Os funcionários do hotel pediram que você fosse até a rua principal para pegar um táxi sozinho.” (tradução livre)

Por outro lado, bastava ler a descrição no Booking.com para perceber que o hotel era destinado apenas a turistas chineses. Não sei como deixamos passar essa informação.

Para a comunicação, eu utilizaria o app Google Translator. Você pode baixar os idiomas e utilizá-lo no modo off-line. Também é possível usar o microfone para escutar o que o atendente está falando em chinês e o app faz a tradução para você. Você também pode escrever em inglês ou português e o app traduz e fala em chinês para o seu interlocutor.

9. De trem comum entre Hangzhou e Xangai, China

Interior do trem-bala G-7317 entre Xangai e Hangzhou, China
Interior do trem-bala G-7317 entre Xangai e Hangzhou

No final do ano passado, em Xangai, fizemos um bate e volta para Hangzhou, uma metrópole de 10 milhões de habitantes distante 180 km. Foi a primeira vez que viajei de trem na China.

Na ida, pegamos o trem-bala G-7317 (os trens da série G são os mais rápidos da China) da estação central de Xangai até a Estação Hangzhou East (Leste), um pouco afastada da região central. O percurso foi excelente, feito em 1h30 min, e viemos todos juntos (estávamos em 3 pessoas) na mesma fileira. Cada passageiro sentado em seu assento confortável. O embarque se deu de forma ordenada e tranquila.  O ticket custou 13 dólares (+ taxas).

Na volta, entretanto, acabei reservando o trem que parte da estação central de Hangzhou, mais próxima às atrações que estávamos visitando. Estava preocupado se iríamos conseguir retornar a tempo à estação. O preço foi bem mais em conta: 5 dólares (+ taxas). Era o trem Z-282, de uma outra série de trens da China Nacional Railways. A duração era mais longa: 2h50 minutos. Infelizmente, não tenho fotos deste trem para mostrar.

A experiência nem chegou perto à do trem da ida. Pense num “programão”!

Em primeiro lugar, nossos assentos eram separados. Duas pessoas ficaram em um vagão e 1 em outro. Eram aqueles assentos duros, formando conjuntos de 4 com uma mesa ao centro, que estava suja.

Logo no embarque, notei que muita gente saiu correndo para chegar ao trem. Estavam cheios de malas e alguns com sacos enormes, parecendo esses de alimentos a granel, que ficaram “guardados” nos corredores estreitos do trem. O deslocamento no trem era uma corrida de obstáculos.

Muita gente de pé no corredor, quase sem ter onde se escorar. Pareciam pessoas muito simples.  Aparentemente, eles vendem tickets em pé. Havia gente sentada no chão próximo às portas, além de várias malas, sacos e carrinhos espalhados. Se eu não estou enganado, um passageiro resolveu sentar-se no banheiro do vagão.

De vez em quando, aparecia um funcionário da companhia ferroviária e todos tinham que se espremer para dar passagem. Toda vez que entrava ou saia gente do trem, era aquela briga para encontrar um lugar.

Se isso não bastasse, fazia um calor imenso dentro do trem (era inverno por lá), tinha gente falando alto, som eletrônico alto e o trem ainda estava 15 minutos atrasado.

Nós éramos os únicos ocidentais do trem e ninguém falava inglês, nem mesmo os avisos eram em inglês, o que dificultava saber onde estávamos. Não via a hora de chegar em Xangai.

Mas, mesmo nessa muvuca, vemos algumas pitadas de gentileza. Algumas pessoas trocaram de assento conosco. Um senhor, mesmo notando que um de nós estava sentado equivocadamente em seu assento, se dispor a ir a outro.

Como evitar essa roubada?

Para evitar essa furada, recomendo dar preferência aos trens de alta velocidade (da série G). Ainda que você tenha que pagar um pouco mais por isso, ainda que as estações possam estar mais afastadas, vale muito mais a pena. E 13 dólares não é um valor alto para um percurso de 180 km em alta velocidade!

Conclusão

Como deu para perceber, muitos dos perrengues de viagem foram ocasionados por falta de planejamento, por tomar decisões precipitadas ou por tentar fazer economias porcas. Ainda bem que não houve consequências graves. Nessas situações, sugiro manter a calma, o bom humor e agir racionalmente.

É importante aprender com os erros dos outros. Leia os blogs de viagem pois, experiências reais podem ajudá-lo a não repetir os mesmos erros. Além disso, lembre-se que, às vezes, vale pagar um pouquinho a mais para ter um mínimo de conforto ou economizar tempo.

*Créditos da Foto de Capa: José Antonio Alba (Pixabay).


Luciana Mardegan

Médica, 42, apaixonada por pessoas, sabores e novas culturas.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *